BICENTENÁRIO DE PARAÍSO

Covid-19: a luta de quem enfrenta esse monstro diariamente*

Pessoal da Saúde e profissionais da linha de frente que sofrem com a sobrecarga que a doença trouxe
Por: Heloisa Rocha Aguieiras | Categoria: Saúde | 28-10-2021 05:43 | 1488
Foto: Arquivo Santa Casa de Paraíso

Era uma terça-feira, dia 25 de fevereiro de 2020, quando o Ministério de Saúde brasileiro confirmou o primeiro caso de Covid-19 diagnosticado em um homem de 61 anos, que havia chegado de uma viagem à Itália, onde contraiu o corona-vírus. Começava a saga de enfrentamento a uma doença totalmente nova, de alto risco e que provoca grande sofrimento aos acometidos em boa parte dos casos.

São 608 dias (até 25/10/2021) da doença que assolou o mundo inteiro, provocando a morte de 280 pessoas em São Sebastião do Paraíso; 603 mil no país e 4,55 milhões no mundo (dados de até 15/10/2021, quando a matéria foi fechada). Deixa um rastro de dor, medo e incertezas. Arrebata um verdadeiro exército de profissionais que estão até hoje na batalha para enfrentar esse monstro que tem, em média, 120 nanômetros de tamanho, mas com potência para causar uma das maiores pandemias vivenciadas pela humanidade.

E o que se sabe depois desse período em relação à doença ainda é pouco perto de sua força destruidora. "Um dos desafios importantes é lidar com o tempo da doença que tem suas fases: A primeira é a fase viral, a segunda são as complicações. Ajuda ter rapidamente o diagnóstico, e é preciso mudar a cultura sobre essa doença, respeitando-a, respeitando o tratamento, as recomendações médicas e seguindo o que é preconizado. Quando a pessoa apresenta os primeiros sintomas - tosse, cefaleia, perda de olfato e prostração - deve procurar imediatamente um pronto atendimento da Covid, buscar um médico e não se esconder", diz o médico ortopedista Luciano Constantini, coordenador por um ano da UTI Covid da Santa Casa de São Sebastião do Paraíso, coordenador da emergência há cerca de oito anos, diretor técnico (por um período) e membro da comissão de enfrentamento à Covid-19, que teve a responsabilidade de estruturar o hospital e implantar todos os protocolos em relação à doença.

Seu conselho desde então, até os dias de hoje: "Tem que se prevenir por meio da vacina, usar máscara, continuar a fazer o distanciamento, evitando aglomerações, usar o álcool em gel, fazer a higienização das mãos. Todas essas ações são nossa responsabilidade social. Temos obrigações e deveres em relação à pandemia, cada um tem que fazer sua parte para proteger a si e ao outro. E rezar, cada um na sua religião, nunca perder a fé e a esperança", diz o médico.

De acordo com a secretária de Saúde do município, Adelma Lúcia da Silva, cerca de 500 profissionais da Saúde municipal estiveram no enfrentamento da doença na UPA e nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e na união de todos os estabelecimentos do setor para realizar um atendimento o mais amplo possível. "nas últimas semanas, houve uma redução dos números de casos positivos e óbitos no município, com taxa estável de ocupação hospitalar na semana do último dia 15/10, em torno de 10%".

Segundo o médico, "agora o cenário está mais confortável, mais estável, porém não devemos baixar a guarda. A diminuição dos casos vem do empenho pela vacinação. A população sendo imunizada trouxe a baixa nos números de infectados. Ainda existem casos graves, na UTI, mas em menor número. A vacina está cumprindo seu propósito.

E hoje, Adelma informa que o cenário está se acalmando: "Estamos fazendo o possível para vacinarmos o quanto antes toda a população, mas contamos com as remessas que são enviadas pelo Estado. Já iniciamos a vacinação para as pessoas com 17 anos sem comorbidades e continuamos evoluindo com as segundas doses e doses de reforço para os idosos. Estaremos atentos aos números, monitorando a doença em nosso município, seguindo as normativas preconizadas e avançando com a imunização".

Uma vida, uma batalha
A secretária de Saúde Adelma conta que "ao notar os primeiros casos, a equipe iniciou a capacitação dos profissionais da rede e a divulgação das ações de prevenção da patologia de acordo com os protocolos vigentes da Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais".

O médico Luciano Constantini descreve a situação: "Tivemos épocas de UTIs e enfermarias lotadas, profissionais sobrecarregados física e psicologicamente, apesar de o hospital ter dado todas as condições de trabalho, por meio da provedoria, da diretoria e da nossa Comissão de Enfrentamento ao Covid-19 (com a cardiologista Rachel De Oliveira, diretora técnica que assumiu depois que eu saí, em conjunto com o também cardiologista Rodrigo de Lima Russo e o chefe de infectologia, José Carlos Costa Júnior). Montamos um time que lutou para tentar enfrentar a doença. Houve escassez de sedativos e bloqueadores neuromusculares, o que nos impôs uma grande dificuldade do manejo do paciente."

Outra dificuldade é que pouco se sabe ainda sobre como cada pessoa reage à doença. "Uma hora o paciente está bem, em poucas horas pode piorar e essa piora é muito rápida. É uma doença agressiva que traz consequências e sequelas. Não existe um remédio que tenha evidências científicas robustas para o tratamento, que não é clássico ou bem definido. Tem paciente que, infelizmente, não responde a nada, apesar dos esforços de todas as manobras e dedicação da equipe. Tudo o que se faz pelo paciente, o corpo dele não reage, porque a doença vai medindo forças com os médicos", explica Luciano.

Para enfrentar tais desafios, a Santa Casa abriu uma UTI com 47 leitos, a fim inclusive de receber pacientes da região, uma tarefa que requer muito dos profissionais envolvidos. "Muito foi cobrado dos médicos e da equipe multiprofis-sional (enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e todos os profissionais). Colocaram uma carga muito grande de responsabilidade em nossas costas. Sempre fizemos tudo com todo carinho e humanismo, mas nem sempre foi possível trazer os resultados que a gente esperava: a cura do paciente. O estado se agrava, alguns jovens, outros mais velhinhos, não reagindo ao plano terapê-utico. Apesar de todos os esforços, acabamos perdendo uma vida, isso é muito pesado, não é fácil até hoje", conta o médico.

Medo
"No auge da doença nos deparamos com várias situações em que tivemos que cuidar até mesmo de nossos próprios familiares, inclusive dos membros da nossa própria equipe. A linha de frente se baseou muito além de cuidados técnicos e profissionais, gerando aprendizado e fortalecendo nosso trabalho de equipe", conta Roselaine Aparecida de Oliveira, que atualmente é coordenadora da UTI Covid e atuou como enfermeira assistencial na Santa Casa desde o início da sua carreira.

Os profissionais de saúde dizem que o grande receio era "não conseguir atender a todos que necessitassem e perder colegas de trabalho e familiares", como aponta a secretária de Saúde. O médico Luciano relata receio semelhante: "Tínhamos muita preocupação com nossa família. Não conhecíamos direito a doença, pouco se sabia do Covid-19, sabíamos das experiências vividas na Europa e na China e realmente ficamos muito preocupados, não só com nossa saúde, afinal víamos muitos profissionais da saúde lá fora falecendo por terem se contaminado. Meu medo era também levar alguma coisa  principalmente aos meus dois filhos - um menino de 5 e uma menina de 4 anos, e para os familiares próximos".

O pior momento
Para a secretária Adelma, o pior momento da pandemia era não ter certeza se haveria leitos disponíveis para todos que necessitassem após a cidade ter 100% de ocupação dos leitos disponíveis.

O médico Luciano Constantini teve a experiência de estar mais perto ainda da doença: "No auge da pandemia, perdi minha avó para a Covid e meus pais foram infectados. Meu pai precisou ser internado, ficou na enfermaria e melhorou. Minha mãe ficou uma semana na UTI com quadro gravíssimo. Cuidar da minha mãe foi o momento mais difícil da minha carreira. Eles sobreviveram, mas perdi minha avó (emociona-se). Foi assim que experimentei a Covid em todos os seus aspectos. Por que eu estive nessa experiência? Com tudo isso, fui preparado para tratar da minha mãe e assim tratar de todos os meus pacientes, tanto no aspecto técnico, como humano".

Para ele, dezembro de 2020, fevereiro e março deste ano foram os momentos mais tensos. "Estávamos trabalhando sobrecarregados, cansados; um ano de pandemia. Os hospitais da região lotados e ficamos muito tensos com a carga de trabalho que aumentou e os pacientes apresentavam um quadro muito grave. No auge, foi muito difícil segurar psicologicamente, tanto para os médicos mais experientes, quanto para os novos de casa. Lidar com uma doença que conhecemos pouco e pouco se sabe sobre o tratamento, nos deixava angustiados e nos trazia agonia. Mesmo fazendo de tudo, o paciente grave não evolui. Salvamos muita gente e, como no mundo inteiro, tivemos perdas e, hoje, nos lembramos da maioria. Cada caso a gente se apega ao paciente, com a luta dele e não tem como não nos envolvermos, isso foi o mais difícil", relata.

A enfermeira Roselaine diz que "o enfretamento ao coro-navírus foi um trabalho árduo, baseado em dedicação e atividade humanizada. Dentre muitos sentimentos, o medo e a insegurança foram driblados em prol do cuidar dos pacientes de maneira individualizada. Exigiu do profissional afinco, determinação, coragem e amor à profissão. Competência técnica e científica são de importâncias inegáveis diante do desafio de uma nova doença, porém, a empatia e a persistência se mostraram grandes aliados para executar as adaptações diárias necessárias".

Os colegas
"Infelizmente, perdemos alguns colegas de trabalho, verdadeiros guerreiros", conta a secretária de Saúde.

O médico Luciano conta que perderam pessoas importantes. "Os pacientes que perdemos eram o amor de alguém. Todos conhecem uma história de alguém que teve uma perda para a Covid. Perdemos o colega cardiologista Maurício Borges Marques e isso foi muito difícil. O médico residente Frederico Isolani de Andrade ficou muito grave. Lutamos por ele e se saiu muito bem. O caso foi muito impactante para nós, porque era um médico da linha de frente que contraiu a doença, foi para UTI em altíssimo risco. Temos uma enfermeira que trabalha conosco na linha de frente - um dia perdemos a avó dela e no dia seguinte, a mãe. Perdemos na semana passada o pai de uma doutora, que também atuava na linha de frente. Toda perda é difícil aceitar", diz.

"Valorizo muito a minha equipe não só nas salas de emergência como nas UTIs; médico não trabalha sozinho, tem que ter uma equipe multidisciplinar: pessoal da enfermagem, do raio X, da limpeza, do laboratório, da fisioterapia, esse é nosso exército com forças unidas para lutar. Quero agradecer a toda a equipe, todos os profissionais de saúde envolvidos no cuidado ao paciente, no hospital, na UPA, nas UBSs, pessoal da recepção, enfermagem, seguranças, quero agradecer o trabalho conjunto e estamos vencendo. Parabenizar toda a minha equipe", diz o médico Luciano Constantini.

UM RELATO EMOCIONANTE DE QUEM CONHECE O QUE É COMBATER O CORONAVÍRUS

Médico da Santa Casa esteve na linha de frente para cuidar dos acometidos pela Covid-19 e assistiu ao sofrimento de muitos

Por Heloisa Rocha Aguieiras

O médico ortopedista Luciano Constantini fala com propriedade e emoção do que foi atuar no enfrentamento ao coronavírus, assistindo ao sofrimento de muitos – pacientes e os familiares deles – inclusive de seus entes queridos e colegas próximos. Ele, que foi coordenador por um ano da UTI Covid da Santa Casa de São Sebastião do Paraíso, coordenador da emergência há cerca de oito anos, diretor técnico (por um período) e membro da comissão de enfrentamento à Covid-19 e que teve a responsabilidade de estruturar o hospital e implantar todos os protocolos em relação à doença, conta como foi o pior período da doença na cidade.

Jornal do Sudoeste - Ao trabalhar no combate ao coronavírus, em algum momento temeu pela própria vida, pela vida de seus familiares (com receio de “levar” o vírus para sua casa) e pela vida de seus colegas?
Dr. Luciano Constantini – Uma das principais preocupações é com a nossa família. A gente não conhecia direito a doença; o pouco que se sabia vinha das experiências vividas na Europa e na China. A preocupação era a de levar a doença para meus filhos (um menino de 5 e uma menina de 4 anos, que são nossas joias). Eu e minha esposa – a cardiologista Rachel De Oliveira, diretora técnica que assumiu depois que eu saí e que também está ainda na linha de frente - nós dois temíamos em levar o vírus para casa, para nossos familiares próximos. Nossa preocupação era sobre os equipamentos de proteção individual porque em outros países houve escassez de máscara e demais EPIs, mas isso não aconteceu aqui.  Nós nos sacrificamos muito durante essa pandemia. Apesar de isso ainda mexer com a nossa cabeça, nem eu e nem a minha esposa contraímos a doença, estamos vacinados agora e temos uma certa tranquilidade para trabalhar com mais segurança. Confiamos na vacina, mas até hoje temos medo sim. Mas esse medo é importante para respeitarmos a doença; o temor faz a gente se proteger e nunca subestimar a doença. Só assim vamos respeitar a paramentação, as normas de segurança, não vamos esmorecer em qualquer processo e cuidar dos equipamentos de proteção individual. Temos um ritual para entrar, para paramentar, para sair; higienização das mãos, o uso da máscara, dos óculos e do face shield. É preciso se cuidar para poder cuidar dos outros.

Jornal do Sudoeste - Descreva, por favor, como foi o trabalho no enfrentamento ao coronavírus e cuidados aos pacientes portadores do vírus, no auge da pior fase da doença na cidade.
Dr. Luciano Constantini – O cuidado dos pacientes com o COVID é um trabalho muito pesado, um desafio na verdade. Ainda pouco se sabe sobre a doença; aprendemos que a covid traz surpresas. O paciente que está bem, em poucas horas pode piorar rapidamente. É uma doença agressiva, que traz sequelas. Não se sabe se o tratamento é realmente eficaz. Não existe uma droga, algum remédio que tenha trabalhos robustos sobre ele, que exista evidências científicas fortes sobre o tratamento. O paciente está bem e a doença pode evoluir para alta gravidade. Há pacientes que não respondem a nada, apesar de todos os esforços, de todas as manobras e de todo o trabalho, da união da equipe. O corpo não reage a nada, é uma doença ruim. Isso acaba com as forças da gente. Muito foi cobrado da equipe médica que está comandando e do grupo multiprofissional: enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas. Colocaram uma responsabilidade muito grande nas nossas costas. Trabalhamos com todo carinho, todo humanismo, mas nem sempre foi possível obter os resultados que se esperava, que é a cura. Casos se agravam, alguns jovens, outros mais velhinhos, se complicam, não reagem ao tratamento conforme o esperado, ao plano terapêutico e perdemos uma vida. Isso é muito pesado, difícil para gente.

Atualmente, melhorou muito com a vacina, mas ainda há óbitos, que nos deixam tristes e é difícil de assimilar. O médico não está acostumado a perder vidas; a gente não aprendeu a perder paciente na faculdade. Estamos acostumados a curar e não a perder pacientes do jeito que a gente perdeu, de forma abrupta e inexplicável. É uma doença que não escolhe raça, sexo, condição social, religião, enfim, é agressiva mesmo.

Jornal do Sudoeste – E como foi o pior momento no auge da pandemia?
Dr. Luciano Constantini – O auge da pandemia, o momento mais tenso foi de dezembro até março, sobrecarregados e cansado do trabalho, afinal já tinha um ano de pandemia. Os hospitais da região e a Santa Casa estavam lotados, deixando todos tensos porque a carga de trabalho aumentou com pacientes muito graves. O pior momento foi quando as enfermarias e UTIs estiveram lotadas. Houve, em todo o Brasil, escassez medicamentosa de sedativos e bloqueadores neuromusculares, que são drogas para sedação. O médico luta por uma estabilidade hemodinâmica, o paciente não responde, o rim para de funcionar, faz-se diálise e ele não responde. Precisa entubar e não há melhora. Esse manejo é muito difícil.

Esse foi um período muito difícil de segurar a cabeça, mesmo para os médicos mais experientes. Salvamos muita gente, tivemos ótimos resultados, mas infelizmente também tivemos muitas perdas e nos lembramos da maioria delas. Passar uma notícia de óbito à família ou de que o parente entrou em um quando gravíssimo, com a dificuldade do isolamento e o protocolo da Covid, que é bem frio, é muito triste.

O hospital deu condições para gente, tudo foi bem planejado, bem programado pela administração do hospital e estruturamos a Santa Casa para enfrentar a Covid. Uma nova ala com 47 leitos foi aberta com todos os equipamentos necessários para assistência ao paciente, treinando as equipes. Cercamos de pessoas boas, que era preparadas tecnicamente, mas também coração e com humanismo e que levaram o combate à Covid como uma missão. O profissional que trabalha com essa doença tem um perfil totalmente diferente -   são guerreiros e heróis. Temos profissionais que estão atuando desde o primeiro paciente e continuam até hoje, é uma guerra mesmo, é uma luta e eles são heróis. Valorizo muito minha equipe, não só pelo trabalho na sala de emergência, como nas UTIs. Valorizo também a equipe não médica-multidisciplinar - a equipe de enfermagem, técnicos de enfermagem, pessoal da limpeza, do raio X, do laboratório, da fisioterapia - são todos do nosso exército, as forças que se uniram para tentar lutar.

No auge da pandemia, perdi minha avó para a Covid e meus pais foram infectados. Meu pai precisou ser internado, ficou na enfermaria e melhorou. Minha mãe ficou uma semana na UTI com quadro gravíssimo. Cuidar da minha mãe foi o momento mais difícil da minha carreira. Eles sobreviveram, mas perdi minha avó (emociona-se). Foi assim que experimentei a Covid em todos os seus aspectos. Por que eu estive nessa experiência? Com tudo isso, fui preparado para tratar da minha mãe e assim tratar de todos os meus pacientes, tanto no aspecto técnico, como humano”.

Jornal do Sudoeste - Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas desde a primeira internação por Covid-19 até hoje?
Dr. Luciano Constantini – Um desafio importante em relação à Covid é saber lidar com o tempo da doença, porque ela tem fases. A gente aprendeu que o diagnóstico precoce e iniciar logo o tratamento é importante. Às vezes a pessoa evita procurar um atendimento médico por medo, preconceito, por questões sociais, econômicas ou políticas. A dica que eu deixo é: logo com o surgimento dos sintomas deve-se procurar um médico, procurar um local de atendimento à Covid. Se sentir cansaço, falta de ar, coriza, dor de garganta, cefaleia, dores no corpo, mal-estar, prostração, perda de apetite, do olfato, tem que procurar um atendimento médico. Não fique se escondendo, não fique em casa. Procurar o médico só quando acontecer uma piora é um conceito já ultrapassado.

Jornal do Sudoeste - Como está o cenário em relação à doença atualmente?
Dr. Luciano Constantini – Atualmente o cenário está mais confortável, está mais estável, mas não devemos abaixar a guarda. Esse resultado de diminuição dos casos e da gravidade também é, principalmente, por empenho de implantar a vacinação. A vacina está cumprindo o seu propósito. É importante ressaltar que não se deve baixar a guarda nas precauções: higienização das mãos, uso sim das máscaras, evitar aglomerações. É preciso respeitar a doença e é isso que a gente tem que aprender.

Jornal do Sudoeste – Qual é o seu conselho em relação à doença?
Dr. Luciano Constantini – Em primeiro lugar é se prevenir com a vacina que já está disponível e cada vez mais acessível. Segundo lugar é o uso de máscara, o distanciamento e evitar aglomeração, a higienização das mãos, o uso de álcool em gel e água e sabão. Lógico que todos devem trabalhar, fazer suas compras, suas atividades diárias, mas com responsabilidade. O uso da máscara é importantíssimo até todos estarem imunizados, pois isso é ter responsabilidade social. Afinal, todos nós somos responsáveis e temos deveres em relação à pandemia.

Jornal do Sudoeste - Perdeu muitos colegas para a Covid-19?
Dr. Luciano Constantini – Não perdemos muitos colegas, mas perdemos pessoas importantes. Os pacientes que se foram eram um amor de alguém. Acho que cada um sabe uma história sobre uma perda por Covid e sempre é muito triste. Infelizmente, perdemos o colega cardiologista Maurício Borges Marques e isso foi muito difícil. O médico residente Frederico Isolani de Andrade ficou muito grave. Lutamos por ele e se saiu muito bem. O caso foi muito impactante para nós, porque era um médico da linha de frente que contraiu a doença, foi para UTI em altíssimo risco. Temos uma enfermeira que trabalha conosco na linha de frente – um dia perdemos a avó dela e no dia seguinte, a mãe. Perdemos o pai de uma doutora, que também atuava na linha de frente. Toda perda é difícil aceitar. A gente tem que enaltecer as nossas vitórias, as pessoas que se salvaram, mas os que perdemos, colegas ou pacientes, vão ficar na nossa memória. Foi muito difícil cuidar de um parente, de um colega, de um parente de colega, de funcionário

Jornal do Sudoeste - Qual é o seu recado depois de tantas experiências em relação à pandemia?
Dr. Luciano Constantini – Eu quero pedir que todos tenham responsabilidade social, se prevenir, se vacinar e rezar, cada um com sua crença, para que haja bênçãos sobre nossas vidas, sobre os profissionais de saúde que estão envolvidos nessa batalha, abençoar pacientes, nosso hospital e abençoar nossa cidade. Principalmente, mandar uma mensagem de fé e de esperança. Sempre digo isso aos familiares de nossos pacientes. A gente nunca pode perder a fé e a esperança, por mais grave que o paciente possa estar, tem-se que sempre lutar por ele.

*Esta matéria é uma homenagem do Jornal do Sudoeste a todos os profissionais da área da Saúde, e àqueles que lhes deram e dão suporte na linha  de frente no combate à Covid-19. A todos, nosso mais profundo agradecimento!

NOTA DE RECONHECIMENTO E AGRADECIMENTO
No decorrer desse ano de árduo trabalho, o que já ocorre cotidianamente, mas que em virtude da pandemia da COVID-19 foi mais intenso, a Mesa Diretora da SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO, por seu Provedor e toda a Irmandade, vem agradecer o esforço de todos os profissionais Médicos, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Psicólogos ligados direta-mente à assistência dos pacientes e aos colaboradores do corpo administrativo do Hospital, como forma de reconhecimento do trabalho e da dedicação em prol dos nossos pacientes.

A SANTA CASA sente-se honrada com este quadro de profissionais que, todo dia, luta para a recuperação e a promoção da nossa saúde.

A SANTA CASA vem por esta nota, reconhecer o tratamento humanizado dispensado a todos que necessitam deste Hospital.

Assim, externamos o nosso eterno reconhecimento e agradecimento.

São Sebastião do Paraíso-MG, 18 de outubro de 2021.

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO
FERNANDO MONTANS ALVARENGA – Provedor