POLEPOSITION

Red Bull precisa ser punida com rigor

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 16-10-2022 06:25 | 757
Verstappen observa a placa de campeão mostrada por um torcedor japonês
Verstappen observa a placa de campeão mostrada por um torcedor japonês Foto: Divulgação

Poderíamos estar apenas celebrando o bicampeonato de Max Verstappen conquistado por antecipação numa minicorrida encurtada pelas complicadas condições climáticas no Japão. Aos 25 anos, o holandês faz história na F1. Em Suzuka ele conquistou a 32ª vitória da carreira, a 12ª do ano em 18 corridas, restando ainda quatro pela frente. E nesta toada ele poderá superar o recorde de 13 vitórias numa mesma temporada obtidas por Schumacher com a Ferrari em 2004 e Vettel com a Red Bull em 2013.

A chuva que caiu com força no momento da largada provocou uma longa interrupção de 2h e depois de reiniciada, durou apenas 40 minutos. Foi o tempo que Verstappen precisou para conquistar o título que ele só tomou conhecimento a caminho do pódio porque nem a equipe sabia que os pontos distribuídos eram suficientes para levantar o caneco.

A nova regra sobre corrida paralisada e reiniciada dentro do limite máximo de 3h após a largada foi cumprida à risca. A confusão geral em que ninguém sabia quantos pontos cada piloto receberia já que foram cumpridos apenas 52% do total de voltas foi causada por uma má redação do texto. Como eu sempre costumo dizer, escrever é uma arte!

Mas quando outros assuntos chamam mais atenção do que o campeão é porque algo não anda bem, tendo como pano de fundo a Federação Internacional de Automobilismo com algumas tomadas de decisões confusas que têm desagradado, por vezes causado indignação.

Domingo, no meio do aguaceiro, surgiu um trator na pista para retirar a Ferrari de Carlos Sainz com os carros passando a menos de 2 metros de distância; e não importa se a prova estava sob bandeira vermelha ou não, o fato é que se algum carro escapasse naquele trecho, hoje estaríamos lamentando mais uma vítima do GP do Japão a exemplo de Jules Bianchi por motivo semelhante em 2014 quando acertou um trator que removia outro carro na área de escape, e o levou a morte alguns meses depois em consequência da trágica batida. Isso causou a ira dos pilotos, principalmente Pierre Gasly que viu o perigo muito de perto. “Passei a dois metros de falecer hoje, o que não acho aceitável como um piloto de corrida”, disse um assustado e inconformado Gasly.

Mas o tema da coluna ainda é outro: O estouro do teto orçamentário da Red Bull no ano passado, ficando acima do limite de US$145 milhões.

A pergunta que não quer calar é: como, quando e quanto a Red Bull vai pagar por infringir a regra que estreou em 2021? E nesse momento em que escrevo, nem a própria FIA sabe responder. Segundo o relatório da entidade, o estouro da Red Bull foi menor dos até 5% excedentes (US$7,3 milhões) onde as penas podem ser mais brandas.

A pena para quem descumprir o regulamento financeiro não é muito clara, mas pode ir de uma simples reprimenda, passando por multa, perda de pontos e até desclassificação.

A Red Bull alega que excedeu apenas U$S1 milhão, que teria sido gastos com alimentação e despesas com funcionários demitidos. Não importa. Se a FIA não punir com rigor, abrirá um precedente perigoso. Estará matando o teto orçamentário que tanto custou para ser implantado. Porque outras equipes também não vão respeitar a regra e a F1 pode virar terra de ninguém.

Minha opinião do que deve acontecer? Lembra de quando a Ferrari foi pega burlando o regulamento de motor e depois de um misterioso acordo secreto com a FIA - até hoje não revelado - perdeu desempenho abrupto, se arrastou pelas pistas em 2020 e só voltou a ser competitiva neste ano? Acho que é mais ou menos por aí o que deve acontecer com a Red Bull.

Não estranhe se em 2023 Verstappen e Pérez ficarem para trás como os pilotos da Ferrari ficaram em 2020. Para o bem, a moral e a lisura da F1, a Red Bull precisa pagar por ter violado o regulamento. Eu só espero que desta vez a FIA seja transparente com a punição a ser aplicada.