Um setor que tem sido notado em franca atividade em São Sebastião do Paraíso, é o da construção civil, isso pelo número de construções e reformas que constata cidade afora. Construções boas, de porte, assegurando emprego para profissionais que atuam na área. Segundo informações, em determinados casos, quem eventualmente precisa de algum serviço, tem enfrentado “fila de espera” para a mão de obra.
O Caderno de Construção ouviu empresários ligados ao setor, constatando que principalmente no bimestre junho/julho houve considerável reaquecimento nas vendas e faturamento. Uma das preocupações, conforme demonstraram é em relação a altas de preços por parte de indústrias, que de alguma forma trazem reflexos.
Sílvio Cecchini, sócio gerente da Madeireira Paraisense, proprietário da Cecchini Construtora, salienta que quando começou a pandemia todos ficaram assustados, algo novo, muitas empresas principalmente indústrias demitiram funcionários. No entanto, com “uma quarentena rígida, e as pessoas ficando mais em casa, muitos resolveram fazer reformas, abrir áreas de lazer, áreas gourmet”, e gradativamente tem acontecido o reaquecimento de vendas.
Cecchini lembra que, de igual maneira contribuiu para a retomada do setor, foi medida tomada pelo Governo Federal, baixando a taxa Celic, pois automaticamente os bancos também baixaram taxas de financiamentos, e com isso houve aquecimento de mercado.
“Quando se esperava grande recessão começou o reaquecimento. O problema é que, como indústrias não estavam preparadas, pessoal em férias muitas demissões (há estados que não era permitido trabalhar de maneira nenhuma), até voltarem à produção normal demora certo tempo, então preços começaram subir acima da inflação por haver muita procura. É um problema sério. Com isso a pessoa de baixa renda encontra maior dificuldade em adquirir imóveis. A construção civil e o agronegócio são grandes esteios para a economia voltar crescer”, afirma Sílvio Cecchini.
Segundo Willian Martoni, diretor da Martoni Materiais de Construção, comparando-se o mesmo período em 2019 e 2020, em sua empresa houve crescimento de vendas em janeiro, conforme projetado. No entanto, o faturamento em fevereiro teve queda na ordem de 3% e em fevereiro e de 20% em março. Em abril houve retomada de crescimento, e faturamento tido como “expressivo” em junho.
“Se eu fizer um comparativo entre 2019 e 2020, nos sete primeiros meses o crescimento foi pequeno, mas estamos mantendo a expectativa”, salienta Willian. Segundo ele, há falta de algumas mercadorias, por exemplo, pisos. Nesse caso uma explicação técnica, de vez que fornos de indústrias foram desligados, e somente após 30 dias de novamente ligados, estarão reaquecido e voltam à produção normal.
“Acredito que muitas indústrias também estão aproveitando essa demanda para aumentarem preços . A expectativa é que o crescimento será mantido”, enfatiza Willian Martoni.
Ewerton Mavel, franqueado da Casa do Construtor, proprietário da 3E Ferro e Aço, disse ao Caderno Construção que neste período, no segmento de locações sua empresa aumentou o faturamento na ordem de 20% . “Devido à pandemia locações para pessoas jurídicas caíram um pouco, mas houve compensação com o pessoal que ficou em casa, para manutenções, empresas não ligadas ao setor que também aproveitaram para modernizar estruturas, e deixar tudo novo para a retomada de atividades. Na parte de ferragens para galpões as vendas cresceram na ordem de 15% “, atribuídas a ampliações e reformas feitas por clientes.
Flávio Barbosa, diretor da Eletro Lu Materiais Elétricos e Iluminação, afirma que “apesar da retração sofrida por conta da pandemia, a queda no setor da construção civil se mostrou menor que o previsto”. Segundo ele “o período inicial, entre março e abril foi mais crítico. Por conta das novas restrições de distanciamento social, as incertezas e o medo iminente de contágio, notamos uma queda mais significativa no faturamento. Em maio já percebemos uma estabilização nas vendas, e posteriormente, no último bimestre, tivemos alta no fatura-mento”, explica.
“Importante salientar que houve aumento significativo nos preços das mercadorias em geral. Ainda assim, o crescimento foi maior do que a inflação do período. Há sinais de recuperação econômica no setor. Nossa expectativa é que esta retomada se consolide nos próximos meses”, observa Flávio Barbosa.
O início do recolhimento social e medidas tomadas em março visando conter a pandemia foram pontos críticos na economia, sentidos também pela Casa Michelato Materiais e Artigos para Construção. “Tivemos queda de 10% nas vendas, naquele mês, mas já em junho um aumento de 10% e julho um crescimento de 30%”, explica Alexandre Michela-to, um dos diretores da empresa.
A exemplo de Sílvio Cecchini, Willian Martoni, Ewerton Mavel e Flávio Barbosa, Alexandre Michelato também queixa-se de seguidos aumentos praticados por indústrias e fornecedores.