Para nós aqui no Brasil, o GP da Cidade do México não caiu em uma boa data. Imagine que amanhã, às 17h, no exato momento em que encerram as votações e começa a apuração das eleições de 2022, será dada a largada para a 20ª e antepenúltima etapa do Mundial que já tem os títulos de pilotos definidos a favor de Max Verstappen, e o de construtores a favor da Red Bull? A nossa sorte é que a F1 está na Band que vai transmitir a corrida na íntegra.
No ano passado Max Verstappen fez uma extraordinária largada, superando as duas Mercedes por fora na primeira curva do Circuito Hermanos Rodriguez e venceu a prova que teve poucas emoções, mas viu como poucas vezes um público eufórico festejar como se fosse o título do piloto da casa, Sergio Perez, que terminou em 3º.
Um extasiado ‘seu’ Antonio Perez, pai, e o pequeno Checo, filho do piloto, foi a cena emblemática do final de semana que reuniu 372 mil pessoas no autódromo durante o final de semana.
Essa mesma massa enlouquecida por Perez deve novamente ser protagonista nas arquibancadas na medida em que ‘Checo’, apelido de Sergio Perez, está na disputa apertada pelo vice-campeonato com Charles Leclerc, da Ferrari. Apenas dois pontos os separam, com vantagem para o monegasco que recuperou o segundo lugar com a terceira posição no GP dos Estados Unidos no domingo passado.
Essa é uma das muitas disputas que estão em jogo neste final de temporada. A Red Bull tem muito mais carro do que a Ferrari, e com os dois títulos já definidos, Perez tem a chance de ter pela primeira vez a equipe focada em si para que vença essa batalha, o que seria a cereja do bolo para coroar uma temporada incrível da Red Bull que passou como um rolo compressor sobre a Ferrari que no começo do ano pintou como a equipe a ser batida.
Mas olhando a tabela de classificação, tem mais disputas das boas em jogo: Lewis Hamilton está apenas 4 pontos atrás de Carlos Sainz, o 5º colocado (202 a 198). Pode parecer pouco, mas é questão de honra para ambos. Sainz vem de uma temporada de altos e baixos, completou apenas duas voltas nas últimas duas corridas, e não cairia bem terminar atrás dos pilotos da Mercedes que passaram o ano sofrendo com um carro tecnicamente inferior. George Russell (4º), está 16 pontos à frente de Sainz, e nessa, até Hamilton vai fazer das tripas coração para superar o companheiro de equipe.
Não se engane ao achar que um multicampeão como Hamilton se dá por vencido só pelo fato de não ter equipamento para vencer corridas. Está no instinto de qualquer piloto a ambição de superar quem estiver à sua frente, principalmente se for o companheiro de equipe, o primeiro da lista que todos querem superar.
E a vice-liderança da Ferrari no Mundial de Construtores não está nada confortável diante da aproximação da Mercedes (469 a 416). 147 pontos ainda estão em jogo.
Tem mais: Alpine e McLaren estão se pegando na disputa pelo 4º lugar entre os construtores (144 a 138). Repito o que escrevi sobre Hamilton e Sainz: pode parecer pouco, mas estão em jogo 18 milhões de euros, e um pouco mais atrás, Alfa Romeo e Aston Martin estão separadas por um ponto (52 a 51) na briga pelo 6º lugar, que também vale muitos outros milhões de euros na distribuição das receitas da F1.
Quer mais? A Haas, lanterna do ano passado, está conseguindo a proeza de superar a Alpha Tauri, irmã da Red Bull, na disputa pelo 8º lugar (38 a 36).
São disputas que às vezes passam despercebidas quando lá na frente a briga pelo título está viva, como era nessa época no ano passado, mas que agora passam a ser mais visíveis para o público.
Como dizia um amigo meu, enquanto as atenções ficam voltadas lá na frente, ninguém imagina o tiroteio que acontece lá atrás no grid.