Meados de 1996, no início da implantação do Parque Industrial II “João Fernando Zanin” em São Sebastião do Paraíso, foi também o marco inicial da empresa MULTIMOV Indústria e Comércio de Móveis Ltda. que tem como diretores os irmãos José D´arc da Costa e Zélia Aparecida da Costa. À época, as instalações de um curtume e uma indústria de calçados já estavam e andamento naquela área ao lado da rodovia que dá acesso a São Tomás de Aquino. Eram obras maiores, e a MULTI MOV, com seus 500 metros quadrados de construção em sua fase inicial, acabou ficando pronta primeiro. Foi a primeira empresa a emitir nota fiscal tendo como endereço o Parque Industrial “João Fernando Zanin”.
“Começamos pequeno, não tínhamos estrutura. A gente foi passo a passo a princípio com clientes menores, tínhamos meia dúzia de funcionários”, conta José Darc. Atualmente a área construída da MULTIMOV é de 4.800 metros quadrados, e antes do início da pandemia, trabalhando em dois turnos empregava diretamente 236 funcionários. Em seu plano de expansão está previsto mais um barracão que terá em torno de dois mil metros quadrados. Não fosse a “pisada no freio” motivada pela pandemia, provavelmente já estaria pronto.
A MULTIMOV tem como foco produzir mobiliários para instalações de agências bancárias e equipamentos para pontos de venda redes de empresas que atuam no comércio a varejo. Em sua carteira de clientes atende aos bancos Santander, Safra, Banco BV. Na rede varejista Casas Bahia (Via Varejo), Magazine Luiza, Rede Pão de Açúcar, Artex, Havaianas são alguns dos clientes que utilizam balcões, expositores painéis de parede, produzidos pela MULTIMOV.
“Trabalhamos sob demanda, de acordo com a programação anual das empresas. Em determinados anos, temos que contratar mais funcionários, terceirizar serviços, ao passo que em outros anos, às vezes é necessário reduzir um pouco o quadro de colaboradores. Tudo depende da evolução de mercado de nossos clientes “, explica José Darc.
Conforme salienta Zélia Costa a perspectiva para 2020 era boa. “O planejamento e adequação que fazemos, é com base em informações e demandas de nossos clientes, de planos de expansão ou reformas quando há troca de mobiliário, no entanto veio da pandemia. Afetou projetos em andamento, e consequentemente houve demissões , pessoal em férias, redução de jornadas, até que passe esse momento passe”, explica. Atualmente a empresa conta com 110 funcionários.
No entanto, segundo José Darc, há indicadores da retomada da demanda por parte dos clientes da MULTIMOV. Ele salienta que em anos anteriores, via de regra nos meses de dezembro e janeiro, redes de lojas não tinham em suas programações ampliações e reformas, diretores e funcionários de alguns departamentos entravam em férias. Pelo visto, sinalizaram que neste ano poderá ser diferente. Como empresas tiveram suas demandas retraídas, a intenção é buscar uma compensação, e há quem afirme, “só não vão trabalhar no Natal e Ano Novo”.
PARCERIAS
O primeiro contrato firmado pela MULTIVOV foi para produzir o mobiliário de uma agência do extinto Banco Noroeste, instalada na rua Major Sertório, em São Paulo. Em seguida firmou com o SENAI, e gradativamente com outros parceiros até os dias de hoje, além de novos clientes, por exemplo, uma rede óticas do grupo Ultrafarma que se instalou em São Sebastião do Paraíso, e que a partir de janeiro irá operar com o sistema de franquia, a nível de Brasil. Dentre os parceiros recentes, há também uma escola de robótica sediada em Divinópolis que tem plano de expansão nacional.
A MULTIMOV tem uma equipe técnica apta a viabilizar desde a concepção até o final do projeto. Boa parte das redes de bancos ou empresas já traz delineado, mas sempre há uma inteiração com a equipe da MULTIMOV que faz sugestões quanto a materiais a serem utilizados, medidas, uma reengenharia conjunta que resulta na redução de custos para o cliente o móvel a ser fabricado.
O êxito nestes 24 anos de atividade vem da visão empreendedora dos diretores irmãos José Darc, formado em Ciências Contábeis e Zélia Costa, bacharel em Ciências Contábeis e Direito, e de colaboradores comprometidos com a filosofia de trabalho da MULTIVOV. Anteriormente José D´arc e Zélia trabalharam em uma empresa do mesmo ramo em São Paulo, a Magarpo, da qual posteriormente se tornaram sócios, cada um com 12,5% do capital social.
Com o passar do tempo venderam suas quotas e entenderam seria hora de ter a própria empresa, José D´arc cuidando da área comercial e execução de projetos, Zélia na parte administrativo-financeira.
A fidelidade conseguida junto a clientes que resultou para a MULTIVOV ter seus produtos em todas as capitais, no Distrito Federal e por incontável número de municípios no País, se deve à qualidade de seus produtos e no fiel cumprimento de contratos. E José D´arc com toda clareza afirma que “qualidade, prazo de entrega não são diferenciais, é obrigação”.
Este é também o princípio que norteia ao se terceirizar determinadas etapas do projeto, como revestimentos, acabamentos, estofados, acrílicos, vidros, adesivos, letreiros entre outras. “Fazemos a estrutura, e confiamos na qualidade do trabalho de parceiros, de vez que selecionamos empresas que têm condições de entrega”, enfatiza o diretor, ao salientar que na maioria os terceirizados são de Paraíso.
MÃO DE OBRA
Com exceção da parte elétrica, a MULTIMOV tem feito o treinamento de sua mão de obra que se tornou setorizada, funções separadas, especializada, bem diferente da época em que o marceneiro com o desenho da peça a ser fabricada, tinha que cortar a madeira fazer relação de corte, entre outras tarefas. O mesmo ocorre no setor de metalúrgica. “Hoje se consegue treinar melhor por especificação, além do uso de tecnologia 3D, leitura de etiquetas a laser, com precisão de décimos de milímetro, ao serem acionados programas”, salienta José Darc.
Ainda sobre treinamentos, Zélia Costa disse de parceria feita da MULTIMOV com a FIEMG por sua unidade em São Sebastião do Paraíso. “Cedemos espaço para cursos teóricos presenciais, inclusive disponibilizando para funcionários de outras empresas que queiram participar, acredito que vai dar muito certo”, salienta. Ela sugere a criação de cursos técnicos no município, com a certeza do aproveitamento de mão de obra. “O foco de jovens tem sido muito direcionados para a informática”, observa.
Os diretores da MULTI MOV defendem a união do setor empresarial. Estamos no mercado e temos que aproveitar mais as oportunidades, precisamos ser mais unidos. “O concorrente é o mercado. Empresas devem buscar o lado da eficiência. A classe empresarial tem em mãos grande potencial e poderia estar mais unida. A pior concorrência é a concorrência burra. Infelizmente alguns empresários olham para o seus umbigos”, diz José Darc.
Ele lembra que a economia do país passa pelas mãos de 67% de médias e pequenas empresas, que geram empregos, é muita coisa, e significa força muito grande, mas não aproveitada.
Para Zélia Costa a falta de união da classe empresarial tem outras consequências. Cita por exemplo, leis e decisões prejudiciais que não são contestadas, e simplesmente chegam para ser cumpridas, como o entendimento do STF que o Covid 19 pode ser considerado doença laboral (adquirida no trabalho), cabendo às empresas provarem o funcionário não foi contaminado no exercício de sua atividade. “Tomamos todas as precauções, não queremos que funcionários fiquem doentes, mas foge ao controle das empresas o que é feito fora do ambiente do trabalho”.
O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de São Sebastião do Paraíso, Ailton Sillos, concordou que a falta de conectividade entre empresários é grande problema, e isso ele vivencia há mais de vinte anos na ACISSP. “Não somam, haja vista campanha que a Associação fez para fortalecer o setor empresarial a custo zero para as empresas, e muita gente não aderiu”.
O presidente da ACISSP destacou o empreendedorismo dos irmãos José D´arc e Zélia Costa, ressaltando que é um orgulho para a ACISSP ter a MULTI MOV como empresa associada, um orgulho de igual maneira para São Sebastião do Paraíso, por proporcionar geração de empregos diretos e indiretos e seu compromisso com o desenvolvimento social, notadamente pelos impostos que recolhe.