Com a pandemia de corona-vírus, algumas ações em prol de famílias necessitadas e instituições que prestam serviços assistenciais vêm ganhando força e fazendo muito diferença para a vida daqueles que necessitam de ajuda. Dada à situação momentânea, muitas famílias precisam lutar para sobreviver e, graças a ações solidárias, como a promovida por um grupo de artesãs em São Sebastião do Paraíso, isto tem sido um suporte muito bem-vindo para essas pessoas que tanto precisam de ajuda. Além disto, o grupo também confeccionou cerca de 50 tocas que serão doadas para o asilo.
Conforme a artesã Janaina de Souza Grilo, o trabalho começou de forma muito espontânea, e até então elas não tinham um plano de trabalho, que passou a ser organizado conforme perceberam a necessidade, tudo muito caseiro. Segundo conta, a ideia surgiu no momento em que ainda se questionava a necessidade do uso de máscaras, que atualmente é obrigatório no município.
“A princípio, a Ellen Garcia e a Lucília Garcia fizeram algumas para vendas e doações, e como tenho tecido da minha loja, o Ateliê, doei algumas recortadas para ajudar no processo. Foi a Laura de Carvalho Wutke quem trouxe a ideia de trocarmos as máscaras por alimentos, ela costurando e eu cortando. Deste modo, com tecidos de ambas, fomos adaptando tamanhos e comprando materiais que faltavam e começamos a divulgar”, recorda.
A artesã conta que, assim, cada uma começou a trabalhar na sua casa, conciliando a confecção das máscaras com outros afazeres, mas empenhadas para dar conta da produção com o objetivo de fazer as trocas das máscaras por alimentos. “As pessoas interessadas em fazer as trocas trazem os alimentos, produtos de higiene ou limpeza e combinam: escolhem as opções de estampas que temos no momento e buscam em casa, onde vou organizando tudo na sala, para depois a professora Carol Bonacini fazer as entregas”.
Janaína conta que os alimentos estão sendo destinados a famílias necessitadas que elas descobriram, a princípio, por meio da psicóloga Lívia Alves Ricci, atuante na psicologia social. “Ela tem acesso às famílias necessitadas do município, e outras foram surgindo, e conforme conseguimos formar uma cesta, já direcionamos para aquela família que precisa”, destaca.
Diante disso as arrecadações foram direcionadas também para outras instituições da cidade, como o Asilo São Vicente de Paulo, a Chácara Pedacinho do Céu, o Albergue e o grupo de voluntários que distribui marmitas, o Anjos do Bem.
“Vamos tentando ajudar conforme a necessidade e como conseguimos a ajuda da Ângela Esteves e da Gisele Rodrigues nas costuras, também doamos máscaras para essas instituições e colocamos máscaras junto das cestas básicas. Também, com a ajuda da Valdeisa Maria Silva Carvalho, mãe da Laura, estamos conseguindo fazer uma quantidade maior, uma parte irá para as pessoas que ficam no Albergue para usarem durante o dia, e vamos mandar mais para o asilo, também mandaremos tocas de tecido para reutilizarem”, acrescenta.
Até o momento, Janaína conta que conseguiram sete cestas básicas para as famílias. “Além, claro, das doações de algumas coisas de maior necessidade para às instituições; às vezes, aparece alguém necessitando de algo na porta de casa e entrego algo temos como macarrão. A cada coisa que chega para mim ou para Laura é uma comemoração, é uma mensagem de logo teremos mais uma cesta”, ressalta.
Janaína conta que um pouco do sentimento dela, e segundo destaca de todas as outras voluntárias, era de incômodo diante da diferença social e as dificuldades enfrentadas por muitas pessoas. “Com a pandemia tudo se tornou mais visível e palpável. E juntando o pouco que cada uma tinha e podia fazer, com as máscaras conseguimos chegar a mais pessoas que também tinham esse incômodo e queriam fazer algo”, conta.
“Agradecemos muito a todos que ajudaram e ajudam, com a troca, com doações voluntárias, por divulgarem, por estarem na linha de frente. Não sabemos quanto tempo isso vai durar. A pandemia dá sinais de que vai durar mais do que todos do mundo acreditam e gostariam. Então, creio que enquanto tivermos tecidos, linhas, elásticos e saúde, vamos fazer máscaras ou ajudar de outra forma se for possível”, ressalta.
Além disto, Janaína Grilo ressalta que nada é desperdiçado, e que os retalhos e pedaços pequenos de tecidos que sobram, o material será usado fazer enchimento para caminha de cachorros. “Alguns maiores estão sendo doados para Lizandra Aguiar, que está restaurando bonecas para o projeto dela e do marido, que no final do ano levam brinquedos para as crianças, essas que pedem muito por bonecas”, acrescenta.
OUTRAS AÇÕES
O grupo também já confeccionou 50 tocas com máscaras que serão destinadas para o Asilo, já que é uma parte dos EPIs que também estão em falta. “Também mandamos para as profissionais que trabalham na limpeza do albergue, para que elas se protejam e protegem aos que passam a noite lá. Surgiram também as máscaras que estamos no momento confeccionando para o dia da ‘campanha contra a violência de crianças e adolescentes’, que tem uma flor como símbolo que estamos desenhando a mão”.
O projeto faz parte da Campanha Faça Bonito - Campanha de prevenção e combate à exploração e violência sexual de crianças e adolescentes.
“Serão distribuídos para os profissionais que atuam na área e para as pessoas que enfrentam o problema. É uma forma de chegarmos até essas pessoas também é mostrar que elas não estão sozinhas e estamos ajudando a protegê-las. Nessa campanha os materiais foram doados por pessoas do projeto e nós doamos a mão de obra.
Também estamos fazendo outras ações, minha mãe hoje conseguiu feijão, carne, e linguiça e está fazendo caldo de feijão para levarmos para geladeira solidária, o que sempre tentamos fazer”, completa.