POLEPOSITION

Balanço de meia temporada

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 17-07-2022 08:04 | 674
Duelo com Hamilton deu vida e  confiança para Mick Schumacher que estava ameaçado de perder o emprego na F1
Duelo com Hamilton deu vida e confiança para Mick Schumacher que estava ameaçado de perder o emprego na F1 Foto: Haas F1

Depois de sete corridas de seca, as últimas cinco fora do pódio, uma hora qualquer Charles Leclerc teria que voltar a vencer na temporada. E foi na Áustria, na casa da Red Bull, numa corrida em que Max Verstappen pintou como favorito, mas a Ferrari se mostrou muito superior desde a largada, muito por conta do melhor aproveitamento dos pneus.

Uma lição que aprendemos no último final de semana é não subestimar a fala dos pilotos ainda no calor da disputa antes de serem moldados pelos assessores de imprensa. A F1 é também um jogo de esconde-esconde, mas após a sprint (mini corrida do sábado) assim que desceram de seus carros, Verstappen mostrou toda a sua preocupação com o desgaste de pneus da Red Bull para a corrida do domingo, mesmo tendo feito a pole e vencido a corrida de classificação. Leclerc que terminou em 2º tinha um sorriso maroto, dando pinta de que tinha um coringa na manga do macacão ao dizer que estava satisfeito com o comportamento da Ferrari. Ele se referia aos pneus que se comportaram bem e lhe davam confiança para as 71 voltas do GP. 

Dito e feito. Na corrida Verstappen não teve chances sequer de se defender e foi três vezes ultrapassado por Leclerc. A festa da Ferrari só não foi completa porque a outra Ferrari, de Carlos Sainz, sofreu mais uma quebra de motor e pegou fogo quando o espanhol também estava prestes a ultrapassar Verstappen para fazer a dobradinha. E a vitória de Leclerc, que parecia tranquila, ganhou contornos dramáticos com problemas de acelerador nas últimas voltas.

A Ferrari tem um carro veloz e competitivo, mas a falta de confiabilidade e erros de estratégia fizeram um diferencial negativo para a equipe na primeira metade de temporada concluída na Áustria, 11ª etapa do Mundial.

Leclerc começou o ano forte com duas vitórias em três corridas, mas depois estagnou e só voltou a vencer no último final de semana. Entre quebras, erros de estratégia e de pilotagem do time italiano, Verstappen capitalizou tudo o que podia, vencendo seis corridas e o resultado é a ainda folgada liderança do campeonato com 208 pontos contra 170 de Leclerc que reassumiu a vice-liderança com a vitória na Áustria.

Ainda restam outras 11 corridas pela frente e o GP da Áustria deu um alento de que temos um campeonato ainda longe de ser decidido, mas desde que a Ferrari resolva seus problemas.

A Mercedes começou mal o campeonato, principalmente nas corridas em circuitos urbanos ou com características de pista de rua, mas demonstrou ligeira evolução em circuitos normais como Barcelona, Silverstone e Áustria, mas domingo passado Verstappen ultrapassou Hamilton com tanta facilidade que deixou escancarado o quanto a equipe ainda está longe de poder lutar por uma vitória em condições normais de corrida.

No fechamento da primeira metade da temporada a boa notícia foi a grata evolução de Mick Schumacher depois de um começo nebuloso que chegou a colocar sua posição na Haas em dúvidas após dois fortes acidentes em que teve o chassi desintegrado na Arábia Saudita e em Mônaco.

Depois de 31 corridas disputadas desde o ano passado, o filho do heptacampeão, Michael Schumacher, marcou seus primeiros pontos em Silverstone e repetiu o feito com a espetacular 6ª posição na Áustria depois de se defender o quanto pode dos ataques de Hamilton. E foi essa disputa com o também sete vezes campeão mundial, como seu pai, que fez Mick enxergar que "todos são humanos e sujeitos a erros quando estão sob pressão", e descobrir na disputa com Hamilton de que tem potencial para competir contra qualquer piloto do grid.