A colheita do café começou em propriedades do Sul de Minas alguns dias antes do previsto, por conta de condições climáticas. O cafeicultor Marcelo Pimenta, de São Sebastião do Paraíso, disse ter iniciado a colheita em sua lavoura nas variedades mais precoces, mesmo que apresentem ainda grãos verdes. Quantos preços ele acredita que ainda há espaço para melhores ganhos para o produtor.
"Hoje as coisas mudaram muito, evoluíram, em todos os sentidos. Temos diversas variedades de café na propriedade, umas mais precoces, outras mais tardias. As mais precoces ainda não estão no ponto ideal de colheita, mas já estou colhendo com máquina, porque se ocorrer uma chuva irá derrubar muito café, então é preferível perder um pouco na qualidade, colhendo alguns grãos verdes, que deixar alguns grãos cereja tomarem chuva e caírem, isso é inevitável. E há previsão de chuva para este sábado (23/5)", disse Marcelo Pimenta, ao lembrar que após chuvas há aceleração na maturação.
Em sua propriedade, 90% é colhido com máquina. Colheita manual somente em lavouras novas, primeira, no máximo segunda carga.
Com relação à pandemia, logo que houve a divulgação alertando para riscos de contaminação, Marcelo determinou aos funcionários que no dia seguinte não fossem trabalhar. "Eu e o administrador da fazenda fomos para lá, para ver o que poderia ser feito. Um pouco mais calmo, decidi que não havia como ficar cem por cento parado. Tomamos todas as precauções, todos distantes, cada um em seu setor, tomando cuidados necessários com álcool gel, mascaras, desinfetantes. Tudo o que é possível ser feito em uma propriedade rural, estamos tentando fazer o que manda o protocolo".
Sobre o preço que melhorou consideravelmente nos últimos dias, Marcelo Pimenta afirma não ser especialista, mas acredita não haver café para ser comercializado agora. "Poucas pessoas têm café "na mão". Eu mesmo não tenho mais nada de colheita passada, e é uma tendência normal, já há alguns anos durante a colheita café está tendo preço, principalmente café de qualidade".
"Os custos estão altos, principal-mente para quem não se preveniu, ainda não comprou defensivos, fertilizantes, com esta alta de dólar vai complicar bastante o custo de produ-ção do café. Acho que tem espaço para subir o preço do café, e repito, tem que se preocupar bastante com qualidade, porque se consegue diferencial, produzindo cafés espe-ciais", enfatiza.
Marcelo Pimenta lembra que o café de varrição inevitavelmente terá preço mais baixo, que no ano passado representou 30%. Salienta que produtores estão descapitalizados, e espera que ao final da colheita sejam realizados bons negócios, apesar de que cafeicultores têm utilizado o sistema de venda futura, que de alguma forma garantem bons preços.