A volta de algumas celebrações comunitárias dentro da Igreja Católica poderá ocorrer até agosto. O anúncio foi feito na manhã de sexta-feira,19, pelo arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Pouso Alegre, dom José Luiz Majella Delgado. A notícia vem ao encontro à várias manifestações de fiéis que nas últimas semanas vêm cobrando nas redes sociais o retorno das missas, e outras atividades dentro das igrejas, já que estas ações foram interrompidas há cerca de 90 dias com a decretação do estado de calamidade pública devido a pandemia.
A nota foi distribuída por ocasião da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, do Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero e pela situação vivida por conta da pandemia. O comunicado se inicia pregando a unidade com os dizeres de que “somos muitos, formamos um só corpo, e se um sofre, todos os outros participam deste sofrimento”. Por isso, está sendo difícil enfrentar toda essa realidade que se vive por causa da pandemia da COVID-19. Clero, religiosos e fiéis leigos estão sofrendo.
Majella justifica e ao mesmo tempo responde aos questionamentos a respeito da volta das missas. “As portas dos templos se fecharam para as celebrações presenciais, mas a Igreja continua viva em seus filhos e filhas, perseverando na fé por meio de orações nas famílias nutridas pela Palavra de Deus, no uso dos meios de comunicação e das redes sociais para evangelização, nos inúmeros gestos de solidariedade, de espiritualidade e de ações não divulgadas de tantos cristãos leigos e leigas, consagrados e ministros ordenados”, justifica.
Justifica ainda que “a situação de nossos dias exige de todos nós maturidade humana e espiritual para compreender, ou ao menos aceitar, que não se trata de algo simples”. “Aos poucos, avaliando as condições, retomaremos nossas atividades na Arquidiocese, no tempo e no modo que forem possíveis, com muita cautela, cuidando do rebanho que nos foi confiado”, anuncia.
Por decreto, o município de São Sebastião do Paraíso até chegou a autorizar a volta dos cultos e missas, desde que observadas regras de higiene, distanciamento e limitação de pessoas nas igrejas. No entanto, a decisão sobre liberação destes espaços pelo menos na igreja católica depende do bispo. Seguindo orientações das autoridades de saúde, dom José Lanza Neto, confirma que continua avaliando o cenário.
Para a catequista Flávia Helena Eugênio, este é um tempo difícil que deve ser vivido com paciência. “A gente sente falta das missas presenciais, mas tenho acompanhado pelas redes sociais”, cona. No dia de Corpus Christi ela montou com seus filhos um altar em frente a sua casa. “São momentos que sempre vivenciamos e participamos todos os anos e agora foi diferente. Não podemos perder a fé. Faço tudo isso para dar exemplo aos meus filhos e como ocorre há muitos anos em minha família”, diz.
Retomada
Ainda não há uma data definida ou um prazo para o retorno das celebrações comunitárias, mas, segundo a mensagem, já é possível vislumbrar uma possibilidade, o que não exclui precaução e cuidado, respeitando as normas sanitárias. “Para que haja tempo de elaborar as orientações, organizar e adequar nossas comunidades e igrejas à nova realidade, esperamos retomar algumas atividades religiosas até agosto, desde que seja possível, respeitando as recomendações das autoridades sanitárias, especialmente as de cada município”, anuncia dom Majella.
O arcebispo adianta que serão dadas novas orientações, em tempo oportuno, sobre quais atividades eclesiais serão retomadas e os cuidados necessários para isso, considerando as sugestões da CNBB e a realidade da Arquidiocese de Pouso Alegre. Ele ressalta que o Decreto de 18 de março continua em vigor. De uma reunião ocorrida em 9 de junho, houve inicialmente uma avaliação sobre o crescente número de casos da doença na região. “Agiremos na fé e na esperança, sem pressa, como requer a situação, amadurecendo e encontrando caminhos”, pondera.
Uma “Comissão Gestora para Tempos de Pandemia”, formada por religiosos e profissionais da saúde foi criada para ajudar a discernir sobre o melhor momento e os procedimentos sanitários para a retomada de algumas atividades, celebrações e outros momentos de “suspensão”, caso a situação exija. “Não podemos perder de vista o cuidado com a vida do povo de Deus, exigência explícita e clara da ética cristã. A pandemia da COVID-19 é uma questão de saúde pública e, como tal, precisa ser enfrentada, de acordo com as diferentes realidades de cada tempo e lugar”, conclui.
Ainda na quarta-feira,17, o bispo dom José Lanza Neto, da Diocese de Guaxupé, respondendo aos mesmos questiona-mentos dos fiéis, sinalizava para um tempo de espera. “O desejo de todos nós é, certamente, o retorno à normalidade da situação, quer seja na Igreja, quer seja nos demais ambientes da sociedade. Considerando que no cenário apresentado há muitas incertezas, somos impelidos a pedir-lhes notoriamente que nossa diocese ainda se mantenha como está por mais um curto tempo”.
Lanza completa dizendo-se otimista que atento aos sinais dos tempos em breve será possível estabelecer um pronunciamento que seja mais arrazoado. “Diante disso, rogo-lhes, como Bispo desta diocese de Guaxupé, que peçam insistentemente a Deus a cura desta doença, a tranquilidade para as aflições, a paz para os desencontros e a iluminação do alto para as decisões que devem ser tomadas pela Igreja”, finaliza.