199 ANOS PARAÍSO

Nossa História – Nossa Gente Igreja de Santa Rita

Por: Conceição Ferreira Borges | Categoria: Cidades | 27-10-2020 12:28 | 1965
Foto: Divulgação

Conceição B. Borges Ferreira (Sãosinha) Historiadora

A Igreja de Santa Rita é pequenina, construída com simplicidade, ficando o sino em um campanário do lado de fora, e não muito longe da Igreja Matriz, em largo, há mais de 120 anos.

Não há registro da data de sua construção, mas um fato histórico nos revela que foi construída no final do século dezenove, nos primeiros anos do século vinte.

Pequenas casas começaram a ser construídas ali, ampliando e embelezando nossa cidade. São Sebastião do Paraíso pertencia à Diocese de São Paulo.

As viagens eram longas, cansativas, mas nossas crianças eram dificilmente crismadas. Nosso povo tinha a grandeza da devoção. Havia necessidade de mais dioceses.

Em 4 de agosto de 1900 a Sagrada Congregação Consistorial expediu o Decreto Pontifício pelo qual foi criada a Diocese de Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais. São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino, dezenas de outras cidades passaram a pertencer à nova Diocese, sendo o nosso primeiro bispo, Dom João Baptista Correia Nery.

Pouco tempo depois a Diocese decidiu promover um importante movimento, visitas pastorais em entrosamento entre Diocese e diocesanos. As visitas seriam programadas, e as paróquias comunicadas com antecedência. As viagens eram longas e demoradas, feitas a cavalo, o meio de transporte da época.

São Tomás de Aquino recebeu a visita pastoral na segunda quinzena de junho de 1908. O Bispo Auxiliar, Dom Antônio Augusto de Assis foi recebido pelo Pároco Elias Álvaro Navarro e o povo aquinense com festas e alegria no coração.

O Bispo passou vários dias na cidade crismando crianças  de São Tomás de Aquino.

Em 1908 era nosso Pároco Dr. Aristóteles Aristodemus Benatti, formado em Direito Canônico, e professor. O dia 25 de junho de 19089 foi importante para a nossa história, a chegada a visita Pastoral.

Os homens representativos de nossa cidade, usando seus melhores ternos e chapéus finos, montados em seus bonitos cavalos foram ao encontro dos visitantes, esperando-os no meio do caminho, entre São Tomás e Paraíso, para desejar-lhes boas vindas. Foi um gesto elegante.

A Igreja de Santa Rita foi escolhida para receber os visitantes. Seguiram juntos, sendo recebidos com palmas, vivas, canto, e a banda de música tocando.

O nosso Pároco, Benat-ti, recebeu oficialmente o Bispo Auxiliar Dom Antônio Augusto Assis em nome de São Sebastião do Paraíso. O Bispo recebeu os cumprimentos das autoridades presentes, do Executivo, Legislativo e Judiciário.

Discursou Dr. José Bento de Assis, Juiz de Direito da comarca. Após as saudações, formou-se uma procissão conduzindo o Biso à Igreja Matriz, onde entrou solenemente para rezar.

Após algum tempo, seguiu para a Casa Paroquial que era na rua Pimenta de Pádua, junto com o povo. Antes de entrar foi saudado pelo jovem advogado, Dr. José de Souza Soares.

Dom Antônio passou sete dias na cidade, crismando nossas crianças. Ficaram felizes, dezenas de novos compadres e comadres, padrinhos de seus filhos crismados.

A chácara grande do senhor Joaquim Bernardes Naves, casado com a senhora Cândida Maria de Jesus Naves, carinhosamente Sá Cândida, não era muito longe da Igreja de Santa Rita.

A família participava ativamente na conservação da Igreja. Tinham os filhos Maria Naves, Antônio Naves, José Naves, Augusto Naves, Francisca Cândido Naves, Olinda Naves, Ge-rardo Naves.

Seus filhos foram se casando, e muito ficaram morando perto da Igreja de Santa Rita. Maria Naves casou-se com Vitório Stefani e tiveram os filhos Dinorah Naves Stefani, casado com José Oliveira da Silva. Tereza Stefani com Pedro Queiros, Augusta Stefani casou-se com Benedita Stefani, Rosa Stefani casou-se com Sebastião Zotte, Antônio Naves casou-se com Ozalia Braga Naves, José Naves casou-se com Carmelita Fenelon Naves e tiveram os filhos, Bartira, Terezinha, Francisco Luiz, Zélia Aparecida.

Augusto Naves casou-se com Benedita Moura Naves e tiveram os filhos José Moura Naves casou-se com Zuleide Naves. Lilian Moura Naves casou-se com Francisco Rodrigues Nunes, Ulisses Moura Naves casou se com Terezinha Naves, Mauro Naves casou-se com Benedita Naves. Francisca Cândida de Jesus casou-se com Carlos Marcos de Oliveira, conhecido por Carritinho, sendo seus filhos, Alda Naves de Oliveira, Irmã Missionária de Jesus Crucificado. Waldemar Naves Oliveira casou-se com Aparecida Bueno Oliveira, Ignez de Oliveira Braghini casou-se com Octavio Braghini.

Maria Margarida de Oliveira Naves casou-se com Carmo Perrone Naves, Marta Naves Oliveira Penha, casou-se com Flávio Penha. Faleceram, Augusto Naves e sua irmã Francisca Naves Oliveira.

Carlos Marcos de Oliveira casou-se com Benedita Moura Naves e tiveram os filhos Maria Imaculada de Oliveira Cortez, que casou-se com Miguel Cortez, Carlos Marcos de Oliveira Filho, casou-se com Gilvia de Oliveira, Maria Regina de Oliveira Ozelin casou-se com Dr. Orivaldo Ozelin.

Olinda Naves Caleiro casou-se com Mario Caleiro e tiveram os filhos, Maria Marly Caleiro Acerbi, casada com Joaquim Acerbi. Maria Myrthis Caleiro, Maria Marisa Caleiro, Maria Marita Caleiro Caran foi casada com José Nunes Caran, Múcio Celso Naves caleiro foi casado com Rhéa Sílvia Magalhães Caleiro. Maria Marice Caleiro de Freitas, casada com Sebastião de Freitas.

Monsenhor Gerardo Naves, um grande sacerdote, poeta e músico. Quando vinha a Paraíso, sempre visitava a Igreja de Santa Rita, perto da chácara que foi de seus pais.

O Pároco, Monsenhor José Phelippe da Silveira tomou posse em 2 de julho de 1914. Sacerdote de grande religiosidade, grande cultura, entusiasmo e dedicação à nossa cidade.

Em 3 de fevereiro de 1916 foi criada a Diocese de Guaxupé, sendo o primeiro Bispo Dom Antônio Augusto de Assis. São Sebastião do Paraíso passou a pertencer à nova Diocese.

O Bispo conhecia a nossa Igreja de Santa Rita, pois foi lá recebido, quando aqui esteve em visita Pastoral em 1908.

No largo da Igreja de Santa Rita morava a família do senhor Teodomiro de Paula, casado com Dona Vicentina de Almeida Paula, sendo seus filhos, João de Almeida Paula, que casou-se com Santa de Almeida Paula. Elza de Paula Belo, casou-se com José de Belo, Terezinha de Paula Gonçalves casou-se com Antônio Gonçalves. Alaor de Paula casou-se com Clélia de Paula, Nair de Paula Grilo casou-se com Otávio Mar-tins Grilo.

Aos domingos havia catecismo na Igreja de Santa Rita, preparando crianças para a primeira comunhão. Uma professora muito querida foi Dona Latife Jorge.

As festas de Santa Rita eram um importante acontecimento em nossa pequena cidade. Após a novena, começava a festa. O largo era enfeitado com bandeirinhas de papel de seda e arcos de bambu. Havia duas barracas, uma para a banda de música, outra para o leilão. Os cartuchos eram grandes e bonitos, cheios de deliciosos doci-nhos e quitandinhas que tinham gostinho de festa.

As cestas com doces eram artísticas e criativas. Os frangos e biscoitos  de polvilho em bandejas grandes chamava atenção. A banda de música enfeitava a festa tão querida pelo povo. Moravam no Largo de Santa Rita a família do senhor Lindolfo Pimenta Nascimento, e a família Cecchini.

Com o decorrer do tempo, as festas acabaram, ficando só na lembrança dos descendentes daqueles que tiveram o privilégio de assistir. O tempo foi passando e a Igrejinha embora sempre visitada pelos devotos de Santa Rita, foi se desgastando.

Em 1965 o prefeito era o senhor Argemiro de Pádua, sendo sua família  devota de Santa Rita. A pedido de sua esposa, ajardinou o largo, que era de terra batida.

Havia necessidade de restaurar a Igrejinha. Pediram licença ao Bispo Diocesano e ao vigário da Paróquia, reverendíssimo Monsenhor Jerônimo Madureira Mancini, e obtiveram aprovação.

Foram reforçadas as paredes, trocadas as telhas e forro, e novos bancos feitos. Quando terminou a restauração o prefeito, sua esposa Efigênia Mesquita de Pádua e seus filhos, Madalena e Raul, levaram a imagem numa grande procissão, colocando-a em seu lugar de honra.

A imagem é linda, de gesso, com 80 centímetros, e substituiu a primeira que era pequena. Por alguns anos foram revividas as festas de antigamente com leilões, barraquinhas e música.

No largo, em frente a Igreja a família do senhor Gumercindo de Carvalho, e do outro lado a família do senhor Jair Fioca, e perto, a família do senhor Galvão de Souza e do senhor Sebatião Costa, entre tantas famílias moradoras ali.

Em 1988 a família do senhor João do Couto mudou-se para a rua Dr. Djalma Dutra, perto da Igreja de Santa Rita. Perciliana Ferreira do Couto, sua esposa, sentia-se imensamente feliz e agradecida por estar morando perto da santa de sua devoção.

Pouco tempo depois procurou o casal de zeladores, senhor Laércio e dona Ione, oferecendo-se para ajuda-los. Depois de algum tempo dona Ione ficou doente e não podia mais trabalhar.

Perciliana se ofereceu para substituí-la e mais de dois anos ajudou o senhor Laércio nos trabalhos, mas ele também ficou doente. Perciliana e sua visinha Maria José, sua Tia Lo-urdes, Marta Naves Penha que sempre ajudaram assumiram a responsabilidade de zeladoras.

Perciliana pensou que seria importante que a Igreja ficasse aberta o dia todo, de manhã até às 18 horas. Tudo ia relativamente bem.  Mas devido a acontecimentos a Igreja teve que ser novamente fechada durante o dia.

Começaram os primeiros passos para a importante reforma. Monsenhor Hilário Pardini se encarregou de divulgar a intenção da reforma da Igreja de Santa Rita. As doações foram chegando na porta da residência de Preciliana e das outras zeladoras. Rifas, dinheiro doado na missa do dia 22, Dia de Santa Rita, impressão de 100 revistas sobre Santa Rita em quadrinhos, vendida, e muitas outras ofertas contribuíram para a compra de material de construção.

Muitos colaboraram gratuitamente com serviços prestados. Em toda reforma surgem problemas inesperados e soluções satisfatórias. O aumento da sacristia por haver uma sobra de terreno no fundo. A Serralheria Barreto providenciou a instalação de grandes de proteção, e Roberto Garcia também serralheiro doou as grades que passaram a resguardar as imagens dentro da Igreja.

A decoradora Ana Luiza Toleto Martins com a ajuda da amiga Ivana Calafiori Queiroz encarregaram-se de adornar as paredes internas com estêncil e barrado com efeito marmorizado. Lourdes Figueiredo Alves Pinto doou uma considerável soma em dinheiro . Mônica Ferreira de Oliveira doou os quadros da Via Sacra, vasos, toalhas bordadas.

As telhas foram trocadas, novos bancos, colocado um pequeno adro exterior, que não tirou a beleza singela original da Igrejinha e foi feita uma pequena saleta para Sacristia nos fundos e pintura nova.

Foi um movimento coletivo dos moradores perto da Igrejinha, devotos de Santa Rita.

Terminado o tríduo, Perciliana e as outras zeladoras foram apresentar balancete e prestar contas ao pároco da época, Padre José Hamilton. Conversaram sobre a possibilidade de promover uma grande reforma na Igreja de Santa Rita. Padre José Hamilton afirmou que iria pensar.

Numa manhã, após a missa chamou as zeladoras e autorizou a reforma. Mesmo sem dinheiro em caixa, a comunidade abraçou a causa. Com a ajuda do povo e de casas que comercializam materiais de construção, conseguiram realizar a reforma, graças a Santa Rita, a Santa dos Impossíveis.

A reforma da Igreja foi iniciada em agosto de 2011 e o término em setembro do mesmo ano. Responsáveis pela reforma Dr. Edson Luiz Duarte, engenheiro civil e Jair Bonfante, bancário aposentado.

A senhora Delma Vani Rogeri é a atual zeladora da Igreja de Santa Rita. Seu trabalho é de grande responsabilidade, pois dele depende o bom funcionamento da igreja. É de sua responsabilidade a parte religiosa e administrativa. É grande devota de Santa Rita.

A pequenina Igreja de Santa Rita tem a poesia da simplicidade e a beleza de nossa história.

É um patrimônio religioso, histórico e social de São Sebastião do Paraíso.