CRONISTA E HISTORIADOR

Reflexos da Segunda Grande Guerra em Paraíso e região

Por: Sebastião Pimenta Filho | Categoria: Cultura | 06-03-2022 05:30 | 6131
A direita agachado Silvio Marinho
A direita agachado Silvio Marinho Foto: Reprodução

Na noite do dia 15 de agosto de 1942, o navio brasileiro Baependy, foi afundado pelo submarino alemão U 507, no litoral de Sergipe. Foi o 16º a ser atacado, sendo a maior, tragédia brasileira na Segunda Guerra Mundial, com 270 mortos, sendo superado apenas pelo afundamento do cruzador Bahia em 1945, no qual morreram 340 homens.

O Baependy causou maior comoção porque a maioria das vítimas era mulheres e crianças, a repercussão foi enorme. Nos dias que seguiram, mais cinco navios seriam afundados pelo mesmo submarino, levando o número de mortes a 600 e enchendo as manchetes com as fotografias chocantes dos mortos. A situação política e opinião pública tornaram-se tensas com manifestações antifascistas em todo país.

Depredações contra estabelecimento comerciais, cujos proprietários eram alemães e italianos.

A população marchou até ao Palácio da Guanabara e exigiu do presidente Getúlio Vargas a declaração de guerra aos países do Eixo, em agosto de 1942. Então o governo brasileiro tomou medidas de represálias contra alemães e italianos radicados no Brasil: como primeira sanção foi o congelamento de suas contas bancárias. Foi proibido falar com alemães e italiano nas ruas.

Aqui em Paraíso atingiu alguns imigrantes como a Casa Maria Italiana na avenida Oliveira Resende, que chegou a mudar de nome para Casa Brasil, devido as retaliações. Também na região a cidade de Arceburgo e Caconde, famílias italianas chegaram mandar carta ao jornal Estado de São Paulo com esses dizeres: "Meu nome é Pedro Conti. Casei-me em 1895 - criei 14 filhos, todos brasileiros - 42 netos. Depois que cheguei ao Brasil, nunca me arredei o pé destas fronteiras, serei brasileiro queiram ou não - meus ossos hão de descansar para sempre nesta terra sagrada que é o meu Brasil".

Imigrantes não conseguiram reaver suas economias. Não dá para imaginar os horrores de uma guerra. Deus proteja o nosso Brasil.
Sebastião Pimenta Filho – Historiador

Revista em São João Del Rey, prestes a embarcar para a guerra. Entre eles está o Divino Marinho
Pracinhas em Paraíso. 1942 - No centro e atrás de camisa arregaçada o Divino Marinho