POLEPOSITION

Antes de Maradona e Messi, eles tiveram Fangio

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 25-12-2022 07:30 | 1137
A Argentina do futebol também já escreveu  importante capítulo na história da F1
A Argentina do futebol também já escreveu importante capítulo na história da F1 Foto: Divulgação

O momento é todo da Argentina. Depois de 36 anos de uma longa espera, a Seleção Argentina escreveu uma linda história na Copa do Qatar. História de superação, que começou com o acidente de percurso contra a Arábia Saudita, o risco de cair na fase de grupos, o apagão contra a Holanda nas quartas de finais que quase pôs tudo a perder, e o susto contra a França numa das decisões mais dramáticas e eletrizantes de todas as Copas do Mundo.

Tudo é festa no país vizinho e com todo o direito de comemorar. Os argentinos sabem como poucos reverenciar os seus ídolos, cultivar seus patrimônios como a própria Seleção Argentina. Mas antes de Maradona e de Messi, eles tiveram Fangio. Sim, vamos falar um pouco do automobilismo da Argentina que também tem uma riquíssima história na F1 escrita principalmente pela lenda Juan Manuel Fangio nos anos 1950.

Mas antes de falar de Fangio, um outro contemporâneo, José Froilán González, o "Touro dos Pampas", apelido que ganhou por seu estilo aguerrido e pelo porte físico um pouco (ou muito) avantajado, foi o piloto que deu a primeira vitória para a Ferrari na F1, em 1951 no GP da Inglaterra, em Silverstone. Gonzalez disputou 26 corridas, fez três poles, venceu duas - a outra foi em 1954, também com a Ferrari na mesma pista de Silverstone -, e deixou escrito os anais da Fórmula 1 e nos registros de Maranello, que foi um argentino quem conduziu pela primeira vez a escuderia do Cavalinho Rampante à vitória!

Outro nome importante que marcou época nos anos 1970 e início dos 80 foi Carlos Reutemann, que disputou 146 GPs, fez 6 pole positions e venceu 12 corridas, foi vice-campeão em 1981 perdendo o título para Nelson Piquet.

A rivalidade entre Brasil e Argentina não se resume apenas ao futebol. Nas pistas eles também são marrentos. Na decisão do título da F3 Sul-Americana de 1993, Helio Castroneves, quatro vezes vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, venceu a última corrida daquele ano, mas a poucos metros da bandeirada, Fabian Malta, Gabriel Furlan e Guillermo Kissling praticamente estacionaram seus carros para que o compatriota, Fernando Croceri, que vinha em 5º terminasse em 2º e conquistasse o título por um ponto numa das mais escabrosas decisões do automobilismo.

Ao todo a Argentina teve 26 pilotos na F1, alguns sequer conseguiram largar, e muitos deles com passagens inexpressivas pela categoria, o último foi Gastón Mazzacane que disputou 21 GPs entre 2000 e 2001 e a partir daí, lá como cá, a mina secou, embora, sem pachequismo, e apesar de todas as dificuldades, as chances de o Brasil voltar a ter um piloto correndo regularmente na F1 é infinitamente maior do que um novo argentino aportar por lá.

Mas isso não apaga a grandeza do automobilismo dos nossos hermanos que apesar de não formar mais pilotos para a F1, é muito forte internamente com ótimos campeonatos de carros de turismo e bons pilotos, como Matías Rossi que compete paralelamente na Stock Car, aqui no Brasil, e disputou o título desse ano até a última corrida, terminando o campeonato em 4º, sendo o primeiro estrangeiro a vencer corridas e disputar o título da principal categoria do automobilismo brasileiro.

A Argentina que contabiliza 38 vitórias, 38 poles e cinco títulos mundiais na F1, sediou 20 Grandes Prêmios, quatro deles vencidos por Juan Manuel Fangio, pentacampeão mundial em 1951/54/55/56/57.

Em 51, o lendário piloto nascido em Balcarce, e falecido em 1995 aos 84 anos, foi campeão correndo pela Alfa Romeo; em 54 e 55 pela Mercedes, em 56 pela Ferrari, e em 57 pela Maserati. Fangio venceu 24 corridas e fez 29 poles numa época em que os campeonatos tinham em média 8 corridas por ano.

 Deixou marcas incríveis na F1. Dos 51 GPs que disputou entre 1950 e 1957, venceu 47,06%, e em 56,86% das vezes fez a pole position, se mantendo até hoje entre os 10 pilotos que mais fizeram poles na F1.

Na minha lista dos três maiores pilotos de todos os tempos da F1, Fangio sempre ocupou o primeiro lugar.

Viva a Argentina!   

Feliz Natal a todos