Completando muitas primaveras, sinto-me à vontade, como aposentado, fazer algum respingo sobre as eleições.
Costuma-se dividir a história das eleições em três períodos: os das urnas de madeira que se votava com cédulas de papel previamente escrito com o nome de seu candidato.
As urnas de lona, e finalmente, as urnas eletrônicas.
Antigamente o eleitor votava por vontade própria, hoje é por obrigação. Outro sistema negativo é a quantidade de abstenções.
O mesário mais antigo do Brasil, José Carlos de Mello Rocha, de Curitiba, Paraná, octogenário, com 58 anos de atuação nesse serviço, logo que tirou o título de eleitor tomou tanto gosto que nunca mais parou. Quando lhe perguntavam qual a eleição mais importante de sua trajetória, respondia: “É a próxima”.
Recomendo aos jovens a leitura do livro “Virtuosos”, do cientista político e jornalista Luiz Ferreira D’Ávila que retratou os primeiros vinte anos da política no Brasil, tendo como protagonista um grupo de homens que ingressou na vida pública imbuídos de um “sentimento de dever”.
Para ilustrar como era a propaganda eleitoral no meu tempo, cada um andava com distintivo na lapela do paletó, símbolo escolhido pelos candidatos.
O distintivo em forma de caneta era do candidato Tancredo Neves, que iria assinar decisões administrativas prometidas. Nos anos 1950 seu jingle, ainda me lembro o comitê com microfone e alto-falante nas alturas cantando: “O gigante se conhece pelo dedo – Tancredo – Tancredo”. E o jingle de João Goulart (Jango) candidato a vice-presidente da República (substituiu Jânio Quadros que renunciou), dizia: “É o Jango – Jango na hora de votar é o Jango Goulart”.
A vassoura representava Jânio Quadros que prometia varrer as sujeitas na política, e o distintivo do Marechal Teixeira Lott era a espada, “para defender os interesses do povo).
Bons e saudosos tempos.
Sebastião Pimenta Filho
Cronista, Historiador