Há coisas na F1 que na maioria das vezes passam despercebidas da grande maioria do público, exceto aos olhos mais atentos de quem está no paddock, ou das lentes dos fotógrafos. Mas elas estão sempre lá, corrida a corrida.
Poucos saberiam dizer com precisão quantas modificações os carros deste ano sofreram ao longo da temporada desde a abertura do campeonato no Bahrein. O site alemão, Auto Motor Sport, tem esses dados: Foram 287 atualizações de grande ou pequeno porte, levando em consideração somente itens aerodinâmicos. Não entram na conta as alterações no chassis e na redução de peso.
A McLaren foi a que mais fez alterações no modelo MCL36: 53 vezes. A equipe caiu para a 5ª posição no campeonato de construtores na disputa acirrada pela quarta força da F1 com a Alpine que fez 31 mudanças.
A Mercedes está introduzindo nesse final de semana a 38ª e última atualização do ano no modelo W13, mas a maior delas ocorreu ainda na pré-temporada, quando os carros de Hamilton e Russell surgiram com os minúsculos sidepods, as caixas laterais onde abrigam os radiadores de água e de óleo. A equipe ensaiou alguns progressos na segunda metade do campeonato, mas ainda está longe do topo, onde reinou de 2014 a 2021.
Com 35 mudanças, a Williams que não decolou e ocupa a lanterna do campeonato, foi a terceira que mais mexeu no FW44 de Alex Albon e Nicholas Latifi.
E como qualidade vale mais que quantidade, a líder Red Bull que já tem Verstappen campeão por antecipação, e que pode conquistar o título de Construtores amanhã, fez apenas 27 alterações aerodinâmicas, enquanto a Ferrari fez menos ainda: 19.
Alfa Romeo fez 24 evoluções, 17 delas de uma só vez no GP da Inglaterra, mas a equipe que fazia um campeonato interessante no pelotão intermediário agora vem caindo pelas tabelas. A Aston Martin fez 30 mudanças, a Alpha Tauri 16, e a Haas que tem um bom carro, mas pouco dinheiro para desenvolvê-lo, fez apenas 14 alterações. Pesa na conta os três chassis destruídos por Mick Schumacher ao longo do ano.
Embora as atualizações cumpram o seu propósito de melhorar o equilíbrio e desempenho dos carros, me chamou atenção no estudo do Auto Motor Sport que elas não serviram para aproximar as equipes uma das outras.
É verdade que a F1 passou por uma grande revolução técnica com a volta do efeito solo e o teto orçamentário que limitou as equipes, principalmente as grandes de gastarem rios de dinheiro e isso mexeu com a relação de forças do campeonato, como a queda da Mercedes e a evolução da Ferrari. Mas aumentou a distância entre elas em relação ao ano passado.
A Ferrari começou o ano forte, prometendo a redenção desde o último título com Raikkonen em 2007. O SF75 de Leclerc e Sainz era o carro a ser batido, mas a equipe se perdeu nos próprios erros de estratégia, dos pilotos, e com várias quebras. Deu muita chance para a Red Bull que capitalizou em todas as falhas da adversária, e quando acertou de vez o RB18 a partir do GP da França, Verstappen passou como um rolo compressor sobre a Ferrari.
O mesmo Verstappen tem agora uma missão um tanto inglória: correr em busca dos recordes que ainda pode bater nesta temporada, ou ajudar o companheiro de Red Bull, Sergio Perez, a conquistar o vice-campeonato, o que seria a cereja do bolo terminar um ano irreparável com dobradinha no Mundial de Pilotos. Ao pé da letra, Verstappen tem essa dívida com Perez que foi fundamental para a conquista do título do ano passado quando o mexicano bloqueou Hamilton para ajudar o holandês, em Abu Dhabi.
A classificação para o GP dos EUA acontece hoje às 19h, e a corrida amanhã, com largada às 16h. Depois vão faltar os GPs do México, São Paulo e Abu Dhabi.