Ficou no ar a sensação de copo meio cheio e meio vazio com a ida de Oscar Piastri para a McLaren, afinal, a Alpine investiu milhões de dólares em sua formação como piloto desde que o recrutou em sua academia de pilotos, e foi traída pelo próprio que assinou com a equipe adversária. Por outro lado, a Alpine deixou a porta aberta ao subestimar o risco de perdê-lo mesmo conhecendo o mundo selvagem da F1 onde nem tudo são flores.
Mas o que seria de Piastri se ficasse na Alpine, e o que será dele indo para a McLaren no lugar de Daniel Ricciardo no ano que vem? Antes, quem é Oscar Piastri? O jovem australiano de 21 anos é integrante da academia de formação de jovens pilotos da Alpine desde janeiro de 2020 depois de vencer na F-Renault Europeia em 2019. Em 2020 foi campeão da F3, no ano seguinte conquistou o título da F2, a ante-sala da F1.
Piastri é um jovem cobiçado no paddock da F1 e por falta de vaga disponível, teve que ficar parado esse ano à espera de um cockpit que naturalmente seria da própria Alpine em 2023.
Com Esteban Ocon garantido até o final de 2024, eram boas as chances de renovação do contrato de Fernando Alonso para o ano que vem, e a questão era apenas encaixar Piastri na Williams por empréstimo. As conversas estavam adiantadas.
Porém as negociações com Alonso começaram a esbarrar na duração do contrato. O espanhol exigia um acordo de 2 anos com opção para mais um ou então três anos direto. A Alpine se sentia na zona de conforto tendo Piastri como plano B, mas não contava que Alonso fosse se acertar com a Aston Martin meio às conversas. E acabou surpreendida com Piastri colocando o carro na frente dos bois e assinado antes com a McLaren.
Há um risco assumido por Piastri ao se apressar em ir para a McLaren que tem Lando Norris como prata da casa, tão jovem e talentoso quanto experiente. O jovem australiano terá que encarar um osso duro de roer em sua temporada de estreia. Norris simplesmente trucidou Daniel Ricciardo desde que chegou à McLaren, vindo coincidentemente da Renault, hoje Alpine, e pegará mal para Piastri caso seja ofuscado, já que é apontado com um dos grandes da nova geração.
Ficar na Alpine que disputa com a própria McLaren a condição de quarta força da F1 seria uma opção mais segura. Ocon é outro excelente piloto, mas na minha visão está um degrau abaixo do talento de Norris, além de a Alpine ser um ambiente familiar para Piastri, o que lhe ajudaria muito em sua estreia.
Mas entre estrear pela Williams ou vislumbrar uma oportunidade melhor em outra equipe já que havia esforços para a permanência de Alonso, Piastri optou pela segunda opção e deu uma banana para Otmar Szafnauer, chefe da Alpine, ao assinar com a McLaren, embora a Williams não fosse um lugar desprezível para um novato que sequer participou ao menos um treino livre em final de semana de Grande Prêmio. George Russell, hoje na Mercedes, é uma prova de que não foi em vão os três anos de aprendizado que teve na Williams antes de se tornar companheiro de Lewis Hamilton e estar dando trabalho ao heptacampeão.
Mas se por um lado ficou a impressão de traição a quem investiu milhões de dólares em sua formação como piloto, por outro lado a Alpine também não cumpriu uma série de compromissos que estava no acordo com Piastri e isso também foi determinante para o australiano pegar o boné e ir para a garagem da equipe concorrente.
No frigir dos ovos, só o tempo dirá se Piastri e o staff que cuida de sua carreira, sob a administração do ex-piloto Mark Webber agiram certo ou errado com a escolha que fizeram. Na minha opinião, ambas as partes agiram errado: tanto Alpine quanto Piastri.
Ao meu querido pai, deixo aqui um abraço e beijo carinhoso pelo seu dia!