A influência do sotaque mineiro nos francanos “A gente também fala UAI”
Por: Selma Braia | Categoria: Cidades | 23-09-2020 02:21 | 2211
Entre a tranquilidade mineira e a agitação paulista, a cultura de Franca é fruto do encontro entre duas culturas bem diferentes. Na divisa entre os dois estados, é na fala do Francano que encontramos o exemplo mais clássico da expressão “café com leite”. O sotaque é essencial para que se identifique a origem de quem fala. Pela proximidade com Minas, a fala francana torna evidente a influência que o estado vizinho exerceu na cultura local.
Certamente, as influências de Minas Gerais são muitas e não se restringem ao modo de falar a língua, mas a vários outros elementos da cultura como a culinária por exemplo. Ainda assim, há aquelas expressões que se tornaram referência quando se trata do “mineirês” de modo geral. Elas são comuns às várias regiões do estado e também marcam presença nas conversas locais. É o caso do uai como interjeição ou da palavra trem substituindo “coisa”.
O dialeto francano também está diretamente ligado com a herança da cultura caipira, ainda muito forte tanto em Minas Gerais quanto em São Paulo. Esses costumes na pronúncia mansa e na junção das palavras contribuem para que se intenda a forma de falar na cidade. Sabemos que o jeito de falar o “r” como em “porta e porteira” é um dado do dialeto caipira. Essa característica está presente em cidades mineiras da região e em Franca, mas não em Belo Horizonte.
Algumas cidades mineiras relacionam a linguagem com a cultura africana banta. É o uso das vogais “i” no lugar do e ou então de “u” no de o.
Por exemplo: quando dizem pulícia ao invés de polícia ou então intender no lugar e entender. Apesar de aparecerem em menor frequência, fazem parte do sotaque de muitos francanos.
“A bem da verdade existe em Franca muitos aquinenses e paraisenses que fizeram da bela e colhedora Franca sua morada”. (Selma Braia)
Resumo do texto da doutora em linguística
Marília Rodrigues
Jornal Diário da Franca - 1º Abril de 2017.
