No próximo dia 9 de julho São Sebastião do Paraíso receberá historiadores, pesquisadores, professores e estudantes para debaterem sobre a história da região sudoestina mineira. O encontro tem realização da AHPSJ - Associação dos Historiadores e Pesquisadores dos Sertões do Jacuhy, entidade que desde 2005 se debruça sobre temas importantes para a preservação e divulgação da história e memória da região e conta com o apoio da Prefeitura e do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Sebastião do Paraíso.
De acordo com Renata Aparecida Silva Baquião, secretária da AHPSJ, a associação surgiu após vários historiadores da região sentirem a necessidade de discutir, narrar e preservar a memória e história dos Sertões do Jacuhy. Ainda segundo Baquião, é grande a expectativa para o encontro: “Estamos com grande entusiasmo, afinal nosso último encontro foi em 2019 e é sempre uma satisfação reencontrar os colegas e dialogar nossa história regional”.
O fio condutor do encontro será a importância da preservação dos acervos, sejam eles pertencentes ao poder público, instituições privadas ou de particulares. Haverá uma mesa redonda com as professoras Marisa Felice Porta e Adriana Beatriz de Oliveira Polez Rocha sobre o trabalho de preservação de acervo documental que fizeram na região. Também haverá uma palestra sobre “Os registros históricos e sua importância para a construção da história regional e as tradições orais: memórias coletivas” com o Professor Dr. Cézar Cardoso de Souza Neto. E ainda uma palestra acerca da “Importância da Conservação de Documentos para o acesso e preservação da memória” com a arquiteta e urbanista Diane Lopes Almeida. Alguns autores explanarão sobre suas publicações como Reynaldo Formaggio e Eneiva Glaucia de Souza Franco, além de apresentações artísticas de Moiséis Violeiro, Vanessa Takahashi, o Terno de Congo Filhas de Paraíso, entre outros.
Segundo Letícia Mandello Pimenta de Almeida, professora, historiadora e uma das organizadoras do encontro, as expectativas são as melhores possíveis: “Os associados e demais interessados estavam ansiosos por uma nova conferência. A AHPSJ preza por percorrer os municípios que antes faziam parte do Arraial de Jacuhy como sede de seus encontros, retornando agora a São Sebastião do Paraíso em 2022. Com base nas inscrições realizadas teremos um grupo notável de pessoas dispostas a debaterem sobre nossa história e realizar a troca de experiências. É inspirador saber que tantos indivíduos se interessam a debater sobre as atividades humanas dessa região, atividades essas que refletem nossas mentalidades. Afinal a forma como nossos ancestrais conceberam de se organizarem socialmente induziu a formação do que é hoje nossa cultura, a maneira de educar, trabalhar e pensar. Entender a nossa relação com o tempo se faz necessária para a compreensão do presente”.
Almeida destaca ainda a importância da preservação da história local e regional: “O estudo da história regional é essencial para que um coletivo passe pelo processo de construção histórica de sua identidade. Há uma penumbra sobre uma parte de nossa história local e uma tarefa aos historiadores: levantar pesquisas por caminhos pouco percorridos. Há alguns campos de nossa história que são pouco explorados, contudo demasiadamente ricos. De maneira alguma podemos esquecer-nos de um estudo sobre os povos nativos que foram praticamente expulsos da região. E por falar em questão de identidade, uma proliferação dos estudos dos quilombos da região é vital para compreensão de nosso passado escravista. Uma falha que podemos detectar em estudos regionais obsoletos é o estudo voltado unicamente para sujeitos históricos de elite. A História é feita eminentemente por sujeitos históricos populares, não podemos falar de uma história regional deixando esses sujeitos para trás”, finaliza.
Já para José Limonti Júnior, secretário dos Conselhos do Patrimônio Cultural, do Meio Ambiente e do Turismo de Ibiraci e Encarregado de Gestão da PROBRIG (Associação Protetores da Bacia do Rio Grande), a associação e a região devem muito ao seu mentor, o professor Antonio Theodoro Grilo. “É imensurável sua importância como historiador, professor, orientador e autor. Uma referência única que com seu idealismo sempre manteve a chama da associação acesa, desde o primeiro encontro em 2005, realizado em Muzambinho”. Limonti enfatiza também a proposta que justifica a criação da associação: “Não temos que apenas resgatar, mas construir e erigir a história regional, pois nossa história é tão rica e especifica que enquanto não tivermos essa afirmação, continuaremos a ser uma região sem identidade própria”.
Por fim Limonti vislumbra o futuro da associação: “Pode ser brilhante! Que a Associação trabalhe buscando as conexões e interações com diversas redes, pois como ela é uma associação do setor civil, não deve depender apenas do setor público e sim, primordialmente, dos setores da sociedade civil da região. Nossa contribuição enquanto associação é muito importante, não apenas na preservação da memória, mas em muitos aspectos, inclusive para o turismo”.
O encontro é gratuito, mas as vagas são limitadas e as inscrições estarão abertas até sexta-feira, dia 1º de julho.
Serviço
39º Encontro dos Historiadores e Pesquisadores dos Sertões do Jacuhy
Data: 9 de julho (sábado), das 8h às 13h
Local: Anfiteatro da Libertas Faculdades Integradas
Inscrições pelo site: https://www.ssparaiso.mg.gov.br/