A convite do empresário Paulo Flávio de Melo Carvalho, idealizador e responsável pelo novo Santuário de Santa Rita de Cássia, que está sendo inaugurado neste fim de semana em Cássia, Romolo Picoli é mais um artista que se dedicou a este projeto. "Quando cheguei, pisávamos ainda na terra, mas as paredes e o teto já estavam erguidos e podíamos ver os espaços onde hoje estão as minhas obras de arte", conta o artista.
Pesquisador nas áreas de arte, teologia, liturgia e espaço litúrgico, Romolo dedicou mais de um ano para a iconografia do novo Santuário. Em relação à arquitetura, será "um templo moderno, mas também clássico", com pinturas em painéis. Além disso, haverá ainda 56 vitrais com imagens de Jesus e Santa Rita de Cássia, mais sete rosáceas na cúpula.
O trabalho de Romolo Picoli no Santuário de Santa Rita iniciou-se justamente no primeiro dia de sua visita ao local, 31 de maio de 2020. "A partir de então, iniciei uma grande jornada para realizar toda a iconografia do Santuário: na oração, na pesquisa e na elaboração dos estudos, dediquei-me por mais de um ano a esta obra". A execução das obras de arte no espaço santuário iniciou-se no dia 6 de setembro de 2021 e a última pincelada foi dada no dia 16 de abril de 2022.
No Santuário, Romolo realizou o projeto do presbitério com os polos litúrgicos (altar, ambão, sédia e fonte batismal), a capela do Santíssimo sob a cúpula e as obras de arte (pinturas) nas paredes: o ciclo da Vida de Cristo (com 12 murais de aproximadamente 3,50 x 3,30m), o ciclo da Vida de Santa Rita (com 12 murais de aproximadamente 3,50 x 3,30m) e o ciclo da Jerusalém Celeste (com dois murais de aproximadamente 14 x 3 m). "Toda a proposta iconográfica é inspirada na vida litúrgica, parte da Liturgia e nela tem seu cume. A celebração litúrgica é o momento em que se dá a plenitude da vida humana, o momento do grande encontro e o lugar da troca de naturezas, no qual Deus assume o que é nosso e nos dá o que é se", declara Romolo.
Para ele, o maior desafio neste trabalho foi durante a pesquisa sobre a vida de Santa Rita de Cássia. "A maior parte das biografias que temos em português, são breves e bastante carregadas de sentimentalismo, criando uma névoa que deixa a imagem de Santa Rita sem muita definição. Depois de muita pesquisa, consegui com um amigo que estudava em Roma, o texto do Padre Lorenzo Tardy, publicado em Nápoles, em 1841, quando ainda era Beata Rita da Cascia. Essa biografia é uma das primeiras e possui uma apresentação muito profunda e sem muitos enfeites da vida de Santa Rita".
A expectativa é de que suas obras despertem um sentimento bem profundo nas pessoas. "Ao adentrar este Santuário, meu desejo é que os fiéis se sintam parte de toda a obra ali realizada: envolvido pelos lados com a vida de Cristo e a vida de Santa Rita, tendo à sua frente o ciclo da Jerusalém Celeste, os fiéis fecham o quadrado sendo o quarto lado da obra arte", comenta.
Ele também fala da expectativa de que a obra poderá causar aos visitantes do templo. "Minha esperança é que a experiência dessas obras nas celebrações litúrgicas ajude os fiéis a serem eles também, a imagem de Cristo onde eles vivem", cita. Em seguida Romolo ressalta que, "a grande obra mesmo, nós começaremos a ver quando as portas daquele Santuário se abrirem e o Espírito Santo encher de vida as paredes e os corações daqueles que ali entrarem", finaliza.
A sagração do novo santuário está marcada para acontecer neste sábado, 21, a partir das 9 horas, com a celebração de missa presidida pelo bispo diocesano Dom José Lanza Neto. As 15 horas haverá Adoração ao Santíssimo Sacramento; às 19 horas terá missa com a benção aos voluntários. A programação do dia encerra-se às 21 horas, com show da cantora Adriana Arydes.
Romolo Picoli Ronchetti - Nasceu em Colatina (ES) e transferiu-se para São Paulo (SP) em 2001, quando ingressou no Seminário da Diocese de Santo Amaro, no qual se graduou em Filosofia e estudou Teologia (sem concluir). Em 2003 freqüentou o Curso de Iconografia Oriental na Eparquia Nossa Senhora do Paraíso (melquita), tendo o primeiro contato com a produção da arte cristã. Em 2010 graduou-se em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (SP). Desde 2004 realiza pesquisas na área de Arte, Teologia, Liturgia e Espaço Litúrgico (arquitetura e arte sacra) e desenvolve projetos e obras de arte em Espaços litúrgicos no Brasil e no exterior. Em 2019 colaborou com a publicação do livro "A arte como expressão da vida litúrgica" (Pe Marko Ivan Rupnik -- Edições CNBB), realizando a tradução do italiano. Neste ano (2022) concluiu a Pós-graduação em Espaço Litúrgico -- arquitetura e sacra, pela UNISAL em São Paulo. Atualmente ilustra com suas obras a revista Vida Pastoral (Paulus) e realiza a estudos para a iconografia de igrejas em São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Pará e Espírito Santo.