Inconcebível, ao ouvir os sinos da Matriz de São Sebastião, não se sentir tocado. Considerado entre os dez maiores e mais sonoros do Brasil, os três sinos guardam interessante história. Não há como falar dos sinos sem mencionar Dolores Pimenta de Pádua (1888-1977). Uma das grandes beneméritas de São Sebastião do Paraíso, Dolores era filha de tradicional família da cidade. Ofertou um laboratório para a Santa Casa de Misericórdia e entre suas generosas doações, certamente destacam-se os sinos da Igreja Matriz de São Sebastião. Após uma graça alcançada, foram encomendados por Dolores durante visita à Itália e estão entre os maiores, mais pesados e sonoros do Brasil.
Os sinos badalaram pela primeira vez no dia 22 de agosto de 1936, data em que o Coronel Antônio Pimenta de Pádua, pai da doadora, completava 89 anos de vida. Pelo peso dos três e a frágil estrutura da igreja, que passava por grande reforma, a torre da Matriz desabaria pouco depois. Apenas um dos sinos sofreu danos e os três voltaram ao campanário após a conclusão das obras, onde ainda hoje, do alto de sua bela torre, emocionam paraisenses e visitantes com sua maviosa sinfonia. Tombados pelo Decreto Municipal n.º 2821 de 16/06/2004, os sinos receberam os nomes de Antônio, Jaime e Thomé em homenagem, respectivamente, ao pai, esposo e sogro da doadora.
Eis as características de cada sino:
Gravação: “GLÓRIA, LAUS ET HONOR, TIBI SIT, REX CHRISTE, REDEMPTOR”. (Tradução analítica: “Glória, louvor e honra vos sejam dados, oh, Cristo Rei e Redentor”).
Gravação: “VOX MEA, VOX VITAE. VOCO VOS AD SACRA. VENITE”. (Tradução analítica: “Minha voz, voz de vida. Vos chamo para o sagrado. Vinde”.
Gravação: “VOCA OPERARIOS IN MESSEM TU-AM”. (Tradução analítica: “Convoca (Senhor), operários para vossa messe”.
Anteriormente à popularização dos relógios, os sinos tinham um papel social ao orientar a população acerca das horas. Casamentos, óbitos e até incêndios, também se valiam dos sinos para comunicar a população sobre fatos urgentes.
Ao ouvir soar os sinos da Matriz de São Sebastião, lembre-se que alguém teve a feliz iniciativa de adornar o templo com três preciosas peças de arte. Gratidão à Dolores Pimenta de Pádua e a todos os beneméritos de São Sebastião do Paraíso.