Dia desses pensei entrar em contato com Haroldo Figueiredo e lhe propor montagem de uma apresentação no belo Teatro ACISSP. Daria o palpite alinhavando a ideia, ficando com ele o critério como colocar em prática.
Seria uma forma de tê-lo aqui, buscar uma reaproximação, de vez que andava distanciado de Paraíso. Para que a nova geração de paraisenses tivesse o prazer de ver e ouvir o talentoso conterrâneo, aquilatassem o que tivemos a felicidade de ver há algum tempo: um talentoso guitarrista, dentre os melhores que já ouvi.
Adolescente, ele liderou a banda Os Sapos, em São Sebastião do Paraíso, quando da reviravolta nos estilos musicais, influenciado pera geração Beatles e Rolling Stones, principalmente. O Clube Paraisense e a Liga Operária, invariavelmente sempre com salões repletos, e fiel legião de fãs.
Desde essa época Haroldo se destacava por sua musicalidade, dando mostras que o aluno do violonista professor Glicério Ataíde iria alçar voos maiores, como, de fato, alçou. Lidava bem, com maestria em diversos estilos, de música popular brasileira, blues, jazz a erudita.
Formou-se em Medicina e com o passar dos anos assumiu o Laboratório de Análises Clínicas de seu pai, Joínha Garcia de Figueiredo. Antes, porém, logo depois de formado, passou um período nos Estados Unidos onde aperfeiçoou seus conhecimentos em solo, harmonia e improvisação.
Final da década de 1970, ou início da de 1980, assisti sua apresentação no SESC em Ribeirão Preto com a participação de músicos ribeirão-pretanos . Impressionou. Foi seu primeiro contato público com a “Califórnia Brasileira”, onde tempos depois passou a apresentar-se semanalmente em refinado hotel.
Doutor Haroldo não abria mão de seu lado musical, e ainda hoje vendo algumas postagens, constatei o carinho e respeito que amealhou no meio musical, músicos de primeira linha, o chamando de professor.
Tempos atrás ele quis desenvolver projeto musical abrangente em nível de município, aqui em Paraíso. Infelizmente não lhe foi dada a devida atenção. Coincidência, ou não, mudou-se para Alfenas onde exercia suas atividades em seu Laboratório de Análises.
Na noite de quarta-feira (8/4), postei comentário na página da Gazeta Paraisense (dirigida pelo professor e escritor Luiz Carlos Pais) no Facebook, onde foi estampada foto do contabilista e ex-vereador em Paraíso, Luiz Cortez. Relatei ter sido ele dinâmico presidente da Sociedade Beneficente Recreativa Operária, Liga, a reativando de maneira brilhante na década de 1960.
Haroldo interagiu, comentando que Luiz Cortez “foi muito bom”, e prestigiou Os Sapos, assegurando ao conjunto musical contrato de apresentação por um ano.
Treze horas depois das postagens, recebo a informação que Haroldo havia falecido, acometido por fulminante infarto.
O projeto de sua apresentação no Teatro da ACISSP, não chegou a ser proposto, pensei que seria numa prosa futura.
Eu não imaginava é que Deus iria requisita-lo, tão cedo, para um Concerto Celestial.