A situação vivida, provocada pelo coronavírus, tem motivado a classe empregadora no município a tomar medidas de contingência para conseguir manter seus negócios funcionado. Diante disto, demissões e afastamento, assim como em diversas cidades da região e no restante do Brasil, têm sido feitos como medida para manter a viabilidade das empresas e indústrias a continuar funcionando. Todavia, dados divulgados pelo IBGE já apontavam um aumento de 11,6% do desemprego no Brasil mesmo antes da crise ocasionada pela COVID-19.
O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso, Ailton Rocha de Sillos, comenta que não é possível se falar em números absolutos, mas reconhece que a situação é difícil para todos. Ele destaca a importância de valorizar a saúde e seguir recomendações dos órgãos sanitários, mas destaca que é preciso pensar também nos setores econômicos, bem como em mantê-los para garantir a subsistência de famílias.
“Cada dia que passa está mais difícil dos empresários, principalmente o pequeno empresário, em se sustentar. Nossa saída tem sido as Federações de Comércio, que tem reivindicado junto ao Governo soluções. São centenas de associações comerciais enfrentando o mesmo problema. Em Paraíso não é diferente das demais associações do interior, todas enfrentam situação similar”, destaca.
Conforme Sillos, uma pesquisa realizada pela Federaminas chegou à conclusão de que mais uma semana entre 50 e 60% das empresas terão que parar de funcionar uma vez que não darão conta de se sustentar e, além disto, pagar funcionário. “Estamos ainda numa situação menos crítica em Paraíso, porque ainda há diálogo entre a Acissp com o Poder Executivo, Legislativo e a própria comunidade”, ressalta.
O presidente da Associação Comercial comenta que é um dos integrantes do Comitê do Covid-19 em Paraíso e que este está acompanhando o que tem acontecido no Estado. “O grande problema é o recurso na mão do empresário. Tudo o que for feito, ainda não resolve o problema, como protelar dívidas, reduzir impostos, é preciso chegar recursos na mão do empresário para que ele consiga manter a empresa funcionando e sobreviva. O BDMG tem feito um ótimo trabalho nesse sentido. Todavia, o empresário precisa ter uma contrapartida”.
Sillos conta que a maioria dos empresários, principalmente os pequenos, tem déficit e é difícil se relacionar com os bancos desta maneira. “Cada dia que passa a situação é mais crítica, mas temos nos mobilizado em busca de soluções. Faço parte da diretoria da Federaminas, e o nosso presidente está muito atento à situação. Se não for a união das forças das Federações e da política, dificilmente vamos conseguir algo. A tendência agora é fechar as empresas, o que preocupa bastantes”, lamenta.
Todavia, o presidente da Acissp enxerga com otimismo e acredita que as medidas que vêm sendo tomadas pelo município amenizam um pouco a situação. “Temos que fiscalizar para garantir o cumprimento das medidas de segurança. Os mercados, por exemplo, alguns estão trabalhando muito bem, outros não têm oferecido a segurança necessária e a população também não colabora. É uma situação muito difícil, mas Paraíso não foge da realidade do restante do país”, avalia.
“A Associação está fazendo o possível. Adquirimos mais de três mil máscaras para distribuir, mas nossa capacidade para apoiar é muito limitada. Todavia vejo que a solução possível nesse momento é as pessoas mais velhas ficarem em casa, deixar o comércio não essencial liberado, mas com muito cuidado, respeitando todas as recomendações, porque se fechar a situação piora para todos”, acrescenta.
Em reunião com representantes de outras Federações, o presidente da Acissp tomou conhecimento que estas têm sido muito pressionadas, principalmente pelos pequenos empresários. “Muita gente está com dificuldade de pagar até o próprio aluguel e em honrar com compromissos, e em algumas cidades não há nada funcionando. “Na última reunião que a Federação teve com o governador Romeu Zema e prefeitos, ficou decidido que serão feitas orientações a esses empresários, porque muitos até hoje não abriram seus estabelecimentos. Será feita uma cartilha orientativa de como funcionar”, acrescenta.
O presidente da Acissp manifesta sua preocupação em relação o atual cenário e destaca que a recessão já está chegando aos comércios essenciais. “A população está começando a perder o poder aquisitivo, o fato desses comércios estarem abertos não quer dizer que estão vendendo mais, pelo contrário. A recessão é grande e as consequências serão sentidas por todos. Todas as Federações de Comércio estão tentando fazer sua parte, o momento agora é esperar e cada um fazer sua parte”, completa.
EMPRESÁRIOS
O empresário Társio Matheus, das Mandiocas Matheus, comenta que para enfrentar a atual situação vivida pelo coronavírus, a empresa precisou fazer algumas demissões para resguardar a saúde financeira da empresa, no entanto destaca que se tivessem tido mais apoio do município, a situação poderia ter sido diferente.
“Nós tivemos muitos gastos que seriam de responsabilidade do setor público, e vários empregos teriam sido poupados, exemplo, a empresa teve que fazer aquisição até de máquina patrol para conservação das estradas, mediante a alta necessidade de estradas com perfeitas condições de tráfegos de veículos pesados. Sem contar no alto custo que a empresa teve nos últimos anos com a manutenção das estradas, a prefeitura ajudou em uma pequena parcela, mas se tivesse um apoio maior, certamente empregos seriam poupados, então de nada adianta agora nesta crise querer mostrar as empresas que tiveram algumas demissões, pois deveriam ter um trabalho maior na gestão em dar uma sustentabilidade maior aos empresários paraisenses”, lamenta.
A reportagem do Jornal do Sudoeste tentou ouvir diretores outras empresas de grande porte no município que também teriam feito demissões a fim de reduzir custos e manter a empresa funcionando, mas não quiseram se manifestar sobre a situação.
Em relação a números concretos a assessoria de comunicação do Ministério do Trabalho informou que os dados de março e abril não foram consolidados e que a atualização dos números divulgados no CAGED estão suspensos por período indeterminado.