Um grupo de manifestantes tomou parte da rodovia MG-050 em São Sebastião do Paraíso e controla o fluxo de veículos que transitam pelo trecho na chegada da cidade. Caminhões de carga estão sendo impedidos de continuar e são orientados a encostar no pátio de um posto de combustíveis ou às margens da rodovia. O movimento é liderado por “pessoas civis” que justificaram o protesto por não concordar que o candidato eleito Luís Inácio Lula da Silva, que ganhou as eleições no domngo,30 de outubro, assuma a presidência da República.
Assim como em várias regiões do País que - logo após a proclamação do resultado final das eleições no segundo turno, para presidente da República, com vitória do candidato Lula- manifestantes paralisaram rodovias em protesto, em Paraíso não foi diferente. As manifestações foram se multiplicando por cerca de 18 estados ao longo da segunda-feira,31. No final da tarde de segunda as manifestações já eram realizadas na região como Poços de Caldas, Passos, Guaxupé, Batatais, Franca e Ribeirão Preto, as três últimas no lado paulista.
Em São Sebastião do Paraíso a manifestação começou no início da noite quando manifestantes colocaram barricadas na pista com pneus e madeira e atearam fogo. O fluxo de veículos passou a ser controlado, com o impedimento de que caminhões de carga prosseguissem viagem. Veículos de passeio, ônibus, ambulâncias e cargas perecíveis podem transitar normalmente, sem nenhum prejuízo.
Pela manhã a movimentação foi intensificada na MG-050 com a presença de mais manifestantes. “Somos a favor do Brasil e não aceitamos que um homem que ficou preso, condenado e que foi acusado por tantos desmandos venha assumir o governo, não podemos aceitar”, disse um dos líderes do movimento que não teve o nome revelado.
“Não sou a favor de Bolsonaro, estamos aqui pela população, como pessoas civis”, declarou. Também foram feitas críticas ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Alexandre de Moares. “Não vamos acatar as ordens dele. Ele se acha acima da lei, beneficiando apenas um lado”
Outro manifestante disse que não concorda em permitir que “uma pessoa igual ao Lula não o represente enquanto governo”. Continuando disse temer que o Brasil se torne uma Venezuela, “não vamos permitir”, assegurou. “Vamos continuar, mais pessoas estão sendo mobilizadas e vão se juntar a nós, vamos mostrar que não concordamos com esta situação”, citou. “Queremos deixar bem claro que não estamos aqui em nome de caminhoneiros ou contra aumento ou para baixar o preço de combustíveis, não é isso, queremos um Brasil livre”, completa.
Ainda pela manhã a Polícia Rodoviária Estadual esteve no local e orientou aos manifestantes sobre os procedimentos que serão tomados. Foi alertado que não se pode impedir o direito de ir e vir das pessoas. Não foi aplicada multa aos manifestantes e sim informado que o trânsito não pode ser interrompido. Durante o momento em que esteve na MG-050 não foi registrada a presença de lideranças ligadas aos caminhoneiros e transportadores de carga de Paraíso e região.
Na região há informações sobre outras manifestações na MG-050 em Passos. Também na BR-146, em Guaxupé, desde ontem (segunda) há interrupção do fluxo de veículos, no Trevo da Japi, em direção a São Pedro da União e também em sentido a Guaranésia. Ainda há manifestações em Muzambinho.
DESOBSTRUÇÃO
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou na manhã desta terça-feira (1º) que as polícias militares desobstruam as estradas fechadas no país e identifiquem os responsáveis pelos bloqueios. Moraes mandou os policiais militares identificarem os caminhões usados para bloqueios, obstruções ou interrupções em causa; aplicação de multa horária de R$ 100 mil para cada os donos desses veículos; e prisão em flagrante delito dos que estiverem praticando crimes.
No início da madrugada desta terça-feira, o STF formou maioria para referendar a decisão de Moraes, que determinou, pouco antes, que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as polícias militares dos estados desobstruam de imediato todas as rodovias federais ocupadas ilegalmente.