JÁ TEVE

Paraíso não pode ficar com a pecha de “cidade do já teve”

Por: Sebastião Tadeu Ribeiro | Categoria: Cidades | 04-05-2019 11:17 | 9475
No Cemitério da Saudade em Paraíso já existe sala apropriada para se fazer Necropsia , só falta médicos Legista
No Cemitério da Saudade em Paraíso já existe sala apropriada para se fazer Necropsia , só falta médicos Legista Foto: Sebastião Tadeu Ribeiro

Infelizmente São Sebastião do Paraíso tem sofrido grandes perdas de serviços públicos que têm feito muita e muita falta, pois tem gerado desgastes, gasto financeiro e de tempo, e enfrentar problemas que geram angústia e outros sofrimentos para a população paraisense e da região.

São fatos reais e sérios em que se faz até com um toque de humor, mas também de cobranças de vários paraisenses que sempre repetem, e com total razão, a seguinte frase: “A cidade do já teve”.

Há pouco mais de duas décadas em São Sebastião do Paraíso tínhamos hemocentro, onde as pessoas aptas faziam doação de sangue nas dependências da Santa Casa de Misericórdia.

Atualmente, paraisenses doadores de sangue para fazer esse importante ato de amor e de salvar vidas de seus semelhantes, são obrigados a se deslocarem até Passos ou Ribeirão Preto, para doações. Gera gasto de tempo e dinheiro com transporte de doadores, além da desistência de doadores, pelo fato de terem que ir a outras cidades, pois interfere no cumprimento de suas obrigações profissionais e afazeres no dia a dia.

Outra grande perda que tem gerado enormes transtornos, desconforto e gastos para famílias paraisenses e de cidades vizinhas, é a falta de médicos legistas e a sede de Instituto Médico Legal – IML – em Paraíso.

Para quem não tem conhecimento, há mais ou menos dez anos havia médicos legistas, inclusive, um deles se aposentou, mas reside em Paraíso e continua em atividade, Dr. Gamaliel Lucas Carneiro, especialista em Psiquiatria, e que prestou relevantes serviços como legista na região.

Na época não havia necessidade de corpos de pessoas que vinham a óbito, terem que passar por necropsia em Passos, e como tem ocorrido com frequência, serem levados até Formiga, a mais de 200 quilômetros de Paraíso

Conforme informações obtidas pelo Jornal do Sudoeste junto a Nelson Bogas Sanches, proprietário da Funerária Funpar, o custo para se levar um corpo de Paraíso para necropsia em Formiga, fica muito caro para a família. As que têm plano funerário com sua empresa, se por uma fatalidade houver a necessidade de transportar corpo até Formiga o conveniado terá que arcar com o gasto de R$ 1.000,00. Se não houver convênio a despesa será de R$ 1.600,00 isto é, somente com o transporte.

Há ainda outros inconvenientes, ou seja familiares terem que esperar mais de 15 horas para a liberação de um corpo naquela localidade. Aconteceu porque em Passos um legista estava em férias e o outro, devido à escala, estava de folga. Quando isso ocorre, familiares e amigos têm pouco tempo para velar seus entes queridos, explica senhor Nelson.

É lamentável, triste, desgastante e revoltante quando acontece esse tipo de atraso. Ninguém merece esse sofrimento e humilhação, disse Nelson Bogas.

Seria de bom grado que representantes políticos, prefeito Walker Américo, Câmara Municipal e o represente de Paraíso na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Antonio Carlos Arantes se unirem e abraçar esta causa, trazendo de volta médicos legistas para São Sebastião do Paraíso. O município é sede da 4.ª Delegacia Regional de Polícia Civil, pode e deve ter o serviço de necropsia regional, que, como se sabe, já teve.

Nelson Bogas era auxiliar, e conforme explica, não cobrava pelos seus serviços. Ele promete, que o serviço sendo restabelecido em Paraíso, com a maior satisfação fará novamente seu trabalho como auxiliar, de graça. “Tenho as ferramentas necessárias”, explica.

Uma sugestão é para que enquanto o Estado não pode custear sozinho as despesas com a reinstalação e funcionamento do IML em Paraíso, o custo seja dividido proporcionalmente com o Estado e demais municípios que pertencem a 4.ª DRPC. A sala para necropsia existe no Cemitério da Saudade, e também na Funerária Funpar.

A necropsia é necessária quando a morte não foi por causa natural ou houver suspeitas a serem averiguadas, além de casos de suicídios, afogamentos, homicídios, acidentes, ou, exames de corpo de delito em pessoas vivas que sofreram agressões, dentre outras.

Paraíso não pode ficar com a pecha de ser “Cidade do já teve”, incluindo serviços públicos, prestadores de serviço, comércio ou indústrias. Por exemplo mais recente, o fechamento da indústria Producol que encerrou suas atividades em Paraíso e parte foi transferida para São Tomás de Aquino, onde já havia uma filial.