Sindicatos de trabalhadores de São Sebastião do Paraíso realizaram na sexta-feira (10/5) no auditório da Libertas Faculdade Integradas, o 1º Seminário Paraisense de Valorização do Trabalhador. O evento contou com a presença de aproximadamente 150 pessoas de Paraíso e cidades da região, entre elas São Tomás de Aquino, Passos, Itamogi, Guaranésia, Guaxupé, Jacuí, Monte Santo de Minas, Cássia, Varginha, Pouso Alegre, Alfenas.
O público foi composto por professores e outros trabalhadores da educação, trabalhadores rurais, trabalhadores das diferentes atividades do comércio paraisense, trabalhadores da movimentação de mercadorias, costureiras e profissionais das diversas indústrias da cidade e região. Também estiveram presentes vereadores de São Sebastião do Paraíso, Guaranésia, Guaxupé e Alfenas.
O professor, mestre em educação escolar e presidente do SindEduc, Cícero Barbosa, ministrou a palestra intitulada “as consequências da intensificação do trabalhador”. No entanto, a principal discussão da noite foi a mesa temática “As consequências da reforma da previdência na vida do trabalhador”, que contou com a participação do deputado federal Reginaldo Lopes e da deputada estadual Beatriz Cerqueira. Os deputados apresentaram os principais aspectos da reforma e como ela impactará na vida do trabalhador, sobretudo as mudanças que serão acarretadas na contagem do tempo de serviço dos trabalhadores para fins de aposentadoria.
A deputada Beatriz Cerqueira ressaltou preocupação com o modo como os professores devem ser prejudicados com a reforma. De acordo com a deputada, “ professores e professoras terão que trabalhar mais 15 anos para conseguirem se aposentar integralmente”. Além disso, Beatriz frisou que os maiores prejudicados com a reforma serão os professores das redes particulares, pois segundo ela essas escolas normalmente optam por profissionais de idade mais nova e, assim, aqueles profissionais mais idosos devem ficar propensos a não se aposentarem devido aos constantes desligamentos das escolas ao longo da carreira.
Na visão do deputado federal Reginaldo Lopes, a reforma visa tirar recursos financeiros preciosos para aqueles cidadãos que possuem baixa renda. “A reforma como está proposta poderá em um curto espaço de tempo aumentar as desigualdades sociais no Brasil”, afirmou. Lopes, que é economista e especialista em administração pela Universidade Federal de São João Del-Rei e deputado federal desde 2003, ressaltou que se o governo federal de fato quiser cortar privilégios há outras formas para se fazer isso. Ele citou a taxação das grandes fortunas como um dos caminhos para gerar a arrecadação proposta pela equipe econômica de Bolsonaro e também disse que os diversos incentivos fiscais concedidos às grandes empresas acabam por influenciar na baixa arrecadação alegada pelo presidente.
Finalizando, o debate foi aberto aos participantes do evento para que pudessem fazer seus questionamentos. O público se mostrou muito preocupado com as mudanças previstas no texto da reforma e com a forma que os trabalhadores estão sendo atacados nos discursos reformistas. Cerqueira e Lopes destacaram que a participação e reivindicações dos trabalhadores pode ser uma alternativa para melhorar o texto da reforma de modo que as mudanças sejam menos impactantes na vida dos trabalhadores.
Os deputados também se mostram contrários aos cortes orçamentários na área de educação e afirmaram que estão ao lado das entidades sindicais em suas reivindicações. Ao finalizar o evento, o professor Cícero Barbosa destacou que a união dos sindicatos de trabalhadores é de extrema importância para que a população tenha melhores condições de trabalho, de vida e, sobretudo, para que suas reivindicações sejam capazes de garantir condições de aposentadoria de forma justa e sem exploração daqueles que efetivamente trabalharam. Cícero agradeceu a presença e participação de todos e informou que outros eventos voltados para trabalhadores serão realizados ao longo do ano.
REALIZAÇÃO
O evento foi idealizado pelo Sindicato dos Servidores da Educação Pública Municipal (SindEduc) e contou com o apoio institucional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, da Federação dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias de Minas Gerais (FETRAMOV), do Sindicato dos Empregados do Comércio de Passos, do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (SindUte), Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Vestuário de Passos, e teve ainda o apoio da Faculdade Libertas, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, e do Grupo de Estudos e Pesquisas em políticas públicas, gestão e tecnologias educacionais da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG/Passos).