O mercado de carros usados anda aquecido em Minas Gerais. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), nos dois primeiros meses deste ano, foram vendidos mais de 200 mil automóveis no Estado, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo período de 2022.
Segundo a Fenauto, as vendas de veículos seminovos aumentaram 28,1% em Minas Gerais. A federação explica que este é um momento de recuperação do setor, que sofreu durante a pandemia de covid-19.
Como as montadoras deixaram de colocar veículos novos no mercado por falta de componentes, as pessoas parar de trocar de carro, diminuindo a oferta de semino-vos para as revendedoras. Ao mesmo tempo, a busca pelos usados nas lojas aumentou, fazendo com que eles ficassem mais caros. Esse fato afastou parte dos consumidores, uma vez que aquele período foi de grande insegurança financeira.
E o cenário parece se reproduzir em São Sebastião do Paraíso. Marcelo de Pádua Cosini, proprietário da Marcelo Veículos, confirma que as vendas dos seminovos nos primeiros meses de 2023 superaram as expectativas. Para ele, a oferta de veículos novos no mercado baixou os preços na Tabela FIPE, fato que beneficiou o comércio dos usados. “Isso foi muito bom para as pessoas voltarem a comprar carro (usado e seminovo). Foi por isso que as vendas voltaram a ficar boas em relação ao ano passado, quando os veículos estavam muito caros”.
Márcio Luiz Martins, responsável pela Merkato Veículos, explica que o aumento do preço do carro zero beneficiou as vendas dos usados. Apesar de não ter sentido tanta diferença nas vendas em relação a 2022, o empresário declara que não tem do que reclamar. “Os seminovos e usados têm vendido muito bem. Os ‘antiguinhos’ nunca param, pois são mais baratos e sempre têm público”.
Entretanto, nem tudo são flores no mercado de veículos seminovos e usados. De acordo com os dois empresários de Paraíso, as taxas de juros para o financiamento desses automóveis estão mais altas, dificultando a vida de quem precisa comprar um carro à prestação. “Hoje em dia, o financiamento é feito pelo CPF do cliente. Cada CPF tem uma taxa bancária. Aquele que que movimenta muito, usa o cartão de crédito, está pagando mais barato aquele que movimenta menos, pois o score dele é mais alto”, explica Marcelo Cosini. E o proprietário da Merkato complementa: “A taxa está alta para conter a inflação e isso atrapalha muito. A insegurança econômica, tanto no mercado interno quanto no externo, aumentou com o governo atual.”
Enílson Sales, presidente da Fenauto, destaca que o aumento de cerca de 30% nas vendas dos veículos seminovos e usados é “muito bom para um início de ano”. Ele afirma, ainda, que a tendência é que o movimento nas revendedoras seja ainda maior a partir do mês de julho. “Nós sabemos que sazonalmente o segundo semestre é muito melhor. Se a gente com esse cenário e esse desempenho, a gente recupera o 2022”.