Com a chegada do inverno a população em situação de rua é a mais afetada pelas baixas temperaturas e a que acaba sofrendo mais neste período que costuma ser de frio mais rigoroso, principalmente durante as madrugadas. Desde que assumiu a operacionalização do albergue noturno em São Sebastião do Paraíso, a Secretaria de Desenvolvimento e Ação Social tem trabalhado para oferecer conforto e, também, para tentar mudar a realidade dessas pessoas. É um trabalho que o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Marcelo São Julião, diz que é invisível, mas também intenso e diário.
Segundo Marcelo, o trabalho de operacionalização do albergue desde o início da pandemia, na busca de diminuir os impactos da doença para esta população, não foi interrompido, bem como as ações de ressocialização dessas pessoas. O secretário destaca que a secretaria busca inserir àqueles que tem vontade no mercado de trabalho e, alguns, inclusive, já deixaram as ruas após serem finalmente empregados.
O secretário aponta que a principal causa para aumento dessas pessoas em situação de rua no município é justamente a busca por trabalho nas colheitas, mas aponta que há também aqueles casos de pessoas envolvidas com bebida e que não querem ser reintegradas às suas famílias.
“Temos realizado os trabalhos de abordagem social a essas pessoas em situação de rua, mas podemos dizer que o número é muito pequeno. As pessoas que estão na rua hoje, fizeram esta opção, porque no albergue mesmo, antes de assumirmos, essas pessoas podiam ficar somente três dias, depois que passamos administração não há mais essa restrição. Tem pessoas que estão lá, acolhidas, desde que iniciamos a operacionalização albergue. Não tem limite de dias, e rebemos todos aqueles que não têm onde ficar, e assim que chegam tomam banho, um café da tarde, às 18, depois jantam, e às 6h tem o café da manhã. Nesse período que eles não estão acolhidos, realizamos toda a higienização do local, lavamos as roupas de cama, enfim, deixamos o local digno para eles serem recebidos novamente, mas claro, seguindo algumas regras como o não uso de bebidas e drogas”, destaca.
O secretário conta que agora, com o frio, e também a pandemia, há essa preocupação a menos com a situação dessas pessoas. Explica que existe algumas parcerias, entre elas com a Chácara Pedacinho do Céu, que também recebe algumas pessoas, mas está atualmente com isolamento mais restrito. “Quando abrem vagas, o pessoal que chega tem um local preparado onde é recebido e isolado pelo período de 14 dias, e se não apresentando sintoma de gripe são recebidos com os demais internos. É uma medida de saúde e segurança para todos. Aqui no Albergue também monitoramos todos os que são acolhidos, verificando se há febre ou outros sintomas, mas até agora ninguém apresentou”, ressalta.
Pelo protocolo, se alguém apresentar sintomas, a pessoa nem chega a entrar no albergue noturno, já é encaminhada diretamente para a UPA e assistida pelos serviços de saúde.
Sobre a restituição dessas pessoas em situação de rua, o secretário lembra que somente agora tem conseguido mandar algumas de volta para suas famílias porque o transporte rodoviário está sendo retomado. “Apesar de que muitos dos que estavam aqui, optaram por ser acolhidos na Chácara Pedacinho do Céu, outros, graças a Deus, conseguimos colocação no mercado de trabalho e conseguiram inclusive sair desta situação que estavam, conseguindo assim se estabelecer”, aponta.
Marcelo lembra que apesar do trabalho da Ação Social não transparecer, o suporte dado às pessoas em situação de rua é muito organizado, mas ressalta que há aqueles que não têm interesse em ser ajudado e, grande parte das pessoas que vemos nas ruas em situação de embriaguez ou pedindo esmola, são moradores da própria cidade que têm, inclusive, endereço fixo.
“Toda vez que recebemos alguma ligação informado sobre alguém que está na rua, prontamente mandamos uma equipe para realizar a abordagem social, para fazer as orientações, o mesmo sobre espaços que vinham sendo ocupados, como casas abandonas e afins, porque precisamos pensar também na saúde desses moradores e doenças, como a tuberculose, é uma das grandes preocupações a afeta muito esta população”, conta.
O secretário destaca que para os próximos dias será realizada uma campanha de conscientização para que a população não dê esmolas, mas que busca informar a Secretária dos casos que tem conhecimento para que a Ação Social possa intervir e buscar melhorar a vida dessas pessoas desamparadas.
“É um trabalho que a população não vê sendo feito, de formiguinha, mas temos trabalhado muito, e principalmente agora com a atual situação, esse trabalho se intensificou ainda mais”, completa.