Mick Schumacher não vive um bom momento na F1. A batata começa assar nas mãos do filho do heptacampeão Michael Schumacher à medida em que o tempo passa, ele não agrega resultados e ainda tem causado prejuízos com acidentes fortes. Só neste ano já destruiu dois carros da Haas, e numa época em que as equipes têm que lidar com o teto orçamentário.
É verdade que o orçamento anual da Haas está muito abaixo dos US$145 milhões que as equipes podem gastar por ano, o que significa também que o time norte-americano que vem disputando uma temporada acima das expectativas com os 15 pontos somados por Kevin Magnussen, não tem dinheiro de sobra para cobrir os prejuízos que Mick Schumacher tem causado.
Gunther Steiner, chefe da Haas, não estava nada satisfeito após a batida do alemão em Mônaco: "Não é satisfatório ter um acidente de grandes proporções outra vez. Precisamos ver como seguimos daqui para frente", disse.
Na classificação para o GP da Arábia Saudita, Mick perdeu o controle do carro e o espatifou na barreira de concreto numa batida de 33G. Domingo passado, em Mônaco, ele confessou que errou ao colocar as rodas 10 centímetros fora do trilho no asfalto que começava a secar depois da chuva que caiu antes do início da corrida, e destruiu o carro no guardrail.
Por sorte Mick saiu ileso de ambas as batidas, mas diz uma lenda do automobilismo que não é bom sofrer um terceiro acidente de grandes proporções.
Há uma explicação técnica para os carros terem se desintegrado nos dois acidentes, e isso é fruto de estudos baseados em outro acidente com a própria Haas, mas em 2020 com Romain Grosjean que milagrosamente saiu com vida do meio das chamas quando seu carro explodiu no guardrail e partiu-se ao meio na largada para o GP de Sakhir, no Bahrein.
A Federação Internacional de Automobilismo concluiu que o fato de o carro de Grosjean ter-se partido ao meio, ajudou a absorver energia do impacto. E os carros deste ano foram projetados com o intuito de, em caso de acidente forte, o conjunto traseiro, composto pela caixa de câmbio, suspensão e rodas, se desintegre do chassi para absorver a energia da batida.
As imagens chocam ao ver o carro partido, mas é algo proposital em nome da própria segurança. E isso vem de encontro com um dos maiores desafios que a F1 enfrenta com os novos carros de 2022 que ganharam muito peso por conta das rodas que passaram de 15 para 18 polegadas e equipamentos de segurança.
Os carros passaram de 752 kg para 795 kg, e ganharam mais três quilos a pedido das equipes que vinham encontrando dificuldades para atingir o limite mínimo de peso. E mesmo assim nem todas conseguiram ainda atingir os 798 kg e estão acima do peso.
É ai que entra o perigo. Na busca pela dieta, as equipes apelam para tudo que possa aliviar o peso. Na maioria dos carros onde se vê a cor preta, não se trata de tinta, e sim a cor natural da fibra de carbono. Não deixa de ser alguns miligramas a menos. A Red Bull enfrentou problemas na Espanha com o DRS (asa traseira móvel) porque instalou uma peça extremamente leve que não funcionou direito, e quanto mais se tira o peso de peças, maior o risco de fragilidade.
Em outras palavras, o aumento de peso torna os carros mais perigosos, apontou Fernando Alonso ao ver o acidente de Schumacher. E não é só. Daniel Ricciardo relatou após o escaldante GP de Miami que não se hidratou normalmente durante a corrida para carregar menos peso no carro. E isso é grave, pois, pode colocar em risco a própria saúde dos pilotos.