SURDEZ

Combate à surdez deve ser realizado todos os dias

Por: Redação | Categoria: Saúde | 17-11-2021 00:50 | 384
Foto: Reprodução

O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez foi celebrado na quarta-feira,10. A data é uma criação do Ministério da Saúde como ato de luta, conscientização e cuidados com a doença, sendo também considerado um momento importante para conscientizar sobre uma das principais e mais comuns deficiências em adultos e crianças, ampliando o debate com a sociedade sobre o assunto. Instituído desde 2017 o dia simboliza a luta pela educação em relação aos problemas advindos da surdez. Segundo o ministério, aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros têm algum grau de surdez.

A surdez é uma condição de saúde "invisível", ela não tem cara. A sociedade não percebe o surdo ou deficiente auditivo da mesma forma que percebe outra condição limitante, como por exemplo, os indivíduos cadeirantes.  Além disso, os surdos também apresentam algumas particularidades quanto a inclusão social. Por isso, a conscientização sobre esta condição merece a atenção de todos, não somente neste dia (10 de novembro), mas cotidianamente.

Conforme a fonoaudióloga, Mary Rose Paschoini Mosquete a audição possui um papel único responsável pela aquisição de conhecimento e integração social dos indivíduos. Segundo ela quando ocorre algum problema, podem surgir dificuldades relacionadas à escuta de sons diários como conversas casuais, assistir TV, falar ao telefone, entre outras situações que podem gerar desde irritabilidade até o isolamento social.

A audição caracteriza-se como um dos cinco sentidos da percepção humana sobre o ambiente. O ato de ouvir ou escutar é percebido inicialmente pelo ouvido e então transmitido ao cérebro, mas esse processo é bem mais complexo do que parece. Sendo assim, para facilitar a compreensão sobre a surdez, primeiramente é preciso entender como o som chega ao cérebro.

Para isso, o sistema auditivo foi dividido em três partes sendo o primeiro o ouvido externo (pavilhão auricular e o canal auditivo). Em seguida vem o ouvido médio composto pela membrana timpânica e pelos ossículos (martelo, bigorna e estribo). Por último o ouvido interno (cóclea e canais semicirculares).

Inicialmente, o pavilhão auricular (basicamente, a orelha) é responsável por captar os sons do ambiente e, então, são conduzidos pelo canal auditivo até chegar à membrana timpânica. Ao receber a onda sonora, essa membrana transmite a vibração sonora aos ossículos do ouvido interno até atingir a cóclea, que por sua vez transforma as vibrações mecânicas em impulsos elétricos que chegam em locais específicos do cérebro permitindo a nossa percepção do som.

Ao entender essa trajetória até a percepção do som, torna-se possível imaginar que existem diversas causas possíveis para o desenvolvimento da surdez. Qualquer comprometimento de uma ou mais das partes do ouvido externo, médio e interno pode levar ao comprometimento parcial ou total da audição. A perda auditiva afeta muito mais do que a condição de ouvir os sons. Existem outros comprometimentos neurais que podem levar o indivíduo a ter sintomas de mudança de comportamento social, alienação, isolamento, depressão e redução da capacidade de memória (demência). São diversos sintomas e características que merecem atenção multiprofissional. Quanto antes identificado e tratado os sintomas, menor será a sua repercussão.

Evoluções no tratamento
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que cerca de 25% das pessoas, no mundo todo, sofrerão alguma perda auditiva, até 2050, mas esse índice pode ser contido com cuidados simples. Entre as principais causas da surdez, estão os traumas, tumores, otites não tratadas, exposição prolongada a sons altos, ocorrência de doenças, como diabetes, hipertensão arterial, caxumba, sarampo, rubéola, meningite, envelhecimento e enfermidades genéticas.

Especialistas destacam alguns deles, principalmente no que diz respeito à tecnologia. Sobre as recomendações, os cuidados são no sentido de preservar a audição - principalmente daqueles que amam tecnologia e não deixam seus fones de ouvido de lado estão detalhes como evitar utilizar fones de ouvido por tempo prolongado, proteger-se de ruídos muito altos e constantes e cuidar corretamente de doenças de ouvido, como otites. Também é válida a recomendação para não utilizar objetos estranhos no ouvido e consultar um especialista com frequência.

São poucos os que sabem dos recursos atuais que a medicina oferece para quem sofreu alguma perda auditiva. Além dos aparelhos auditivos, existe o implante coclear. Apesar do crescimento, o implante chega para menos de 5% do total de pacientes que poderiam ser usuários dessa tecnologia. O recurso é indicado para casos de perda auditiva neurossensorial severa ou profunda, que não tiveram respostas satisfatórias com o uso de próteses auditivas convencionais. Ele promove uma estimulação elétrica do nervo auditivo, restabelecendo a audição.

No entanto, esse é um tratamento que demanda uma terapia fonoaudiológica específica, especialmente nos primeiros 12 meses. A ideia é que futuramente seja possível fazer implantes cocleares totalmente implantáveis (sem a unidade externa). Todos estes avanços deixam os profissionais cada vez mais confiantes e seguros para o tratamento de pessoas com diversos tipos de perda auditiva.

Dicas
Iniciativas como ter hábitos saudáveis como boa alimentação, praticar esportes e evitar ingestão excessiva de álcool ou fumo, não tomar medicamentos sem orientação médica, evitar ambientes com muito barulho, não introduzir objetos nos ouvidos estão entre as medidas indicadas para evitar problemas na audição. A limpeza deve ser feita somente por fora do canal auditivo, nunca utilizar medicamentos ou qualquer outra substância diretamente nos ouvidos sem orientação do profissional especializado, usar equipamentos de proteção individual (EPI) nos locais de trabalho, quando exigir, e evitar o uso excessivo de fones de ouvido em intensidade elevada.