A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apresentou na quinta-feira, 31 de março, os resultados do primeiro Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (Lira) de 2022.
A pesquisa, realizada junto aos municípios mineiros duas vezes ao ano (em janeiro e em outubro), é parte da estratégia de monitoramento e controle do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. São Sebastião do Paraíso aparece entre os municípios em situação grave e de risco com alto índice de infestação.
Neste sábado, 2, na cidade acontece o quarto mutirão de limpeza como medida prática para ajudar a eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti na cidade.
Segundo a coordenadora Estadual de Vigilância das Ar-boviroses da SES-MG, Danielle Capistrano, a pesquisa é importante porque, a partir dos resultados, o município pode otimizar e direcionar as ações de controle de vetor, delimitar áreas de maior risco, avaliar metodologias de controle e contribuir para as atividades de comunicação e mobilização por meio de ampla divulgação dos resultados dos índices.
“Em casos de municípios mais críticos, existe, ainda, o apoio da força estadual em todos os eixos envolvidos, como assistência, laboratório, controle de vetor, comunicação e mobilização, vigilância epidemiológica e gestão”, pontua Danielle.
De acordo com a pesquisa, 233 municípios mineiros (27,3%) apresentam o índice de infestação igual ou maior que 4 e, por isso, estão em situação de risco É o caso de São Sebastião do Paraíso que está com o índice de infestação em 13,5, valor considerado muito acima do que é concebido como normal. Paraíso está entre as 15 cidades no estado com maior volume de contaminação.
Conforme levantamento as cidades em situação risco em condições semelhantes a Paraíso são Monte Alegre de Minas (100), Naque (22,2), Coração de Jesus (16), Unaí (15,9), Dionísio (15,6), Jequitaí (15,6), Paraopebas (14,9),Pompéu (14,2), Bom Despacho (13,8), Periquito (13,2) e Três Marias (13,2). Outros 344 municípios (40,3%) estão em alerta e em 205 (24%) o indicador é classificado como satisfatório, ou seja, o índice de infestação é menor que 1. Nesta edição do estudo, 71 municípios (8,3%) não realizaram o Lira.
LEVANTAMENTO
Por meio do Lira, é possível identificar, inclusive, os recipientes onde o mosquito está procriando, como pratinhos sob os vasos de plantas, pneus velhos e garrafas destampadas, e quais regiões específicas do município encontram-se em situação de risco.
“Embora a Vigilância não considere apenas este levantamento para avaliar a situação epidemiológica do estado quanto à dengue, zika e chikungu-nya, os dados apresentados pelo Lira podem ser considerados como um indicativo de alerta para locais com possibilidade mais acentuada de aumento no número de casos”, explica Roberta Carvalho que é referência técnica da coordenação Estadual de Arbovi-roses da SES-MG.
Como o vetor de transmissão circula o ano inteiro, o mo-nitoramento e o controle ocorrem de forma contínua no estado e foram mantidos inclusive durante a pandemia da co-vid-19. “No contexto da pan-demia, as ações foram adaptadas com o objetivo de reforçar os cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde”, informa Roberta.
Para fomentar as estratégias dos municípios mineiros que possam evitar a proliferação do mosquito e qualificar as redes de atendimento, a SES-MG repassou em dezembro R$ 40 milhões aos Fundos Municipais de Saúde visando o período sazonal deste ano. Os valores destinados a cada um dos municípios estão relacionados na Resolução SES-MG 7.733/2021. No caso de Paraíso, considerando o valor de R$0,90 per capta, foram destinados R$ 64.300,50, sendo R$ 25.000,00 na parte fixa, R$ 89.300,50 de valor total parcela única, com valor para capital de R$ 66.975,38 e valor de custeio de R$ 22.325,13.
Segundo o último Boletim de Monitoramento de Arboviroses, com atualização referente a 30/3, Minas Gerais registrou 16.940 casos prováveis (casos notificados exceto os descartados) de dengue em 2022. Desse total, 7.220 casos foram confirmados. Cinco óbitos foram confirmados pela doença em Minas Gerais e outros 13 óbitos são investigados, até o momento. Em relação à febre chikungunya, foram registrados 1.314 casos prováveis da doença, dos quais 247 foram confirmados. Quanto ao vírus zika, foram registrados 28 casos prováveis, sendo dois confirmados. Não há óbitos por zika em Minas Gerais até o momento.
As primeiras semanas epidemiológicas de 2022 não apresentaram um número de casos muito elevado. Esse fator, contudo, não exclui o risco de ainda se ter uma epidemia no período sazonal que se iniciou em dezembro de 2021 e vai até junho de 2022. Por isso é fundamental manter os cuidados para eliminar os focos do mosquito.
A Prefeitura de São Sebastião do Paraíso realizará neste sábado (2/4), mutirão de combate ao mosquito da dengue que irá abranger o Parque Belvedere, Residencial Belvedere, João XXIII e Parque São Francisco. O trabalho será das 8 às 13 horas. A população é convidada a participar retirando de suas casas e quintais todo material que pode acumular água e precisa ser descartado, deixando nas calçadas de suas residências.
Desde o final de janeiro através de trabalho conjunto com outros órgãos, a Vigilância Epidemiológica vem promovendo ações para tentar reduzir os números de focos do mosquito da dengue na cidade. Teve início na região do bairro São Judas Tadeu. Posteriormente bairro Muschioni e Cidade Nova. Por último, o mutirão aconteceu com os bairros Nossa Senhora Aparecida, Vila Operária e adjacências.
Conforme o prefeito Marcelo Morais, é importante a participação das pessoas em ajudar neste controle. Ele disse que o município está fazendo suas ações para conter o avanço dos casos. “A partir do momento que realizamos este trabalho conseguimos reduzir estes casos e fazemos com que a dengue passe este período chuvoso de uma maneira mais controlável”, observa.
Quanto aos números o prefeito acentua que são feitos levantamentos semanais por setor. “Temos atingido índices de 13, 14 e 15 de contaminações por levantamento, quando ideal seria ficarmos em cinco”, compara.
Marcelo classifica o momento como “crítico”. “Estamos atentos e desenvolvendo as ações, como os mutirões de limpeza e tentando despertar nos cidadãos este processo de conscientização para que todos possam realmente nos ajudar neste combate ao mosquito”, comenta.
Em resposta a indagação de uma leitora do Jornal do Sudoeste sobre o uso do “fumacê”, o prefeito ressalta que o equipamento somente é disponibilizado pelo Estado em situação gravíssima. “Existe sim um serviço que já é feito com as bombas costais e de infusão quando o veneno é lançado para matar o aedes aegytpti. Estamos fazendo um trabalho de ‘formiguinha’ mesmo para identificar onde estão concentrados os focos em cada setor da cidade”, comenta.
Ele avalia ainda que quando existe uma possibilidade de endemia o Governo envia a camionete que auxilia para fazer o trabalho de combate de forma mais intensa, sendo que já é feito utilizado as bombas costais.