Falar sobre saúde mental, de quadros como a depressão, ansiedade, o suicídio, entre vários outros, são assuntos que exigem cuidados, mas não podem ser deixados de lado, sobretudo diante do aumento desse tipo de problema no mundo. De acordo com profissionais da área, a dificuldade existe, pois há estigmas e pouca compreensão da sociedade dando margem, com frequência, a visões que carregam preconceito.
Atualmente estamos vivenciando um aumento perceptível do sofrimento psíquico em suas mais variadas formas. Nota-se que a dor física geralmente mobiliza as pessoas a se cuidarem o quanto antes para cessar o sofrimento, mas quando o sofrimento é psicológico as coisas não são tão claras, sempre evoca um mistério, ao qual geralmente as pessoas demoram ou recusam a procurar ajuda, e por vezes acaba agravando o seu quadro.
A forma como desenvolvemos nossa mente vai, desde cedo, criando estratégias para lidar com nossas angústias mais primitivas. Assim, na medida em que crescemos, desenvolvemos também a nossa forma única de lidar com o mundo, passando através do olhar dos pais ou cuidadores. No fundo, sempre reside um sentimento, no qual passamos a vida a criar estratégias para tentar lidar, o que por fim molda a nossa forma de ser no mundo. A partir de nossos desejos e frustrações, formamos também muitos de nossos sintomas, como uma forma de conciliar as nossas demandas com as demandas da realidade externa. E com essas observações passamos a entender que o sofrer participa da estruturação do que vem a se constituir como saúde mental.
Em se tratando de saúde mental, o bem-estar não é reflexo da ausência de sofrimento ou problemas. Existe de forma geral uma ideia equivocada de que a felicidade deve ser àquilo que identifica a verdadeira realidade interior, ou seja, quando estiver feliz sei que sou eu. O que faz muitas vezes as pessoas que se sentem tristes se perguntarem quem são. A alegria, assim como a tristeza, são sentimentos que ajudam a ligar a realidade interior da pessoa ao mundo fora dela, ou seja, há momentos diversos que nos despertam emoções diversas. Poder sentir essa variedade de emoções que a vida provoca, com todos os sabores e dissabores, se permitindo uma vida rica em experiências, pode ser um bom exemplo de saúde mental.
Quando falamos de sofrimento em saúde mental é importante que se busque ajuda profissional, para não esperar que as dores emocionais tomem formas mais severas de sofrimento, ou que o sujeito se ampare em dores conhecidas por medo de enfrentar o desconhecido. Certas dores sempre encontrarão uma forma de serem ditas e se não for pelas palavras será pelo silêncio, pelos vícios, pelos sintomas, outras várias formas que gritam cada vez mais alto. Portanto, é importante que se trate para que o sofrimento possa encontrar novos sentidos e formas menos dolorosas de expressão e que a vida possa ser vivida com a intensidade que lhe valha a pena.
Frederico Teruaky Simosono Grillo - Psicólogo Coordenador da equipe técnica do Hospital Gedor Silveira