• DOS LEITORES •

À mestra MARIA EULINA, com carinho

"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver aqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais..." Rubem Alves
Por: Redação | Categoria: Cidades | 25-05-2019 11:37 | 837
Foto: Reprodução

Dona Maria Eulina é uma professora inesquecível! Sua autoridade de mestra chegava à sala de aula antes dela. Impostava a voz com desenvoltura e ia nos desafiando a desvendar os enigmas impostos pela formalidade da Língua Portuguesa e o encantamento da arte da palavra escrita pelos grandes mestres. Era impossível não reparar no bom gosto ao se vestir, na preferência pelas saias bem cortadas, blusas de seda, meias e sapatos charmosos, echarpes que valorizavam ainda mais seu estilo clássico e presilhas no cabelo que lhe davam um ar jovial. À medida que a professora ministrava suas aulas, tornava-se evidente seu refinamento não só com os modelos que vestia, mas também com o modo de agir. Obviamente, o que se notava em seu visual era reafirmado por sua postura pedagógica e personalidade marcante e singular.

Austera e paciente, exigente e complacente, grave e sensível, rigorosa e justa, rígida e divertida, parecem atitudes contraditórias, porém é assim que se reconhece uma professora vocacionada e realizada com seu trabalho, no equilíbrio entre a firmeza e a suavidade. Exigia bons resultados e não media esforços para atender às expectativas de seus alunos, que por vezes lhe tomavam como psicóloga, mãe, amiga, confidente, sempre pronta para ajudá-los a encontrar a melhor versão de si mesmos.

Confiança, competência, respeito, responsabilidade, compromisso, determinação e amor ao Magistério serão sempre suas marcas no currículo daqueles que tiveram o privilégio de conviver com ela.

Além dos muros da escola, encontrávamos a mulher à frente de seu tempo. Empoderamento e sororidade, que parecem termos tão modernos hoje, cabem perfeitamente para definir a referência feminina que se fazia respeitar perante a sociedade. Fez suas escolhas com precisão e assertividade, sempre apoiada nos valores da família e do trabalho. A idade madura lhe trouxe a certeza de que os laços de amor e de amizade são o nosso maior legado.

Para aqueles que não acreditam nas coincidências e sim nas evidências, seus olhos foram fechados em 21 de Maio, Dia do Profissional de Letras, propício e justo com aquela que acreditava no poder transformador e humanizador das palavras.

Para Rubem Alves, o ato de educar é uma semeadura e os professores são multiplicadores de esperanças, de sonhos e de amanhãs, quando sabem semear com alegria e acreditam em belos jardins.

Sendo assim, somos obrigados a reconhecer a falácia da sabedoria popular "Ninguém fica para semente"! Dona Maria Eulina espalhou suas sementes e elas continuam florescendo e frutificando nos vários "jardins" que se formaram nas salas de aula por onde passou.

Em nome de seus ex-alunos, leve muitas flores e se delicie com o perfume impregnado em sua alma!

Cláudia Helena Ferreira do Couto Zanin