Dentro de aproximadamente dois meses, segundo estimativa do gerente comercial do Frigorífico Vale do Paraíso, Túlio Tonin Arantes, containers já estarão saindo carregados da planta daquela empresa com destino a alguns países, iniciando, assim as exportações, inicialmente de miúdos bovinos.
Tempos atrás o Ministério da Agricultura fez modificações nas normas vigentes, de maneira que, antes das alterações existia o Serviço de Inspeção Federal (SIF) para mercado interno e para mercado exterior. Após as mudanças o SIF é utilizado única e exclusivamente para o mercado externo comum, não há nenhuma exigência ou certificação a mais. Como o Frigorífico Vale do Paraíso tinha o SIF ele foi mantido, e seus diretores viram a possibilidade de investir no mercado exterior.
“Estamos ainda no processo de mudanças, muito pouco estrutural, mais operacional na maneira de trabalhar o produto, como fazer, embalar, armazenar de modo a atender as especificações do mercado externo”, explica. Túlio salienta que ainda não foi fechado nenhum negócio, mas é questão de ajuste. “Ajustando o produto estaremos prontos para exportar, para um mercado comum. Não é para a Europa, Estados Unidos, para os quais são exigidas certificações especiais. Basicamente temos autorização e habilitação para exportar para Hong Kong que é um grande mercado, alguns países da África e Arábia Saudita”, informa.
O Vale do Paraíso exportar miúdos bovinos, fígado, rabo, coração, bucho, tendão e alguns produtos que não são consumidos no Brasil, ou que o consumo é menor que a produção, e que no mercado chinês há grande procura e chega até faltar. “Este é um foco inicial para o qual portas estão abertas. Miúdos, é o tempo todo, temos certeza que iremos agregar valores, atingindo um mercado direto, o que tiver consegue-se exportar, enquanto a carne desossada é sazonal, é questão de se analisar época e preços”, afirma Túlio Arantes.
Fora isso há também há possibilidade de se exportar os cortes tradicionais costumeiramente encontrados em açougues brasileiros, produtos que também têm mercado lá, mas a preços muito próximos do que se paga no Brasil, e financeiramente falando não é um atrativo para o frigorífico, mas não se descarta que futuramente também venha acontecer.
“Acredito que dentro de um mês nosso produto estará pronto, como disse, ainda há ajustes a serem feitos. O próximo passo é partir para comercialização que será desenvolvida bem rapidamente. Temos trabalhado em parceria com outras empresas que já atuam no mercado chinês, pessoas que já têm conhecimento, contatos com compradores em Hong Kong. Um mês para produzir e mais um mês para o container ser carregado aqui na planta”, prevê Túlio Arantes.
Atualmente o Vale do Paraíso abate entre 120 a 130 animais por dia, no entanto tem capacidade instalada para abater até 160 animais na planta Mesmo sendo iniciadas as exportações, Túlio afirma que de início o número de animais abatidos continuará como está. O aumento implicaria melhorias estruturais na parte física do frigorífico, e isto não está por enquanto nos planos da empresa. “Claro que com a exportação tende a aumentar o volume de abates, mas nosso planejamento é começar a exportação pequena, dentro do que conseguimos atender e futuramente ir expandindo, melhorando a empresa, mas com os pés no chão. Não adianta ser construído um elefante branco e depois não conseguir manter o negócio. Um passo por vez, e o próximo será aumentar a estrutura física”, enfatiza.
O Frigorífico Vale do Paraíso faz parte do Grupo Cacique. Foi adquirido no final de 2011 e passou a ser operacionalizado em janeiro de 2012. O Grupo Cacique com praticamente 50 anos de existência, congrega cinco empresas. Teve início com uma fábrica de calçados. Depois de algum tempo foi implantado o Curtume Cacique, em seguida veio uma segunda planta para produção de calçados (artefatos), e na sequência a fábrica de móveis finos que funciona junto ao curtume. Posteriormente foi adquirido o Frigorífico.
Nessa trajetória houve o que se chama de “verticalização na produção” a partir do couro no frigorífico que é matéria prima para os calçados ou móveis.
O gado abatido no Frigorífico Vale do Paraíso, segundo diz o gerente comercial, é adquirido cem por cento em Minas Gerais, num raio máximo de 400 quilômetros. “Não é comprado nada no Estado de São Paulo, por questão de tributação que por ser muito alta, inviabiliza o negócio, e de nenhum outro estado por questão logística”.
Túlio Tonin Arantes lembra sempre foram feitos investimentos no frigorífico desde quando foi adquirido, mas no último ano foram intensificados, tanto é que quando houve a certificação pelo SIF a estrutura necessária para a exportação de seus produtos estava pronta.
“Quando foi adquirido sua estrutura era muito precária, até mesmo arcaica. Tivemos que gradativamente ir mudando tudo, desde o local de recebimento dos animais, o setor da indústria, o pátio. Investimentos ao longo do tempo foram fundamentais. É um trabalho que vem de muito tempo, notadamente visando a qualidade do produto, que passa pela seleção de animais para abate, cuidados sanitários, limpeza, higiene que a carne deve ter. Tudo isso faz que lá no final a gente tenha um produto pronto para atender a qualquer mercado, tanto o interno como mercados, açougues, boutiques de carne que tem público mais exigente, e agora o mercado externo”, lembra o gerente comercial.
Túlio afirma que a exportação e o aumento das vendas pelo Vale do Paraíso no mercado interno não foi algo que “caiu no colo”. Demandou muito trabalho, investimentos e respeito para com o consumidor que adquire a carne. “Tudo isso nos proporcionou ter produto e produção que viabiliza qualquer mercado”, conclui.