POLEPOSITION

Silverstone, um ano depois

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 03-07-2022 09:15 | 905
Momento do polêmico incidente entre Hamilton e Verstappen no ano passado
Momento do polêmico incidente entre Hamilton e Verstappen no ano passado Foto: Reprodução/TV

Silverstone no ano passado foi assim: Um toque polêmico entre Lewis Hamilton e Max Verstappen na primeira volta do GP da Inglaterra, resultou num choque violento do holandês contra a barreira de pneus com impacto de 51G (cinquenta e uma vez a força da gravidade) que o levou ao hospital para exames e observação.

Charles Leclerc assumiu a ponta e liderou até a 49ª de 51 voltas, quando foi ultrapassado por Hamilton que fez impecável corrida de recuperação para descontar os 10 segundos de penalidade que recebeu dos comissários que o consideraram culpado pelo incidente na curva Copse, uma das mais velozes da F1.

Hamilton venceu e no estouro do champanhe no pódio, Verstappen se sentiu ofendido com a comemoração do adversário enquanto passava por baterias de exames. Foi um momento ‘mimimi’ de Verstappen uma vez que Hamilton havia perguntado pelo rádio “como está Max?” 

Um ano depois eles voltam a Silverstone em situações opostas. Verstappen amadureceu muito depois do título conquistado no final do ano na polêmica decisão de Abu Dhabi, e lidera com folga o campeonato desse ano. Hamilton sofre com o pior carro que diz já ter pilotado na F1 e vem sendo constantemente superado pelo novo companheiro de Mercedes, George Russell, único até aqui a terminar todas as corridas entre os cinco primeiros colocados.

As próximas sete corridas serão em pistas normais, diferentes de seis das nove provas disputadas em circuitos urbanos ou com características de pistas de rua que foram tormento para a Mercedes, um dos carros que mais sofreu com os efeitos dos indesejáveis quiques, mas que misteriosamente parece ter sido resolvido de uma hora para outra, no Canadá, depois que a Federação Internacional de Automobilismo soltou uma diretiva técnica em que a própria Mercedes sairia prejudicada, com o objetivo de amenizar os saltos sob o risco de colocar a segurança e a saúde dos pilotos em risco.

É esperado que a Mercedes volte a ser mais competitiva em pistas com o asfalto uniforme e sem as ondulações características dos circuitos de rua.

Hamilton mais uma vez foi vítima de racismo num comentário infeliz de Nelson Piquet em que se referia ao heptacampeão mundial como “neguinho”, num vídeo gravado no ano passado e que circulou pela internet nesta semana, onde Piquet dava sua opinião sobre o incidente de Silverstone, e repercutiu muito mal lá fora.

A F1 reagiu com nota de repúdio: “A linguagem discriminatória ou racista é inaceitável sob qualquer forma e não tem parte na sociedade”. FIA, imprensa, alguns pilotos e equipes entre os quais, Leclerc, Ricciardo, Mercedes, Ferrari, Aston Martin, e o próprio Hamilton que escreveu em português, “vamos focar em mudar essa mentalidade”, também se manifestaram. Piquet se desculpou, disse que sua fala foi mal pensada, e que a tradução em algumas mídias não foi correta. Mas o mal-estar já estava criado.

Hamilton é o primeiro e único piloto negro até aqui na F1 e construiu uma brilhante carreira de sucesso, dono de 103 vitórias e 7 títulos mundiais. Mais que isso, é uma voz de liderança contra o racismo e pela inclusão da diversidade no esporte e que merece ser ouvida.

 O GP da Inglaterra, 10ª etapa da temporada, em Silverstone, abre o movimentado mês de julho da F1 que terá outras três corridas: Áustria, França e Hungria. Max Verstappen lidera o campeonato com 175 pontos contra 129 de Sergio Pérez, e 126 de Leclerc com a Ferrari, que tenta se reabilitar na disputa pelo título depois de somar apenas 22 pontos contra 90 de Verstappen nas últimas quatro corridas.