ACISSP/CDL

MÊS DAS MULHERES: A história e luta pelo acesso à educação

Ainda há muito a ser conquistado pelas mulheres. Apesar de movimentos expressivos como o empoderamento feminino ganharem cada vez mais espaço, a resistência se faz necessária.
Por: . | Categoria: Entretenimento | 11-03-2023 13:32 | 293
psicóloga Raíssa Bárbara Nunes Moraes Andrade
psicóloga Raíssa Bárbara Nunes Moraes Andrade Foto: Reprodução

Na série MARÇO, O MÊS MAIS FEMININO DO ANO homenagearemos ilustres figuras apresentando matérias durante todo esse mês. Iniciando com Raíssa Bárbara Nunes Moraes Andrade, psicóloga de formação com mestrado e doutorado em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela USP de Ribeirão Preto, nos dias de hoje atua como professora do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTIN) da UFLA Campus Paraíso.

Avaliar a trajetória do acesso das mulheres à educação é um convite para refletirmos. Durante anos em nosso país, elas simplesmente não podiam frequentar a escola. Seguindo os fatos históricos que nos norteiam, bem no começo do século XX, a educação feminina atendia exclusivamente às demandas domésticas.

Indagada sobre o porquê de ter escolhido ser professora, Raíssa explica que concluiu os ensinos médio e fundamental em escolas estaduais de São Sebastião do Paraíso e posteriormente foi para uma universidade pública, a USP, que preza muito pela pesquisa e pelo ensino de qualidade, esses valores foram fundamentais para o encanto pela docência logo no mestrado. ‘’Eu sou uma pessoa que acredita muito na educação pública, na educação de qualidade, na ciência e na pesquisa. O conhecimento empodera! Já que estamos falando de mulheres, eu acho que empoderamento feminino vem também através do conhecimento e ser professora é poder facilitar o acesso ao conhecimento para as pessoas’’, afirmou.

Cada vez mais as mulheres avançam por setores profissionais que, antes, eram majoritariamente masculinos. Para isso, superam cotidianamente todo tipo de adversidade. ‘’As mulheres tem dificuldade de acesso à educação básica e no ensino superior elas têm dificuldade de acesso e permanência em algumas profissões que são lidas como masculinas. Então é muito comum uma sala de enfermagem e uma sala de pedagogia terem várias mulheres e meninas, já numa sala de engenharia, por exemplo, não é o que ocorre. O preconceito existe’’.

No Brasil, as mulheres só conquistaram o direito de estudar além do ensino fundamental em 1827, a partir da Lei Geral, promulgada em 15 de outubro. ‘’Acredito que é necessário garantir acesso à educação e permanência estudantil. Então, pensando no meu campo, que é o Ensino Superior, devemos pensar em políticas públicas de inserção de todas as pessoas na universidade. Na UFLA, por exemplo, temos uma série de cotas para pessoas pardas, negras, pessoas com deficiência, amparo para pessoas de baixa renda, como auxílio moradia e alimentação. Então, mais do que garantir o acesso, uma das maiores dificuldades é a garantir a permanência.’’

Quando o assunto é discrepância salarial, isso não tem sido capaz de parar o avanço feminino nos vários setores profissionais, mesmo aqueles que são considerados uma seara masculina. ‘’A educação é uma arma pra gente lutar contra o machismo e nos posicionarmos de uma maneira diferente na sociedade. Buscamos salários equiparados ao dos homens, inserção e permanência nas universidades. A educação é transformadora pra qualquer pessoa, mas pra vida de uma mulher ela pode trazer a independência’’.

Tanto na Educação como no Empreendedorismo as mulheres desenvolvem habilidades como tomar decisões, ter iniciativa, autonomia e orientação inovadoras que são competências cada vez mais exigidas na formação profissional e valorizadas no mundo do trabalho. ‘’Eu pesquiso sobre competências para o empreendedorismo feminino. Sabemos que empreender já é desafiador e quando se fala de mulheres torna-se mais ainda. As mulheres muitas vezes lidam com dupla ou tripla jornada, encontram dificuldade em certas áreas de negócio que são lidas como masculinas, e algumas dificuldades práticas, por exemplo, o acesso a crédito pra mulheres empreendedoras. Tenho meu projeto de pesquisa que visa investigar quais são essas barreiras que encontramos ao empreender e quais competências ela precisa ter para identificar e tentar superar essas atribulações’’, ressaltou.

Para esse mês de visibilidade feminina, Raíssa deixa uma mensagem. ‘’Continuemos na luta! 8 de março é uma lembrança das nossas batalhas e conquistas. Então, estudem, pensem em vocês e não se diminuam, não achem que vocês são incapazes de qualquer coisa pelo por fato de serem mulheres. E por fim, vamos nos apoiar! Precisamos nos apoiar uma na outra pra que a consigamos reduzir o índice de violência e acabar com o machismo estrutural que nos permeia,’’ finalizou. (Assessoria de Imprensa ACISSP/CDL)