POLEPOSITION

O ‘novo normal’ da F1

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 05-07-2020 08:06 | 1558
Entrevistas à distância: F1 tenta se adaptar  ao novo normal em tempos de pandemia
Entrevistas à distância: F1 tenta se adaptar ao novo normal em tempos de pandemia Foto: Divulgação

Com portões fechados, número reduzido de pessoas essenciais entre equipes, dirigentes e jornalistas (apenas dez jornalistas europeus de imprensa escrita foram escalados), a F1 está começando neste final de semana o 71º campeonato de sua história num ano atípico por causa da pandemia que atrasou o início em mais de 100 dias.

Além das arquibancadas vazias, o público da F1 vai estranhar a pequena quantidade de pessoas na formação do grid, e a ausência do pódio. Apenas 40 pessoas por equipe, entre mecânicos e engenheiros, poderão trabalhar nos últimos ajustes dos carros antes da largada. Esse número é metade dos profissionais de cada equipe que normalmente se misturam com pilotos, jornalistas, dirigentes e celebridades nos minutos que antecedem a volta de apresentação. E só eles poderão estar no grid.

Isso é só um pouco do “novo normal” da Fórmula 1 causado pela pandemia e não se pode negar o esforço tremendo que categoria fez e está fazendo para realizar o campeonato. Tanto que até o fechamento desta coluna apenas as oito primeiras etapas estavam confirmadas sendo que dois países, Áustria e Inglaterra vão receber duas corridas, algo inédito.

Por mais que o mundo tenha sido assolado pelo Covid-19 e continua caótica a situação no Brasil, México e Estados Unidos que podem ficar de fora do calendário deste ano, havia uma necessidade emergencial de a F1 realizar o campeonato sob o risco de haver quebradeira entre as equipes. Durante a pandemia a Williams perdeu seu principal patrocinador e está à venda, e a McLaren depois de ter ajuda financeira negada pelo governo britânico, se salvou de um colapso graças ao empréstimo de 150 milhões de libras que conseguiu do Banco Nacional do Bahrein.   

Mas apesar do atraso, dos protocolos de segurança que estão sendo seguidos pelos poucos profissionais escalados para viajar para as corridas – apenas um terço dos cerca de 4 mil pessoas circulam pelo paddock foram escalados, o campeonato começa com a expectativa de boas disputas ainda que pese a necessidade de os pilotos serem mais cautelosos para não se envolverem em acidentes uma vez que todo o trabalho de boxes deverá ser mais demorado que o habitual tanto pelo menor número de mecânicos que terão que usar EPIs, o que por si só prejudica a mobilidade na execução de suas tarefas, como também pelo risco de faltar peças de reposição devido ao calendário apertado nestas oito primeiras etapas. 

A longa pausa que acabou fazendo bem para os profissionais da F1 que puderam descansar como nunca antes, agora estarão submetidos a uma enorme carga de stress já que serão 8 corridas em dez finais de semana, vivendo em pequenos grupos numa espécie de quarentena para evitar o contágio com o coronavírus, e testados a cada 5 dias.

E não foi só a pandemia que mudou a filosofia da F1. A categoria atendeu ao apelo de Lewis Hamilton e saiu da zona de conforto para abraçar a campanha contra o racismo e promover a inclusão e a diversidade no esporte, com o slogan: “We race as one” (corremos como um só). 

O safety car e os carros da McLaren ganharam as cores do arco-íris, símbolo da campanha, e a Mercedes, influenciada por Hamilton, substituiu a cor prata pelo preto em seus carros e uniformes como forma de protestar contra o racismo. Demorou, mas a F1 finalmente acordou para uma causa social graças à luta de seu maior vencedor da atualidade.  

Este será o 33º GP da Áustria, prova que acontecerá também no final de semana seguinte como GP da Estíria. No ano passado a pole position foi de Charles Leclerc, com a Ferrari, e a vitória de Max Verstappen com a Red Bull depois de ultrapassar Leclerc na penúltima volta numa disputa roda a roda em que o holandês acabou jogando o rival para fora da pista e vencer mesmo reclamando de falta de potência do motor.