A professora aposentada Maria José Rodarte Cintra, procurou a reportagem do Jornal do Sudoeste para desabafar sobre situação vivida por ela envolvendo a empresa Central Park, concessionária responsável pela fiscalização do estacionamento rotativo (zona azul) de São Sebastião do Paraíso. Segundo ela, a empresa está cobrando "valor absurdo" por um estacionamento que ela não teria utilizado e se sentiu "abandonada" ao recorrer a vereadores e prefeitura. Diretor da empresa, Nilson Lopes, alegou que a usuária foi notificada por exceder tempo cobrado e que não procurou agente da zona azul para pagar valor referente ao devido: R$ 1 por 30 minutos de estacionamento.
Conforme conta a reclamante, no último dia 13/3 ela, que mora na zona rural, veio a Paraíso para ir ao banco. Maria José conta que teria estacionado, procurado um agente da Zona Azul como de costume e pago pelo valor de 1h de estacionamento, equivalente a R$ 2. Conta que pediu para que a agente deixasse o papel no retrovisor do veículo. Todavia, ela teria saído cerca de cinco minutos atrasada do banco e, como já havia pago e pedido para que a agente deixasse o papel no veículo, não chegou a ver a notificação e que ao volta a estacionar na segunda-feira (25/3), foi informada de que a placa estava bloqueada.
"Fui buscar saber sobre isto na empresa e fui informada que estava sendo cobrada até as 18h, um valor equivalente a R$ 14 e que eu não devo porque não fiquei esse tempo todo lá. Não sou ladra, tenho nome limpo, graças a Deus. Na segunda, procurei a prefeitura para falar pessoalmente com o prefeito, disseram que ele não estava. Também fui a Câmara e vereadores estavam em reunião, mas acabei encontrando um deles, que disse que não precisava pagar e acabei questionando, já que haviam funcionários desta empresa trabalhando, e acredito que eles não trabalham de graça", ressaltou.
Segundo a aposentada, após procurar Câmara e Prefeitura, ninguém intercedeu por ela, e criticou a atuação política no município. "Ninguém faz nada por nós, eu não confio em mais ninguém, esses políticos estão esquecendo que terá eleição. O Brasil inteiro deveria acordar e não reeleger ninguém. Estou fazendo essa queixa porque não quero pagar por algo que não devo. Meu nome é limpo, não tenho nada nele. É algo que me deixou muito chateada e que poderia ser evitado. Eu não devo isto e não vou pagar, jamais deixaria de pagar algo que eu devo", lamentou.
O QUE DIZ A EMPRESA
O diretor da Central Park, Nilson Lopes, disse que acredita na integridade da cidadã reclamante, mas ressaltou que ela teria ultrapassado o tempo estipulado, ignorou a notificação e não procurou um agente para regularizar o débito pendente, que seria equivalente a R$ 1 para até meia hora de estacionamento. "Foi cometida uma irregularidade, essa cidadã pagou por um período e não renovou", destacou.
Lopes explicou que depois de vencido o prazo, o cidadão é notificado para renovar a área azul, após isto a pessoa tem 10 minutos para efetuar o pagamento. "A notificação foi ignorada, a pessoa estava irregularmente estacionada. Não teria que pagar R$ 14, mas levou multa pelo estacionamento irregular. Este valor, de R$ 14, que está sendo cobrado, é referente ao momento que ela foi notificada até o fim do dia, se tivesse pego a notificação e procurado um ponto de venda ou agente da Zona Azul, ela pagaria R$1 por esse tempo excedente, mas ignorou a notificação e deveria levar a multa de trânsito. Pelo aplicativo da Central Park ela também teria feito esse pagamento", explicou.
CÂMARA MUNICIPAL
O presidente da Câmara Municipal, Lisandro Monteiro, disse que está trabalhando para resolver a situação o quanto antes. À reportagem, ele falou que convocou reunião envolvendo o diretor da Central Park, Prefeitura e Câmara e que, se não tiver um consenso, os vereadores irão entrar com projeto para revogar lei que estabelece a área azul no município. "O único jeito é sentar e conversar", completou.
PREFEITURA
A reportagem também entrou em contato com assessoria de comunicação da Prefeitura questionando o que poderia ser feito para resolver a situação da reclamante, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
POLÊMICA
Na segunda-feira (25/3), o empresário Nilson Lopes, proprietário da Central Park, ocupou tribuna após ser convocado pela Câmara Municipal. Nilson foi categórico ao dizer que não abriria mão de receber esses débitos devidos pelos munícipes, e que não achava justo entrar com ação na justiça e cobrar esses valores da Prefeitura, já que o cidadão que sempre pagou corretamente a zona azul seria prejudicado.
"O que acho errado é que se você não pagou, eu entrar na justiça e cobrar do município. E todos aqueles munícipes que já pagaram, terão que pagar novamente. Isso é injusto e o que eu vou cobrar é o valor daqueles que não pagaram o serviço", informou Nilson Lopes, que também disse que deve levar o caso ao conhecimento do Ministério Público.