Em Cingapura, Max Verstappen não teve a tranquilidade de quem vinha navegando em águas serenas. Na sexta-feira perdeu muito tempo nos boxes com os mecânicos da Red Bull fazendo ajustes no seu carro. No sábado, deu chilique pelo erro da equipe no cálculo de combustível que o fez abortar a volta rápida e largar de 7º no grid. E no domingo o holandês perdeu várias posições na largada por uma falha no mapeamento do motor, avançou durante a corrida, errou ao passar reto na curva numa tentativa afoita de ultrapassagem sobre Lando Norris da McLaren, e terminou em 7º, desperdiçando a primeira chance de liquidar o campeonato por antecipação.
Nesta madrugada Verstappen terá a segunda chance, desta vez em Suzuka, no Japão, que assim como Cingapura, está de volta à F1 depois de três anos fora do calendário por conta da pandemia.
A matemática desta vez é até mais simples do que era na semana passada. Basta vencer e somar o ponto extra da volta mais rápida para tornar-se bicampeão independente dos resultados de Leclerc e de Pérez. Para simplificar, Verstappen precisa somar 8 pontos a mais que Leclerc, e 6 a mais que o companheiro de Red Bull, Sergio Pérez. O holandês soma 341 pontos contra 237 e 235 respectivamente de seus únicos oponentes ao título, restando ainda cinco GPs pela frente.
O Japão que já foi palco de 13 decisões de campeonato pode colecionar a 14ª neste que será o seu 36º GP, o 31º no espetacular e desafiador Circuito de Suzuka, pista raiz da F1 com 5.507 metros, no quintal da Honda.
O conturbado final de semana de Verstappen em Cingapura acabou sendo um alento para a Honda que embora tenha “deixado” (entre aspas) a F1 no final da temporada passada, continua prestando assessoria e assistência técnica para Red Bull e depois de naufragar as negociações do que seria a futura parceria da Red Bull com a Porsche, as coisas caminham passos largos para um novo acordo oficial de longo prazo com a Honda, tanto que neste final de semana, Red Bull e Alpha Tauri voltaram a estampar em seus carros a marca e o nome da Honda.
Mas nem tudo está sendo festa para a Red Bull desde que surgiram rumores em Cingapura de que ela e a Aston Martin teriam ultrapassado o limite do teto orçamentário de US$145 milhões que entrou em vigor no ano passado, e se o estouro ultrapassar os 5% toleráveis, pode haver punições que podem ir de uma simples reprimenda, até uma possível desclassificação do campeonato.
Ferrari e Mercedes que andam desconfiadas de como a Red Bull consegue fazer tantas atualizações em seus carros, entre elas reduzir em cerca de 20 kg o excesso de peso, cobram ação enérgica da Federação Internacional de Automobilismo que está sendo cautelosa com o assunto e a divulgação do relatório de gastos de cada uma das dez equipes que seria divulgado na última quarta-feira, foi adiado para a próxima segunda (10).
Esse comportamento que às vezes passa a impressão de insegurança é muito característico da FIA que parece não acompanhar a velocidade da F1 em suas tomadas de decisões. Em Cingapura a direção de prova atrasou a largada em 1h05min por conta de uma forte chuva que no horário original da largada já havia parado. E os comissários demoraram 3h após a bandeirada para oficializar a vitória de Sergio Pérez que havia violado as regras do Safety Car.
Na última vez que a F1 correu no Japão, em 2019, a vitória foi de Valtteri Bottas e a Mercedes só não fez a dobradinha porque o pole position, Sebastian Vettel, terminou em 2º, à frente de Hamilton. Vettel, que vai se aposentar da F1 no final da temporada, disse que não se importaria em voltar a qualquer tempo para disputar novamente outra corrida no Japão, uma prova do quanto o clima festivo proporcionado pelos torcedores japoneses e a pista desafiadora agradam os pilotos.
A largada para o GP do Japão acontece às 2h desta madrugada.