GEADA CAPOTE

Paraíso registra "geada de capote" em cafezais no final de semana

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Agricultura | 10-07-2019 09:45 | 19631
Várias lavouras na região da divisa entre Paraíso e São Tomás de Aquino registram queimadas nas plantas
Várias lavouras na região da divisa entre Paraíso e São Tomás de Aquino registram queimadas nas plantas Foto: Reprodução

A passagem de uma massa de ar polar pela região provocou a derrubada da temperatura desde o último sábado (6/7), e provocou geadas no domingo (7/7), e segunda-feira (8/7), em São Sebastião do Paraíso. O fenômeno ocasionou o que é chamado pelos especialistas como "geada de capote" atingindo lavouras no município. Em alguns casos os danos foram mais profundos. "Continuamos fazendo os levantamentos e ainda não é possível ter uma dimensão dos prejuízos o que deverá ocorrer somente nas próximas semanas", admite o agrônomo da Emater/MG, João Bosco Minto.

A queda nas temperaturas foram registradas no sábado, 6, após a chuva registrada na sexta-feira,5, depois de mais de um mês estiagem no município. No entanto, foi na madrugada e no amanhecer de domingo, 7, que foram registradas as temperaturas mais baixas. Na cidade os termômetros ficaram na casa dos 3º com sensação térmica de -1º. Na zona rural, em áreas de baixadas e regiões próximas a represas e correntes de água o frio foi mais intenso sendo registradas mínimas de menos 2 graus.

Uma das maiores preocupações registradas foi com as lavouras de café que sofrem muito nesta época de inverno e que dependendo do grau de comprometimento ocasionado pelas geadas ocasionam grandes prejuízos aos produtores e também seus reflexos são sentidos na economia. Desde a segunda-feira,8, em meio ao clima gelado, produtores, técnicos e agrônomos iniciaram um trabalho de levantamento para avaliar os danos causados nas lavouras.

Toda a zona rural do município está sendo percorrida e inclusive nas cidades vizinhas a pesquisa de campo também é realizada para apurar o grau de comprometimento das lavouras. "Percorri praticamente todas as regiões da zona rural de Paraíso e felizmente os danos não foram tão intensos, como se supunha", afirma o técnico Ilson José Aparecido. Ele ressalta, no entanto, que em algumas áreas foi notada a queima de plantas e certamente poderá haver algum comprometimento para a próxima safra. "Vamos depender de mais alguns dias para termos um diagnóstico completo", avalia.

De acordo com Ilson os reflexos maiores foram em áreas específicas. "Principalmente nas zonas mais baixas e úmidas, elas sofreram queimas mais intensas, mas não é aquela geada severa", comenta. Para ele foram registradas situações distintas em regiões diferentes. "Na maioria das localidades tivemos a chamada "geada de capote" que atinge mais a parte externa e de cima das plantas", descreve. Em alguns casos ocorreu a "geada de canela" que afeta o pé da planta congelando o pé próximo ao solo.

A mesma opinião foi manifestada pelo engenheiro agrônomo, João Bosco Minto, que na manhã de terça-feira,9, estava na zona rural de Itamogi. "Vim de Paraíso até aqui e não percebi nenhuma anormalidade nas lavouras. Temos notícias que em outros municípios na região de Jacuí os danos foram mais intensos", comenta. Ele afirma que o levantamento continua sendo realizado nos próximos dias. "Somente nas próximas semanas teremos um resultado mais efetivo sobre os danos causados e suas consequências", anuncia.

Para Ilson José o trabalho que está sendo feito neste momento é de assistir aos cafeicultores. "Tenho feito um trabalho mais no sentido de instruir o produtor no que fazer e não para medir as perdas. Acredito que a partir de agosto a setembro já será possível ter um panorama para tomar atitudes. Agora é avaliar se é preciso alguma medida para evitar a ação de fungos e bactérias, se pulveriza ou não, é mais uma ação preventiva", comenta. Ele ressalta, no entanto, que historicamente as geadas drásticas ocorrem entre agosto e setembro.

Como neste ano o Brasil está sob efeito do fenômeno El Ninõ ainda não há informações sobre possíveis novas geadas. "Diferentemente de anos anteriores temos agora escassez de notícias neste sentido que os órgãos de metereologia não estão falando muito disso, com a devida antecedência", declara. Ainda assim a recomendação é para o produtor ficar atento para não ser pego de surpresa.

Levantamentos continuam sendo realizados, contabilizando eventuais prejuízos nas regiões produtoras de café