Um empresário, diretor de uma transportadora de combustíveis em São Sebastião do Paraíso foi vítima de um roubo de 22 mil litros de combustíveis. "Tive um prejuízo de R$ 150 mil", conta. O caminhão tanque foi abordado próximo a Refinaria Gabriel Passos, em Betim. Segundo a Secretaria de Defesa Social, foram registradas apenas três ocorrências de furto e roubo de carga de derivados de petróleo em Minas Gerais, todos na Região Metropolitana, e a polícia informou não haver nenhum trabalho especial para combater este tipo de crime.
Após a ação dos bandidos o caminhão da transportadora foi encontrado danificado na região metropolitana da capital. O empresário informou que os integrantes da quadrilha que roubou sua empresa abandonaram o veículo vazio e sem os equipamentos utilizados para descarregar o combustível nos postos. Ele disse ter ficado impressionado com a ousadia dos assaltantes. "Levaram até os estepes", comenta o empresário.
Ele também administra uma frota de caminhões de uma rede de postos de combustíveis, e suspeita que a carga tenha sido vendida para postos na região. "Se o combustível é roubado, é porque tem quem compre. Acredito que donos de postos encomendam o produto para quadrilhas especializadas. Pagam mais barato do que o preço de mercado e o produto ainda é descarregado pelo próprio caminhão que foi furtado", desabafa.
O empresário não é a única vítima recente das quadrilhas de assaltantes que visam o roubo de cargas e especialmente de combustíveis. Há registro de que há menos de 10 dias um caminhoneiro foi vítima da mesma situação e na mesma região da refinaria Gabriel Passos. Da vítima foram levados 20 mil litros de combustíveis entre gasolina, diesel e etanol. A carga avaliada em cerca de R$ 120 mil tinha como destino a cidade de São Roque de Minas.
INVESTIGAÇÃO
Empresários do setor de transporte de combustíveis reclamam da falta de uma ação mais efetiva por parte da polícia. O protesto é porque não se consegue prender os integrantes da quadrilha, gerando prejuízos financeiros e sensação de impunidade. Relatos entre os transportadores é de que em quatro meses ocorreram seis roubos de combustíveis de outras empresas. A queixa é de que os pedidos de reforço no policiamento e empenho nas investigações não tiveram sucesso.
Para o presidente do Minaspetro, Carlos Eduardo Guimarães o roubo de combustíveis não é novidade, mas que o crime tem crescido muito no último ano. "Não passa quatro ou cinco dias sem que um caminhão tenha a carga roubada", relata Carlos Eduardo. O Minaspetro representa 4.500 postos de Minas Gerais, sendo 450 postos na RMBH.
Segundo as vítimas, o crescimento dos casos de roubos está relacionado ao aumento do preço dos combustíveis. O apontamento dos transportadores é de que uma carreta com combustível é considerada dinheiro vivo. Se uma carga de R$ 200 mil é vendida pela quadrilha por R$ 100 mil, o receptador tem um lucro de 100% com a venda do produto, estimam os empresários. Segundo o delegado Henrique José de Freitas Marques, da delegacia Especializada de Investigação de furto e roubo de carga, não há nenhuma investigação ou operação policial relacionada com furto de combustíveis próximo à Refinaria Gabriel Passos. Ele informa não ter percebido o aumento deste tipo de crime nos últimos meses.
O policial cita que muitas vezes, os roubos são registrados em delegacias de outras cidades ou em distritos policiais e não chegam a Delegacia Especializada.
Já a Secretaria de Defesa Social informa que, foram registradas apenas três ocorrências de furto e roubo de carga de derivados de petróleo em Minas Gerais, todos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para as vítimas dos prejuízos a polícia também deveria investigar quem são os receptadores do combustível roubado. O pensamento gira em torno da tese de que "se tem quem compra produto roubado, vai ter sempre alguém cometendo crime".