CRONISTA E HISTORIADOR

Lampião e Maria Bonita

Por: Sebastião Pimenta Filho | Categoria: Cultura | 20-02-2022 02:46 | 833
Foto: Arquivo Pessoal

A baiana Maria Dé ou Maria do Capitão, que viria se tornar Maria Bonita, entrou no bando aos vinte anos, após um flerte com Virgolino Ferreira da Silva - o "Lampião" em 1929, no sítio Malhada.

Assim que o viu, ela teria dito: - "Este é o homem que eu amo. Como é, quer me levar ou quer que eu o acompanhe"?

Ao que o rei do cangaço respondeu: - "Como quiser, Maria, eu também quero". Estima-se que quarenta mulheres agregaram ao bando entre 1930 - 1936.

Graças a presença feminina foi fundamental para tornar os grupos mais higiênicos e mais vistosos nas roupas. Também importante no grupo foi Dadá, mulher de Corisco. Ela se notabilizou pela coragem. Era respeitada pelo próprio Lampião.

As mulheres do bando não participavam das batalhas, lhes era dado apenas um revólver para defesa pessoal.

Apesar de não ter sido considerado bonito, Lampião tinha charme e atrativo, com ouro à vista e chapéu de couro que despertavam sonhos nas mulheres.

Estar com eles era como estar diante de um ídolo, de um artista famoso e rico. Até hoje Lampião inspira nos artesãos por uma peça do seu vestuário: as alpercatas de rabicho, que continuam sendo copiadas aos milhares, todos os anos, pelos artesãos da região de Juazeiro, que serão comercializadas nas romarias para economia do município.

Quanto aos destinos dos cangaceiros, todos nós conhecemos, foram massacrados pelas milícias. Só sobreviveu Sila, esposa do cangaceiro Zé Sereno. O episódio vivido por ela é contado no livro "Angico, eu Sobrevivi".
Sebastião Pimenta Filho
Historiador

Da esquerda para a direita,  Sila, Zé Sereno, Jaja, Corisco