A história contada de uma maneira muito particular. Assim pode ser definido o trabalho realizado pelos alunos da Escola Municipal Francisco Daniel, do distrito de Guardinha. A atividade é uma espécie de documentário noticioso, pois registra os fatos e informa sobre a vida e a realidade de pessoas da comunidade.
Os vídeos foram produzidos pelos alunos do 6º ao 9º ano, dentro da disciplina de Língua Portuguesa, que é ministrada pelo professor João Paulo Silva. Ele conta que a iniciativa surgiu a partir do curso de Especialização em Mídia e Educação que ele fez, realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto. “Estudei sobre o uso das tecnologias em informação e comunicação como aliados na sala de aula”, descreve.
João Paulo relata que aprendeu sobre o uso das ferramentas para trabalhar com os alunos e transmitir conhecimento. “Isso fez com que os alunos construíssem o seu próprio conhecimento”, comenta.
Ele relembra que no trabalho de conclusão de curso (TCC) realizou uma pesquisa de campo com os alunos que ele atendia na época, uma turma do oitavo ano. “Então comecei a trabalhar as mídias como ferramentas pedagógicas, no trabalho com gêneros textuais, no caso notícia, documentário e reportagem”, cita.
De acordo com o professor em 2021 ele começou a trabalhar na E.M. Francisco Daniel, mas não teve condições de desenvolver o projeto por conta da pandemia. “Estávamos atendendo os alunos de forma remota. Agora com a volta das atividades presenciais resolvi retomar o projeto de trabalhar com as mídias com a produção de conteúdo feito pelos alunos”, conta. Então ele começou a trabalhar com os alunos em sala e com a estrutura dos gêneros textuais. “Foram exibidos vídeos, mostrei como eram produzidos, como fazer um roteiro, como deve ser um documentário, uma notícia e propus que fizessem este trabalho”, completa.
O material está disponível na internet através do canal de João Paulo Silva no You-tube. A partir das reportagens que foram realizadas é possível saber um pouco sobre a história de Guardinha. Os vídeos registram detalhes a respeito de fatos históricos atuais como a ocorrência da pandemia que impactou diretamente na vida das pessoas. Por isso as festas e eventos religiosos não puderam ser realizados e gera a expectativa de que em breve possam ser retomados.
Através das produções é possível saber que Guardinha está localizada na divisa entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. No alto do Morro da Mesa, seu principal cartão de visita fica o marco divisório, onde existe a capela, a imagem do Cristo e a gruta. Entre as atrações turísticas do distrito tem também o riacho Lajeado, muito frequentado na época de calor.
Da parte histórica as reportagens relatam sobre o patrimônio como a construção da igreja dedicada a São Bom Jesus, obra iniciada em 1927 e concluída em 1930, sendo encabeçada por seu ilustre morador Francisco Daniel. Consta também relato sobre a imagem icônica do “Senhor Morto” entalhada em 1890 por João Marceneiro. Também há relatos referentes as festas do Senhor Bom Jesus, que é o padroeiro da comunidade e das Congadas e das Festas de Reis, cada qual a seu tempo.
Fato marcante da atualidade são as obras de calçamento que trouxe melhoria na qualidade de vida dos moradores, acabando com o sofrimento da poeira e do barro, como narrado pelo aposentado Natalino Maciel, morador do Distrito. Ainda assim os registros apontam para a necessidade de mais atendimento médico especializado, lazer para a juventude, geração de empregos e renda, promovendo ocupação, mas principalmente possibilitando o desenvolvimento da comunidade.
A expectativa é de que com a chegada do asfalto possa levar também mais opções e melhores alternativas de progresso e crescimento para as pessoas.
No caso específico deste trabalho com os alunos da Guardinha o professor chama a atenção para o processo de ensino aprendizagem. “Houve a valorização da cultura local para que eles desenvolvessem as informações, as notícias, fatos e acontecimentos valorizando o que eles têm de melhor, no lugar em que vivem”.
Segundo João Paulo a resposta foi positiva. “Eles trouxeram muito da questão cultural, a realidade do distrito. Foram atrás, mostraram a história, a religiosidade, as festividades e trouxeram desta cultura, demonstrando que aprenderam a valorizar a cultura deles”, comenta.
Ao final conclui que a atividade pode ser considerada um sucesso. “Foi um trabalho muito significativo, exitoso e que dá ao aluno a oportunidade de ser protagonista de sua história e do seu processo de aprendizagem”, completa.