Quanta coisa aconteceu nesses 50 anos de F1 no Brasil desde a corrida inaugural de 1972 que não contou pontos para o campeonato, mas serviu para homologação do Autódromo de Interlagos, até a magistral vitória de Lewis Hamilton no ano passado comemorando com a bandeira do Brasil em punho como se fosse um brasileiro?
Bem, ele agora é “um de nós”, como disse ao receber o título honorário de cidadão brasileiro, em Brasília, no começo da semana numa homenagem mais do que justa para uma personalidade como Hamilton, condecorado como “Sir” pela Coroa Britânica, mas que nunca escondeu a admiração por Ayrton Senna e o amor pelo Brasil.
“É uma honra para mim receber esse título e agora posso finalmente dizer que sou um de vocês. Eu amo o Brasil. Sempre amei”, disse.
A cena de Hamilton imitando um gesto de Senna e depois enrolado com a bandeira do país no pódio é daquelas imagens que ficará eternizada na história da F1 no Brasil.
Eu poderia mencionar as duas vitórias de Emerson Fittipaldi, a única de José Carlos Pace que dá nome ao autódromo paulistano, ou as de Nelson Piquet no Rio, ou ainda as duas conquistas dramáticas de Ayrton Senna, as de Felipe Massa; a histórica decisão de 2008 em que Massa foi campeão por alguns segundos até Hamilton cruzar a linha de chegada… Seria pauta também mencionar Rubens Barrichello que sempre deu tudo e um pouco mais em Interlagos e mesmo sem ter conhecido a glória em casa, ainda é um nome ovacionado a cada ano nas arquibancadas em dias de corrida.
Mas nesses 50 capítulos houve uma conquista quase improvável e que merece ser lembrada porque será a última vez que Sebastian Vettel vai correr no Brasil.
O ano era 2012, última etapa do campeonato. Vettel precisava apenas de um 4º lugar para conquistar o tricampeonato. Mas tudo começou a (quase) dar errado poucos minutos antes da largada quando começou uma garoa que aos poucos foi deixando o asfalto ensaboado.
Na largada Vettel escapou com sorte de um enrosco com Mark Webber no S do Senna. Era o prenúncio do que estava por vir. Na freada para a Curva do Lago, levou um toque de Raikkonen e na sequência outros dois de Bruno Senna. Vettel rodou, caiu para último e talvez nem ele saiba até hoje como conseguiu sobreviver àquela primeira volta caótica.
Um problema de escapamento em consequência das batidas que levou tornou ainda mais complicada a vida do alemão que também perdeu a comunicação com a equipe pelo rádio.
Com o carro avariado, chuva que ia e voltava, Vettel terminou em 7º e conquistou o tricampeonato já que Alonso precisava da vitória e chegou em 2º. Ao descer do carro, abraçou fervorosamente o ídolo Michael Schumacher que fazia sua segunda despedida em Interlagos.
Vettel é outro gigante do esporte, assim como Hamilton, não só pelo que fazem nas pistas, mas fora delas com as causas que abraçam. Ele está promovendo um leilão para a sua despedida da F1 em Abu Dhabi, já na semana que vem, onde os que derem os maiores lances terão suas fotos estampadas em seu capacete, e o dinheiro será revertido para instituições de caridade.
Dono de 53 vitórias - duas em Interlagos - 57 poles e 4 títulos mundiais, Vettel merece também homenagens em sua última passagem pelo Brasil.
O Jornal do Sudoeste está em Interlagos e a cobertura completa do GP de São Paulo está no site do jornal.