CRÔNICA HISTÓRICA

Coronel José Honório Vieira (1926)

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 05-05-2020 17:00 | 2219
Coronel José Honório Vieira - Fazendeiro e líder político em São Sebastião do Paráiso, na década de 1920 - Fonte: Acervo do Autor.
Coronel José Honório Vieira - Fazendeiro e líder político em São Sebastião do Paráiso, na década de 1920 - Fonte: Acervo do Autor. Foto: Reprodução

Em meados de maio de 1926, jornais de Belo Horizonte e de São Paulo publicaram notícias sobre os eventos políticos de São Sebastião do Paraíso, polo cafeeiro do Sudoeste Mineiro. A chamada política do café com leite estava apoiada pelas lideranças dos coroneis da extinta Guarda Nacional, fazendeiros mais abastados da região. O principal assunto daquele momento era a renúncia do coronel José Honório Vieira, conhecido como Rei do Café de Minas, da presidência do diretório local do Partido Republicano Municipal. O alto escalão da política nacional queria saber se estaria ocorrendo divergências entre José Honório e outras líderes que também detinham a patente de coronel.

Foi nesse contexto que o Diário da Noite, de São Paulo, noticiou: “O coronel José Honório, que até há pouco comandava a política de São Sebastião do Paraíso, endereçou-nos uma carta, explicando ter abandonado a presidência do Partido Republicano Municipal por necessidade de “repouso pessoal”, dando explicações de sua decisão pela imprensa. Mas como o veterano político tinha excelente saúde, aguardava-se o seu pronto restabelecimento para o retorno à cena política. Por outro lado, havia especulação sobre a organização de uma outra legenda, que receberia a denominação de Partido Republicano Mineiro.

Natural de Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo, José Honório Vieira casou-se com a Mariana Vieira Palma, a 27 de maio de 1886. Fixou residência em Paraíso, onde constituiu numerosa família. O fazendeiro abastado se tornou o maior produtor de café da região, proprietário da Fazenda Sapé, onde mandou construir uma estação da Estrada de Ferro São Paulo e Minas, para embarcar sua expressiva produção de suas férteis terras cafeeiras. Era considerado um fazendeiro arrojado, que participou ativamente, em 1927, do congresso que comemorou o bicentenário do início da cafeicultura no Brasil.

Nos anos mais agitados que precederam o início da Era Vargas (1930 – 1945), o coronel Honório Vieira ainda exerceu influência considerável junto aos políticos mineiros. Entretanto, quando acirravam as divergências entre mineiros e paulistas, os paraisenses tiveram que escolher dois caminhos diferentes. De um lado, estavam os que acompanharam o presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, e do outro, os que tentavam acompanhar as lideranças paulistas. Assim José Honório Vieira divergiu da outra frente política local, comandada pelo coronel João Villela de Figueiredo Rosa, que apoiava os políticos mineiros.

Em janeiro de 1929, a imprensa nacional voltou a noticiar as divergências políticas ocorridas do rico município cafeeiro, prevalecendo a divisão entre os lideranças mineiras e os que entendiam ser a política paulista mais progressista para a região. Ficou registrado que, em Monte Santo, a situação “continuava segura” sob a orientação do deputado Waldomiro Magalhães. O mesmo era anunciado em relação aos outros municípios da região. Naquele momento, depois de exercer o cargo de deputado estadual, Noraldino Lima continuava sua trajetória de proximidade com os líderes mineiros. Por diversas vezes, o ilustre poeta foi incumbido de visitar sua terra natal para apaziguar os ânimos locais.

No início da década de 1930, as oligarquias regionais tentaram se adaptar aos novos rumos da política. Mas, os primeiros sinais de mudança estavam anunciados. Já em fevereiro de 1929 foi “reorganizado” um novo diretório sob a liderança do abastado cafeicultor paraisense, tentando acomodar membros do “antigo” Partido Republicano Mineiro. Esse diretório continuou sob a presidência de José Honório, com apoio da família Oliveira Rezende. Para finalizar, em setembro do mesmo ano foi fundado na cidade o “Centro Cívico da Mocidade Antônio Carlos”, tema para motivar outro retorno à história da terra natal.

FONTE: A Gazeta. São Paulo, 12 de maio de 1926.