Numa rápida olhada nas estatísticas do GP da França, um dos mais tradicionais da F1 e que recebe a categoria pela 62ª vez, abrindo a segunda metade da temporada, penúltima etapa antes da pausa para as férias do verão europeu que esse ano está derretendo tudo por lá, Michael Schumacher foi quem mais venceu a prova, 8 vezes e, Alain Prost, o que mais venceu no Circuito de Paul Ricard, em Le Castellet, com quatro vitórias, entre elas a de 1988 que ilustra esta coluna, ladeado por Ayrton Senna e Michele Alboreto no pódio.
A corrida deste final de semana é a 12ª etapa do campeonato e a 18ª em Paul Ricard que iguala com Magny Cours como as pistas que mais sediaram a prova entre as sete sedes que o GP da França já teve. E apesar de toda a tradição e de tantos pilotos talentosos que passaram pela categoria, dentre eles o próprio Prost, tetracampeão Mundial, o GP da França que existe muito antes do nascimento da F1 em 1950, ficou fora do calendário de 2009 a 2017 por questões políticas.
Apesar de sua rica história no automobilismo, o Circuito de Paul Ricard não está entre as melhores pistas da F1, principalmente depois que intercalaram a longa reta Mistral com chicane para quebrar a velocidade dos carros. As características do traçado muitas vezes proporcionam corridas monótonas, mas a temporada de 2021 foi tão especial que até o GP da França foi emocionante com Max Verstappen ultrapassando Lewis Hamilton na penúltima volta depois de optar por uma estratégia arriscada de duas paradas para troca de pneus contra uma de Hamilton.
Ano passado as temperaturas estavam mais amenas do que as previstas para esse final de semana, e os pneus de compostos da gama intermediária da Pirelli se degradaram mais do que as equipes previam, o que aumenta a tensão nos boxes por parte dos estrategistas por causa da temperatura do asfalto que estará muito mais alta, comprometendo a durabilidade e o desempenho dos pneus num traçado com curvas de média e alta velocidade. A Pirelli disponibilizou os mesmos compostos C2, C3 e C4 do ano passado -, esse último provavelmente será usado apenas em casos extremos na corrida.
Paul Ricard é uma pista convidativa para os pilotos irem além do limite do traçado por possuir generosas áreas de escape asfaltadas, mas a obsessão da Federação Internacional de Automobilismo em punir os pilotos que ultrapassam a linha branca que limita a pista, e que tem desagradado pilotos, chefes de equipes e os fãs, será mais uma vez um dos tópicos de discussão do GP da França.
Tudo bem que o diretor de prova tem que seguir o que determina o artigo 33.3 do regulamento que fala sobre os limites de pista, mas tem havido certo exagero na interpretação da regra ao ponto de ocorrer 43 advertências no GP da Áustria e 4 pilotos punidos em 5 segundos, sem falar na confusa punição aplicada a Sergio Pérez depois de obter a 4ª posição no grid e ser rebaixado para 13º porque sua volta na segunda parte da classificação, o Q2, foi deletada por ter ultrapassado com as quatro rodas a linha branca que limita a pista numa das curvas policiada pelo diretor de prova.
A Ferrari já venceu 15 vezes o GP da França, um alento para a equipe que vem de duas vitórias consecutivas, mas ao mesmo tempo o forte calor cria um ponto de interrogação porque aumenta o risco de novas quebras de motor que tem sido um pesadelo para Charles Leclerc e Carlos Sainz.
Max Verstappen lidera o campeonato com 208 pontos contra 170 de Leclerc, e a Red Bull o de construtores com 359 pontos contra 303 da Ferrari. O asfalto liso e uniforme de Paul Ricard joga a favor da Mercedes que vem evoluindo, embora esteja longe de lutar por vitória em igualdade de condições com Red Bull e Ferrari, mas já pensou que história(!) se Hamilton vencer em seu 300º GP de F1?