POLEPOSITION

O normal da F1

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 27-06-2022 13:44 | 492
Verstappen abriu 49 pontos de vantagem sobre Charles Leclerc, da Ferrari
Verstappen abriu 49 pontos de vantagem sobre Charles Leclerc, da Ferrari Foto: FIA

Quem chegou no ano passado e delirou com a disputa épica entre Verstappen e Hamilton que foi decidida na bandeirada da última corrida, pode estar achando o campeonato desse ano sem graça com Verstappen se distanciando a cada corrida na liderança. Mas é assim mesmo, não há nada errado com a F1. Campeonato como o do ano passado é que estava fora da curva, e a mudança de bastão que estamos assistindo, da Mercedes para a Red Bull, é efeito colateral de novas regras que entraram em vigor nesta temporada.

Mas alguém pode estar se perguntando por que mexer no que estava tão bom?

Mudanças de grande impacto como as atuais acontecem de tempos em tempos. Tudo é planejado com muita antecedência e leva alguns anos para entrar em vigor. Foi numa dessas mudanças, em 2014, com a aposentadoria dos motores aspirados e a adoção dos turbo-híbridos que levou a Mercedes a dominar a categoria até o ano passado. A próxima mudança importante de regulamento já tem data prevista: 2026, quando haverá um novo conceito de motor, menos complexo e que conciliou um velho namoro da F1 com a Volkswagen que deu aval para a entrada de duas de suas marcas, a Audi e a Porsche.

A história mostra que essas mudanças de regulamento sempre acabam interferindo na relação de forças da F1. O problema é que muitas vezes elas chegam quando a disputa está equilibrada, quando quem está no topo já não tem mais por onde melhorar e quem estava por baixo evoluiu ao ponto de nivelar a disputa. Foi mais ou menos o que aconteceu nesta temporada.

Não fosse a adoção dos carros com efeito-solo, certamente estaríamos assistindo à continuação do que foi o campeonato do ano passado. Mas a F1 é feita de ciclos, e depois do da Mercedes que durou oito anos, o mais longo de todos os tempos, com 8 títulos de construtores e 7 de pilotos, agora é a vez da Red Bull que também já teve o seu momento entre 2010 e 2013.

Domingo passado o time austríaco venceu pela 82ª vez na F1. Foi a 5ª vitória seguida de Verstappen, a 6ª consecutiva da Red Bull, um feito que ela obteve uma única vez, em 2013, quando Vettel venceu 9 corridas seguidas, da Bélgica ao Brasil. E sem a Mercedes que errou a mão no projeto do modelo W13 que timidamente deu sinais de evolução no Canadá com o 3º lugar de Hamilton e o 4º de George Russell, a Ferrari até pintou como favorita na abertura do campeonato, mas se perdeu nas últimas corridas entre quebras, acidentes e erros de estratégias.

A Red Bull que começou o ano com três quebras em duas corridas, encontrou o caminho e Verstappen, maduro e sem o peso nos ombros depois da conquista do primeiro título no ano passado, é um piloto que não comete erros e capitaliza em vitórias as oportunidades que vão surgindo.

Mas, faltando ainda 13 corridas pela frente, o campeonato está longe de ser decidido. O que aconteceu com o próprio Verstappen atesta isso. Após o GP da Austrália, terceira etapa, ele estava 46 pontos atrás de Leclerc, e bradou: "vou precisar de 45 corridas para descontar a diferença". Mas o holandês foi pessimista demais e seis corridas depois ele está 46 pontos à frente do vice-líder, o companheiro de equipe, Sergio Pérez, e 49 de Leclerc, o 3º.

Embora pareça muito, é possível tirar a diferença. Dois possíveis abandonos de Verstappen, e duas vitórias de Leclerc, equilibram a disputa novamente. No ano passado houve momentos em que Verstappen esteve 32 pontos na frente de Hamilton e ambos chegaram empatados na última corrida.

Então, nada de achar que o campeonato está sem graça e decidido. Tem muita água para passar por baixo da ponte.