199 ANOS PARAÍSO

Nos céus de Paraíso

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 24-10-2020 10:23 | 314
Foto: Divulgação

Quinze anos já se passaram da realização daqueles grandes eventos ocorridos em São Sebastião do Paraíso envolvendo a aviação. Sim foi o Paraíso Aéreo que por duas oportunidades fez de nossa cidade referência nacional e roteiro imperdível para quem é fã do setor. Passado este tempo todo o município que sempre teve afinidade com os aviões ajustou a sua vocação e continua sendo ponto de chegada e de partida, agora no intuito de salvar vidas.

Desde os tempos mais antigos quando ainda era conhecido como campo da aviação localizado onde atualmente está estruturado o bairro Jardim Europa, a pista de chão batido, utilizada para pousos e decolagens sempre era a porta de entrada para visitas ilustres seja de políticos, empresários e empreendedores da época. Posteriormente transferido, para o atual espaço onde encontra-se o Aeroporto Joaquim Montans Júnior, continua sendo o local, a porta de acesso para autoridades como ministros, governadores e autoridades. Também por ali passaram personalidades do mundo artístico como os cantores sertanejos Zezé di Camargo e Luciano, DJ Alok, Ivete Zagalo e Claudia Leite a caminho dos shows por Paraíso e região.

No entanto, cada vez mais é comum se ouvir falar dos voos pela vida, alguns oriundos de lugares distantes trazendo a bordo personagens anônimos que do aeroporto, seguem de ambulância para o Hospital do Coração ou a Unidade Neonatal da Santa Casa de Misericórdia. Vários também são os casos das visitas das equipes médicas que de avião para cá se deslocam para a captação de órgãos que de Paraíso são levados para outros centros cirúrgicos para fazer a vida brotar, renascer e ressurgir em outras vidas. Isso passa pela aviação e faz valer a importância de se ter um aeroporto 24 horas pronto para ajudar a quem tanto precisa.

Houve tempo, em um passado recente que também no mesmo Aeroporto Joaquim Montans Júnior, funcionava o Aeroclube de São Sebastião do Paraíso, com aulas para quem pretendia iniciar como piloto na aviação civil. Era comum ver e ouvir o Aero Boero cruzando o céu da cidade nas primeiras horas aulas de voo de vários iniciantes.

Por falar em cortar o céu, Paraíso tem sobre si uma destas aerovias, numa das rotas comerciais mais importantes do país passando sobre nossas cabeças e nossos tetos. As aerovias são “estradas” virtuais, que vão de um ponto a outro definido por coordenadas geográficas. Quem controla toda a movimentação nesta área sobre quem vai e quem vem e qual altitude de cada um é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Pelos céus de Paraíso são registrados quase que diariamente voos com destino ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas; para o Aeroporto de Congonhas (SP) e de Cumbica em Guarulhos (SP). A origem vem de Uberlândia, Goiânia e Belém, mas principalmente de Brasília (DF) e até dos Estados Unidos.

Já que estamos falando de aviação, interessante dizer que o município paraisense está inserido virtualmente numa malha aeroviária que registra movimento significativo de aeronaves de grande porte. Essa malha fica mais visível em determinadas épocas do ano em que os aviões comerciais, que sobrevoam em altitudes entre 20 e 30 mil pés, deixam verdadeiros “rastros” comuns de ver quando eles estão voando em nível de cruzeiro. O rastro, chamado de Contrails (abreviação americana para “condensation trails”), se forma por causa da condensação do vapor de água em altas altitudes causadas pela saída dos gases quentes dos motores. Quando esses gases resfriam em contato com ar extremamente frio das altas altitudes, gotas de água microscópicas presentes na atmosfera condensam e formam as nuvens. Estas nuvens geralmente aparecem acima dos 26 mil pés (8 mil metros) e somente se a temperatura externa estiver abaixo de “40 °C.

Com estas e tantas outras ligações com o mundo da aviação, que o espaço não permite relatar todos neste artigo, fica manifesto o desejo em nome de tantos amantes desta área para a realização de novos Paraíso Aereos. Logicamente que este ano prejudicado que foi pelas restrições da pandemia, tornam-se limitadas as ações, mas sabe-se  sempre tem o primeiro passo e isso depende mais da boa vontade e iniciativa principalmente do poder público. A criação de uma comissão para as iniciar as tratativas já seria um primeiro passo. Fica a dica e a expectativa de que na próxima gestão alguma cabeça pensante possa voltar seu olhar para o setor.

Não dá nem para falar em outras ações, quando em outros tempos, já ouvimos se mencionar a ampliação da pista para 2.100 metros, na implantação de equipamentos de comunicação e outros benefícios. Seriam outros passos e medidas para consolidar ainda mais Paraíso neste cenário. Recentemente o município se fez constar em um Plano de Desenvolvimento Regional da Aviação, projeto do Governo Federal anterior. Eram várias fases a serem desenvolvidas e com a mudança para o atual governante acabou sendo descartado. Ainda assim não dá para parar de pensar e nem de falar do que isso tudo representa e o quanto ainda pode resultar em muitos benefícios para a comunidade.

O fato de estarmos muito próximos a Ribeirão Preto, onde o Aeroporto Leite Lopes, com planos de longo prazo de se tornar internacional, não deve intimidar os projetos locais. Os passos por pequenos que sejam, mas se rumo ao desenvolvimento devem ser levados em consideração. Parodiano o astronauta Neil Armistrong , um pequeno passo para o homem, uma grande conquista aos paraisenses.