199 ANOS PARAÍSO

VOLTA DAS FERROVIAS um projeto a longo prazo

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 24-10-2020 16:26 | 345
Foto: Reprodução

Quando na Redação do Jornal do Sudoeste recebi no e-mail a notícia sobre a possível volta dos trens de ferro a circular pelos ramais de nossa região, confesso ter sido tomado por súbita animação. Atentamente acompanhei as informações a respeito do assunto e chamava a atenção que o trecho ferroviário entre Itaú de Minas, Pratápolis, São Sebastião do Paraíso, com destino ao interior do estado de São Paulo, sentido a Ribeirão Preto, estava incluso na malha tida como prioritária para ser retomada. Era bem no início deste ano e o País ainda não havia sido tomado por súbita pandemia, que assim que chegou e se instalou, Brasil à fora mudou os rumos de tudo que se imaginava e projetava para acontecer.

Mais do que um sonho de verão, parecia algo palpável ler aquelas informações e conferir as rotas que deveriam ser ativadas.  Fiquei a imaginar as viagens de outrora, da antiga São Paulo e Minas, posteriormente, da Mogiana. Tantas idas e vindas daqui para a capital paulista, quantas histórias de gente que fez o trajeto naqueles tempos antigos, a bordo do vagão de passageiros. Por longas horas o balanço dos carros no comboio, o apito. Em cada parada nas estações pelo caminho um ou outro personagem novo que se adentrava e a viagem seguia até o seu destino final.

A proposta da revitalização das ferrovias foi apresentada durante a realização do 1º Workshop do Plano Estratégico Ferroviário de Minas Gerais (PEF) quando começaram a ser debatidos os critérios utilizados na priorização e as propostas com potencial de investimentos que atendam às demandas do setor e da população. Foram elencadas 60 propostas, agrupadas por áreas temáticas, sendo 23 de transporte ferroviário regional de passageiros, 15 de transporte de cargas, 11 de transporte turístico, sete contornos e trechos urbanos e quatro plataformas logísticas. O trecho do antigo ramal entre Itaú de Minas a Ribeirão Preto, que passa pelas estações de Itaguaba, Mogiana e Guardinha, em São Sebastião do Paraíso, foi mencionado.

A sétima colocação na relação das prioridades que vão de 1 a 10 foi apontado não como um fator de desmotivação, considerando, que só o fato de ser elencado entre os trechos a serem trabalhados, já poderia ser considerado uma prioridade. A intenção apresentada é de se construir um documento orientador sobre todas as propostas, para que os projetos sejam viabilizados.

Passaram-se dias e semanas e foi quando surgiu a pandemia que está dando novos rumos ao mundo dos negócios. As discussões em torno da retomada e reconstrução da malha ferroviária não ficou esquecida. Mesmo de forma virtual, os debates e as audiências têm ocorrido, envolvendo os mais diversos segmentos.

Da Assembleia Legislativa de Minas Gerais surgem reivindicações para inclusão de novos trechos no plano, mas a questão ainda suscita muito diálogo e entendimento entre os envolvidos.

Em data recente tive a oportunidade de falar com o deputado Antônio Carlos Arantes, que é o 1º vice-presidente da Assembleia, quando o indaguei sobre o assunto. Chamou a atenção a sinceridade do parlamentar ao declarar que “o projeto é para ser desenvolvido a médio e longo prazo”, comentou.

Ele foi além e atribuiu que “muito vai depender de investimentos realizados pelo Governo Federal, precisaremos contar com o apoio do presidente Bolsonaro”, acrescentou. O parlamentar esclarece que existe uma divisão para o atendimento prioritário em relação aos trens de transporte de cargas e aqueles que se destinam a servir ao turismo e condução de passageiros.

A Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras continua realizando audiências e debates para analisar o andamento do Plano Estratégico Ferroviário (PEF), estudo que busca selecionar projetos prioritários para a retomada ferroviária no Estado. O que nos resta fazer à distância é ficar na torcida já que o passo inicial já foi dado e o assunto está em pauta. Houve tempos em que nem se falava nisso e um silêncio profundo tomava conta da questão.

Dois pontos são fundamentais para continuar o sonho. O fim da pandemia e que os debates permaneçam, se intensifiquem e conduza a projetos palpáveis, concretos e exequíveis mesmo a longo prazo.