TRANSPORTE COLETIVO

Paraíso vive primeiro dia de ‘caos’ sem transporte coletivo

Carlos Eduardo presidente do sindicato, disse que a paralisação da categoria continuará na terça-feira,26. “Teremos uma reunião na sede do Sindicato amanhã e veremos qual posição será tomada.
Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 25-01-2021 18:26 | 3241
Foto: Tiel/Jornal do Sudoeste

Os funcionários das empresas Viação Paraíso Ltda e JN Empreendimentos confirmaram o anúncio do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passos e iniciaram o “estado de greve”, na madrugada desta segunda-feira,25. Os ônibus não saíram da garagem no bairro São Judas Tadeu e os trabalhadores fizeram concentração na porta da empresa. O resultado foi que as pessoas que dependem dos ônibus tiveram de buscar outras alternativas como lotações, mototáxi e aplicativos para seus deslocamentos. O prefeito Marcelo Morais e vereadores estiveram no local da manifestação e  esclareceram que a Prefeitura não tem responsabilidade sobre o não pagamento de salários e outras pendências com funcionários da empresa Viação Leopoldinense, que prestava o serviço de transporte coletivo para o Município até o início do ano. Marcelo informou também que na última sexta-feira a Prefeitura pagou o que devia para a empresa. Veja matéria abaixo.

O anúncio da paralisação da categoria começou a ser divulgado na quinta-feira,21, quando o representante do sindicato visitou os meios de comunicação e entregou o comunicado justificando a ação dos trabalhadores das empresas. A principal argumentação é falta de pagamentos dos salários de dezembro e atraso no recebimento pela categoria do 13º salário, além de outros benefícios como ticket alimentação. Carlos Eduardo Silva Severino, presidente da entidade sindical disse que sem salários tem trabalhadores passando necessidade em suas casas.

A mobilização começou bem de madrugada por volta das 04h00 quando começam a chegar os primeiros trabalhadores das empresas. Conforme combinado, eles estão bastante unidos e conscientes de suas reivindicações e ninguém entrou para o trabalho. Os ônibus começam a circular a partir das 5 horas, mas não saíram. Algumas pessoas que pegam o transporte no ponto inicial, mesmo sabendo da paralisação compareceram a seus postos, mas não foram atendidas.

Em entrevista ao Jornal do Sudoeste, na tarde de segunda-feira,25, Carlos Eduardo disse que a paralisação da categoria continuará na terça-feira,26. “Teremos uma reunião na sede do Sindicato amanhã e veremos qual posição será tomada”, anuncia.

Fizemos uma movimentação pacífica, tranquila, com distanciamento, uso de álcool em gel, sem aglomeração e adesão de 100% dos trabalhadores”, disse. O presidente do sindicato confirmou que houve a proposta da empresa para pagamento do salário de dezembro na quarta-feira,27, que foi descartada pela categoria.

Como a paralisação já estava anunciada com antecedência a maioria dos trabalhadores teve de buscar outras opções para se locomover. Grande parte foi a pé para o serviço. “Não tenho condições de pagar outro serviço mais caro se não me descontrola o orçamento de casa”, disse a diarista Maristela dos Reis Santos. Ela disse que foi além do centro e no bairro Lagoinha a pé. “Não posso faltar para não perder o serviço, o jeito é me sacrificar. Para mim é só hoje, depois trabalho aqui mais perto”, disse.

Boa parte das pessoas recorreu aos serviços de transporte paralelos como o mototáxis, e por aplicativos. “Não tem outro jeito mesmo, vamos trabalhar”, comentou Luciana da Penha que ia em sentido a Vila Formosa. “Eu e minha amiga vamos dividir o Uber acaba saindo mais barato”, avalia Sandra Regina Costa. Além destes modelos era possível verificar vários motoristas atuando como caroneiros principalmente na parte da manhã atendendo para quem ia da parte baixa para o centro e outras regiões da cidade.

Carlos Eduardo frisou que em momento algum é intenção dos trabalhadores causarem prejuízos à população. “Tanto é que desde a semana passada estamos buscando os órgãos oficiais, informando da situação, fomos à imprensa, nas redes sociais e anunciamos que poderíamos parar e paramos”, explica. O sindicalista ressalta também que tomou as medidas judiciais antes da greve e reforçou que as atividades foram acompanhadas pela Polícia Militar hoje de madrugada. “Fizemos tudo dentro da legalidade. Nenhum trabalhador foi impedido de trabalhar, a adesão foi total e espontânea. Todos sabem da situação que estão passando, com dificuldades para pagar aluguel, contas de água e alimentação, precisam sobreviver, mas chegaram ao limite”, conclui.

Prefeitura nega culpa e toma providências
O prefeito Marcelo Morais esclarece que a Prefeitura não tem responsabilidade sobre o nãopagamento de salários e outras pendências com funcionários da empresa Viação Leopoldinense, que prestava o serviço de transporte coletivo para o Município até o início do ano.

Disse que durante a transição de governos, foi identificado por sua equipe que haveria o vencimento do referido contrato para a prestação do serviço de transporte coletivo no primeiro dia de sua administração, em 4 de janeiro. “Isso me causou estranheza. Por que deixar um contrato tão importante vencer no primeiro dia de governo da gestão que assumiria a Administração Municipal?”, questionou.

Com o vencimento desse contrato, a atual gestão, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública, Trânsito, Transporte e Defesa Civil, chamou a Viação Leopoldinense para renegociar e tentar realizar um novo processo de contratação emergencial — o que não aconteceu porque a empresa não apresentou ao Município a documentação necessária para a contratação.

“Diante disto, abrimos um processo licitatório em caráter emergencial para a contratação desse serviço para os próximos seis meses, para que tenhamos tempo hábil de fazer o processo licitatório final. Nossa gestão trabalhará para que as pessoas possam ter um transporte coletivo de qualidade.

Infelizmente, todos os procedimentos que foram feitos de maneira errada até o final do mandato anterior, não serão feitos em nossa gestão. Seguiremos à risca a legislação, com muita transparência, e faremos tudo dentro da lei, para que não tenhamos nenhum tipo de problema judicial”, completou.

A atual gestão ainda ressalta que foram pagos na sexta-feira, dia 22, R$ 18.040,00 de débito que existia do município com a empresa, que alega restar ainda cerca de R$ 17 mil — valores estes que estão sendo apurados pela Prefeitura.

O Chamamento Público 001/2021 em caráter emergencial para contratação de empresa para concessão de transporte coletivo está marcado para o dia 2 de fevereiro.