Atualmente, dos 853 municípios existentes em Minas Gerais, ele é imbatível. Nada menos que 98 têm o santo francês como padroeiro. Destes, oito o homenageiam também em seus nomes. No Brasil centenas de outras cidades veneram São Sebastião. Já “Paraíso” é um lugar mais raro de se encontrar. Presente na Divina Comédia de Dante Alighieri, o Paraíso também tem seu lugar em Portugal, numa antiga freguesia em Castelo de Paiva. El Salvador também tem El Paraiso. Já por terras tupiniquins temos um Paraíso no estado de São Paulo, outro em Santa Catarina, um Paraíso das Águas no Mato Grosso do Sul, uma Bela Vista do Paraíso, Santo Antônio do Paraíso e um Paraíso do Norte, ambas no Paraná, também um Paraíso do Tocantins e as mineiras Santana do Paraíso, São João do Paraíso e claro, nossa São Sebastião do Paraíso.
Assim como no Paraíso de Alighieri, a terceira e última parte de sua Divina Comédia, morar em um “Paraíso” pode soar um tanto quanto utópico. O escritor se amparou em uma alegoria para transmitir sua visão do céu, após penar pelo Inferno e Purgatório. Quase como na realidade, enfrentamos dificuldades, superamos obstáculos, construímos nossa história. Cada cidade também carrega em sua história conquistas, derrocadas, algumas superadas e outras ainda aguardando melhorias ou mudanças radicais. Sempre escuto que nossa Paraíso é a cidade do “já teve”. Realmente, muitas empresas, instituições, tradições se perderam com o tempo. Mas onde isso não acontece? Claro que vemos exemplos de localidades que preservam há décadas, séculos ou até mesmo milênios seus patrimônios, vide as Pirâmides do Egito, única das 7 maravilhas do mundo antigo ainda existente, as Muralhas da China e outros exemplos mais. Enfim, temos sim do que sentir saudade, mas também muito do que se orgulhar. Por falar em séculos, São Sebastião do Paraíso dispõe de algumas empresas ou instituições centenárias que nos enchem de orgulho: Sorveteria Sposito (desde 1911), nossa Santa Casa de Misericórdia e o Tiro de Guerra (ambos de 1917), e a “caçulinha” das centenárias, a Laticínios Aviação (1920). Vale também uma menção honrosa para a quase centenária Carrocerias Mambrini. Isso sem falar também no maior patri-mônio imaterial da cidade, as tradicionalíssimas Congadas e Moçam-bique, presentes praticamente desde a origem do então povoado, há quase dois séculos.
Como todo aniversariante merece um presente, o que desejo para nossa cidade é exatamente o “presente”. Sejamos mais presentes, parti-cipativos, engajados, atuantes. É fácil criticar sem propor, colaborar, agir. Olhe para a história e veja quanta riqueza nos foi legada nas artes, cultura, educação. Quantos homens não deram seu suor pelo crescimento da cidade; empresários, comerciantes, produtores rurais, educadores, artistas, escritores e até mesmo políticos abnegados. Sejamos o presente que nossa querida São Sebastião do Paraíso merece em seus 199 anos!
Reynaldo Formaggio
Acadêmico e Escritor