CÃES ABENÇOADOS

Projeto "Cães Abençoados" ajuda no desenvolvimento de crianças com TEA

Por: João Oliveira | Categoria: Saúde | 28-10-2020 10:38 | 1535
A equipe multidisciplinar é composta com auxílio de psicóloga, especialista em Artes Visuais, veterinária e psiquiatra
A equipe multidisciplinar é composta com auxílio de psicóloga, especialista em Artes Visuais, veterinária e psiquiatra Foto: Divulgação

Um projeto sem fins lucrativos, desenvolvido pelo educador físico e especialista em adestramento canino e intervenções assistidas por animais, Rubens Santini Neto, tem feito a diferença na vida de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em São Sebastião do Paraíso. O projeto, batizado de "Cães Abençoados", busca promover uma intervenção assistida com animais, ou seja, ajudando a criança no seu desenvolvimento cognitivo com ajuda dos cães e outros animais como coelhos, pássaros, hamster e peixes.

Desde 2007 quando ainda morava em São Paulo, Rubens já realizava essa intervenção assistida de forma voluntária em hospitais. Mas foi quando se mudou para São Sebastião do Paraíso, e foi contratado pa-ra trabalhar no Hospital Gedor Silveira, que buscou se especializar para ajudar pacientes no seu processo terapêutico. Todavia, após deixar a equipe do Hospital, resolveu embarcar no projeto "Cães Abençoados", oferecendo esse tratamento sem nenhum tipo de custo para as crianças com espectro autista.

"Dentro desta intervenção usamos os animais como "coterapeutas", ou seja, o animal ajuda a quebrar uma barreira que existe entre o terapeuta e o paciente, uma barreira que geralmente leva semanas para se romper", explica.

O projeto conta com uma equipe multidisciplinar composta pela profissional de Artes Visuais e arte terapia Maíra Santini, a psicóloga Amanda Pelúcio, a veterinária Berta Lemos, e o psiquiatra Caio Vieira.

Conforme conta Rubens, antes de iniciar a intervenção assistida, a criança passa pela psicóloga que, por sua vez, fecha o diagnóstico que irá nortear as atividades que serão trabalhadas com cada uma dessas crianças. "Se é uma criança muito ansiosa, por exemplo, desenvolvemos atividades que ajudam no controle dessa ansiedade, mostrando que tudo tem seu tempo e que há regras que precisam ser cumpridas", ressalta.

O projeto está em vias de ter o estatuto da Associação formalizado para compor sua diretoria, e Rubens conta que a busca agora é por parceiros para ajudar a manter o projeto vivo, que é sustentado com a venda dos pingentes de identificação fabricado por ele e de alguns parceiros já associados, entre eles o Gui Kebab, Mafra Tintas e o vereador Vinício Scarano. "É um projeto sem fins lucrativos, e o intuito da associação é buscar esses membros para ajudar na causa", ressalta.

Todavia, Rubens destaca que o projeto, embora no momento esteja atendendo crianças com TEA, o trabalho é aberto àqueles que tenham interesse.

RESULTADO
Com poucos dias de acompanhamento, as mudanças são perceptíveis. É o que conta o jornalista e pai do pequeno Raphael, Ralph Diniz. "Conhecemos o "Bichos Abençoados" por intermédio da Maíra, que é colega de trabalho da minha esposa. Elas são professoras na E.E. Paraisense. Há dois meses, mais ou menos, levamos o Raphael para conhecer o projeto e ele simplesmente adorou", conta.

O jornalista diz que o pequeno Rapha sempre teve receio de se aproximar de animais. "Mas lá, como se fosse por mágica, ele passou a brincar com os cães, os hamsters, os peixes e os pássaros. Ele começou a ficar mais calmo após as terapias. E o resultado foi tão bom, tão imediato, que nós decidimos adotar um cãozinho para servir de cão de companhia para o Raphael. O Rubens está fazendo um trabalho de adaptação com os dois e está dando tudo certo. Eles já são grandes companheiros", ressalta.

Ralph destaca ainda o trabalho que é realizado pelo casal Rubens e Maíra. "Nos impressiona o carinho com que a Maíra e o Rubens realizam esse trabalho. Mesmo sem receber um real sequer em troca, eles se doam demais e isso é muito gratificante. Nós, pais de crianças especiais, nos sentimos muito sozinhos, abandonados - inclusive pela família - e ter alguém que nos estenda a mão como o "Bichos Abençoados" tem feito é como se fossemos abraçados. A terapia não tem trazido coisas boas apenas para o Raphael, e sim para a Mirian e para mim. Quem dera se o poder público olhasse para os autistas e seus pais como essas pessoas olham", completa.

COMO ENCONTRAR
Atualmente o projeto é desenvolvido em local provisório, na rua São José, nº 60, e o contato para quem tiver interesse em conhecê-lo pode ser feito através do telefone/whatsapp (35) 98422-3304.